GP Mónaco: Maldição de Leclerc dá liderança inédita a Verstappen

    A CORRIDA: JUVENTUDE FAZ APOSTAS CERTAS NA HISTÓRICA ROLETA DO MÓNACO

    Depois de muita indefinição acerca do estado da caixa de velocidades de Charles Leclerc após a emocionante “pole” conquistada pelo piloto da casa no principado do Mónaco, a Ferrari “apostou no vermelho” ao manter a caixa inalterada, o que confirmaria a “pole” para Leclerc. No entanto, a aposta da Scuderia foi infeliz e a corrida do jovem monegasco acabou mesmo antes de começar, após a equipa detectar um problema terminal no eixo de transmissão. Ainda sem conseguir terminar um GP do Mónaco na sua carreira de Fórmula 1, e naquela que foi talvez a maior história desta prova, a maldição de Leclerc continua.

    Max Verstappen (Red Bull) assumia, então, a frente da grelha na ausência de Leclerc e defendia a liderança na partida, fechando a porta a Valtteri Bottas (Mercedes) no tão decisivo “sprint” para a primeira curva. Boa partida para Fernando Alonso no Alpine, a subir de 17.º para 14.º, e para Lance Stroll (Aston Martin), que começando a corrida nos pneus duros e ganhando uma posição a Daniel Ricciardo (McLaren), apostava num primeiro “stint” longo que o trouxesse para a dianteira na segunda metade da corrida, tipicamente de uma paragem apenas.

    No traçado mais estreito e curto do calendário da Fórmula 1, o início de corrida acabou por ser de bastante menor frenesim que as provas anteriores e, ao virar da volta 10, Verstappen seguia relativamente confortável na frente, mais de um segundo à frente de Bottas, com Sainz a fechar o pódio. Lando Norris (McLaren), logo atrás do espanhol e aos comandos da máquina com pintura clássica da Gulf, era nesta altura o mais rápido em pista.

    Sem grandes alterações de posições a reportar com um terço da corrida completada, os dois Haas viam as suas primeiras bandeiras azuis e o campeão do mundo, Lewis Hamilton (Mercedes), ia passando despercebido, rodando em sexto lugar atrás de Pierre Gasly (AlphaTauri) e à frente de Sebastian Vettel (Aston Martin). As primeiras paragens acontecem ao fim da volta 29, com Hamilton, Gasly e Sergio Pérez (Red Bull) a parar para pneus novos, e muitos outros pilotos também a descer às boxes na volta seguinte.

    Um desses pilotos, Valtteri Bottas, vê a sua corrida arruinada nas boxes, por culpa de um problema com a pistola de remoção de pneus e a jante do pneu dianteiro direito. Abandono para o finlandês e péssimas notícias para a Mercedes, que ao mesmo tempo via Vettel passar para a frente de Hamilton após o alemão estender o seu primeiro “stint” em “ar limpo” e parar mais tarde que o britânico.

    O grande vencedor do período de paragem nas boxes acabaria mesmo por ser a Red Bull, que via Pérez subir ao quarto posto à frente do grupo comandado por Vettel. Todos os pilotos pareciam, ao início da segunda metade da corrida, ter colocados os conjuntos de pneus que os levariam até à bandeira de xadrez.

    No traçado curto e de muitas voltas do Mónaco, as fraquezas estratégicas ou de performance de uns eram expostas de forma muito evidente pelas forças de outros, com o melhor exemplo disso a ser a ultrapassagem de Norris a Ricciardo na volta 55, que deixava o australiano uma volta atrás do colega de equipa.

    Na mesma situação se encontravam Gasly e Yuki Tsunoda (AlphaTauri), com o francês a rodar num muito positivo sexto lugar enquanto o “rookie” japonês, em estreia absoluta no principado, seguia em 14.º, ainda com os pneus em que começara e apenas à frente dos dois Williams e dos dois Haas, os últimos já a caminho da terceira volta de atraso em relação ao líder.

    Com pista livre atrás de si, nova paragem para Hamilton à volta 69 para pneus macios, na tentativa de conquistar um ponto extra para a volta mais rápida e trazer alguma motivação extra à sua corrida solitária no sétimo posto. Objectivo conseguido logo na volta seguinte após a paragem, ainda assim insuficiente para negar a liderança inédita do campeonato a Max Verstappen, que foi o primeiro a ver a bandeira de xadrez agitada pela tenista Serena Williams, o último a subir ao pódio encabeçado pelo Príncipe Alberto e o 64.º piloto a liderar o campeonato de pilotos na história da Fórmula 1.

    O resultado deixa então o jovem holandês em primeiro com 105 pontos, seguido por Hamilton com 101 e outro piloto em grande forma neste início de época, Norris, com 56. Nos construtores, a Red Bull assume também a dianteira por troca com a Mercedes, a diferença cifrada agora num ponto apenas. Contas fechadas, com novo líder nas duas frentes, o “circo” da Fórmula 1 seguirá caminho para outro circuito citadino. O Grande Prémio do Azerbaijão, em Baku, está agendado para o dia 6 de Junho.

    Foto de Capa: Formula 1

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    Carlos Eduardo Lopes
    Carlos Eduardo Lopeshttp://www.bolanarede.pt
    Concluída a licenciatura em Comunicação Social, o Carlos mudou-se para Londres em 2013, onde reside e trabalha desde então. Com um pai ex-piloto de ralis e um irmão no campeonato nacional de karts, o rumo profissional do Carlos foi também ele desaguar nas "águas rápidas" da Formula One Management, onde trabalhou cinco anos. Hoje é designer numa empresa de videojogos, mas ainda não consegue perder uma corrida (seja em quatro ou duas rodas).