Quase no Dakar (ou pelo menos na prova com este nome)

    cab desportos motorizados

    Janeiro é mês de Dakar, talvez a prova mais mítica do mundo desportivo automóvel. Quem já acompanha o site desde o ano passado sabe que para mim a prova perdeu muito do seu encanto e até da sua parte mítica. Percorrer o deserto do Saara, como aconteceu até 2007, era a essência da prova e o que a fez ser legendária. Os possíveis ataques terroristas, que foram ameaçados antes do seu início em 2008, fizeram com que a partida da prova de Lisboa tivesse de ser cancelada. A partir daí, como sabem, a prova mudou-se para a América do Sul, com a Argentina e o Chile a acolherem-na, tendo o Peru recebido também em 2012 e 2013, e a Bolívia a entrar em 2014 e neste ano.

    A prova perdeu muito com esta mudança a nível histórico e cultural, mas a nível competitivo penso que não pode falar-se em perda. Não vou mentir que tenho algumas dificuldades em entender a continuação da prova com o nome Dakar, pois perdeu todo o significado que tinha. Para compensar esta troca e para provar que não existe real perigo em fazer a prova em África, realiza-se a África Eco Race desde 2009. A prova não tem tido muito sucesso a nível de captação de nomes sonantes, mas a “nossa” Elisabete Jacinto, na categoria dos camiões, e o antigo campeão do mundo Jean-Louis Schlesser são dois dos nomes fiéis e mais conhecidos de todos nós que participam nesta prova que recria o Dakar original.

    A edição de 2015 do Dakar começa já dia 4 e tem como grande atração o regresso da Peugeot. Grande dominadora entre 1987 e 1990, a marca do leão regressa com o 2008 DKR, que promete fazer frente à MINI, vencedora das três últimas edições. Para mim, o vencedor será entre estas duas marcas mas, como os franceses estão a estrear-se, a minha aposta irá para algum piloto da MINI, em especial destaque Nani Roma – vencedor de 2014 – e Nasser Al-Attiyah. Mas a marca do leão conta com Stephane Peterhansel, Carlos Sainz e Cyril Despres, todos ex-vencedores da prova, sendo o primeiro o recordista e o último cinco vezes vencedor das motos. Com estes dados todos, acredito que a luta será animada, mas a experiência da MINI nestas andanças penso que vai ser determinante para a vitória.

    Nas motas a luta será igualmente muito animada. Com a KTM a ganhar desde 2001, Marc Coma – atual vencedor – é o grande favorito, mas a concorrência é forte. Joan Barreda é talvez a principal concorrência, depois das cinco vitórias em etapa do ano passado. É aqui que Portugal volta a ter mais hipóteses com o trio do costume: Hélder Rodrigues, Paulo Gonçalves e Ruben Faria, que correrão com os números 5, 7 e 11, respetivamente, e que estarão aos comandos da Honda oficial, no caso dos dois primeiros, e da KTM oficial, no caso de Ruben. Uma luta pela vitória que se espera animada mas que não me parece que calhe a um português.

    É precisamente com os portugueses que vou terminar mais este artigo. Uma vez que comecei nos carros, é nesta categoria que vou começar também aqui. Carlos Sousa é o grande nome português na categoria. Com o número 306 na porta do seu Mitsubishi, o piloto já disse que pretende ficar nos sete primeiros. A sua experiência e um carro muito melhor que o das últimas edições fazem acreditar em mais um bom resultado. Ricardo Leal dos Santos (nº 360) regressa ao Dakar com uma Nissan e tem como objetivo um bom resultado entre os carros a gasolina. Para terminar os portugueses em carros, temos três navegadores, Paulo Fiuza com Carlos Sousa, Filipe Palmeiro (nº 319) continua com a Mini, desta vez com o chileno Boris Garafulic, e Vitor Jesus (nº 341) fará dupla com o argentino Nazareno Lopez, num Toyota.

    Nas motos, além dos três nomes temos ainda Mário Patrão (nº 40) com menos hipóteses que os restantes; um lugar no top20 é o objetivo, algo que me parece excessivo, mas espero que não tenha razão.
    Para finalizar, existem ainda mais três portugueses nos camiões. Pedro Velosa (nº 518), num Iveco, Armando Loureiro (nº 551), ao volante de um Renault, e José Martins (nº 556), também num Renault, vão tentar chegar ao fim, não tendo grandes hipóteses de lutar pela vitória na categoria.

     

    Foto de Capa: @Chile_Satelital

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    Rodrigo Fernandes
    Rodrigo Fernandeshttp://www.bolanarede.pt
    O Rodrigo adora desporto desde que se lembra de ser gente. Do Futebol às modalidades ditas amadoras são poucos os desportos de que não gosta. Ele escreve principalmente sobre modalidades, por considerar que merecem ter mais voz. Os Jogos Olímpicos, por ele, eram todos os anos.                                                                                                                                                 O Rodrigo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.