Podia a Mercedes ter feito algo diferente no México? | Fórmula 1

modalidades cabeçalho

Max Verstappen venceu um Grande Prémio pela 14.ª vez em 20 tentativas no último domingo, no México. O neerlandês tem estado intocável, só que, desta vez, ao contrário do que tem sido habitual esta temporada, quem o poderia incomodar era a Mercedes, e não a Ferrari.

A equipa germânica chegava ao antepenúltimo Grande Prémio da temporada mais confiante, com a altitude do México a reduzir o seu défice de velocidade em linha reta. Ainda assim, Verstappen conseguiu a pole position, com três décimos de vantagem sobre George Russell (que cometeu um erro na última volta de qualificação) e Lewis Hamilton (que viu a primeira volta apagada por exceder limites de pista e teve de ser necessariamente mais cauteloso na segunda). Sergio Pérez qualificou-se em quarto, com os Ferrari em quinto e sétimo, sem terem depois o ritmo de Red Bull e Mercedes na corrida.

Para o arranque, Red Bull e Mercedes apostaram em pneus diferentes (macios para os campeões de construtores, médios para os flechas de prata). No arranque, Hamilton foi bastante agressivo nas primeiras curvas, sabendo que seria importante ser o primeiro Mercedes em pista para ter prioridade na estratégia. Russell perdeu também para Pérez, e, apesar de acompanhar o ritmo dos da frente no primeiro stint, isso acabou por lhe custar.

A Red Bull agiu primeiro nas boxes, com uma paragem lenta de Sergio Pérez a custar-lhe um pouco, e Verstappen a parar pouco depois (ambos trocaram os pneus macios por médios). Isso deixou a Mercedes com uma escolha por fazer. Sobretudo com Hamilton, iriam optar por reagir à tentativa de undercut de Pérez e parar rapidamente? Ou iriam prolongar o stint, aceitar a perda de posição para depois fazerem um último stint ao ataque? É aqui que eu começo a ter as minhas dúvidas, embora compreenda a decisão.

É difícil imaginar que, mesmo com o melhor funcionamento dos pneus macios em comparação com os duros, Hamilton chegasse a Verstappen com tempo para o atacar e tentar a vitória, ainda para mais, sacrificando a posição em pista. Se a opção fosse a de parar mais tarde e meter macios, seria de esperar que Pérez fosse um obstáculo difícil de ultrapassar para Hamilton. Por isso, apesar do pneu duro não ser um pneu rápido, entende-se o que a Mercedes fez com o sete vezes campeão do mundo, embora tenha retirado bastante emoção à corrida.

Mas fiquei surpreendido quando Russell parou e utilizou exatamente a mesma estratégia do colega de equipa. Passando para o quarto lugar no final da primeira volta, e sempre com uma margem altamente confortável para quem vinha atrás, a Mercedes não perdia nada em colocar Russell numa estratégia alternativa, que se revelou bem-sucedida com Daniel Ricciardo, por exemplo. O australiano também começou com pneus médios no McLaren, fazendo um último stint com ritmo bastante rápido de macios, ultrapassando inclusivamente os dez segundos de penalização depois do incidente com Yuki Tsunoda para terminar como o melhor do resto (à frente de carros que também fizeram o último stint de pneus duros). Acredito que, com a tal estratégia alternativa para Russell, a Mercedes acabaria com os seus dois pilotos no pódio.

Tudo isto não retira qualquer tipo de mérito a Verstappen. O campeão do Mundo só não ganhou seis corridas este ano, e em praticamente todas essas provas teve algum problema que impediu um resultado melhor. O piloto da Red Bull é favorito para ganhar no Brasil e em Abu Dhabi, com a Red Bull a ter um carro muito superior à concorrência neste momento. Mas a concorrência também tem falhado em maximizar os resultados, muitas vezes do ponto de vista estratégico, e acho que esse foi o caso no México com a Mercedes.

Foto de Capa: Mercedes AMG-F1 

Bernardo Figueiredo
Bernardo Figueiredohttp://www.bolanarede.pt
O Bernardo é licenciado em Comunicação Social (jornalismo) na Universidade Católica de Lisboa e está a terminar uma pós-graduação em Comunicação no Futebol Profissional, no Porto. Acompanha futebol atentamente desde 2010, Fórmula 1 desde 2018 e também gosta de seguir ténis de vez em quando. Pretende seguir jornalismo desportivo e considera o Bola na Rede um bom projeto para aliar a escrita ao acompanhamento dos desportos que mais gosta.

Subscreve!

Artigos Populares

José Mourinho já está no Seixal para ser oficializado como treinador do Benfica

José Mourinho já está no centro de estágios do Seixal. O técnico português foi recebido por Mário Branco, diretor-geral do Benfica.

Luís Enrique com nova estratégia que pode influenciar o futebol do futuro

Luís Enrique, treinador de 55 anos, experimentou uma abordagem nova no futebol durante a primeira parte do último jogo do PSG.

FIFA vai pagar clubes que cedam jogadores para a qualificação para o Mundial

A FIFA vai estender as compensações aos clubes que libertarem jogadores para os jogos de qualificação do Mundial de 2026, incluindo aqueles que não chegarem à fase final.

Francesco Farioli critica adiamento do Arouca x FC Porto: «Vai criar problemas»

Francesco Farioli criticou o adiamento do Arouca x FC Porto na Primeira Liga. Técnico italiano mostra-se ao lado dos dragões.

PUB

Mais Artigos Populares

Francesco Farioli elogia José Mourinho: «É uma referência para o futebol português, para muitos treinadores e para mim»

Francesco Farioli anteviu o Rio Ave x FC Porto para a sexta jornada da Primeira Liga. Dragões deslocam-se a Vila do Conde.

Manuel Neuer quebra dois recordes numa noite

Manuel Neuer torna-se o mais velho da história do Bayern Munich a jogar na Champions League e chega as 100 vitórias na competição.

Ex-Tottenham critica Ruben Amorim: «Está a ser arrogante e preso aos seus métodos»

Jamie O’Hara criticou duramente Ruben Amorim, acusando-o de ser inflexível no seu método e de não adaptar o sistema tático no Manchester United.