A CRÓNICA: UM DÉRBI QUE, SÓ DE VER, CANSOU…
Este jogo veio confirmar o que todos aqueles que acompanham esta modalidade já sabem. De facto este dérbi lisboeta em futsal é mesmo dos melhores do mundo. Competitividade, intensidade e qualidade. Tudo dentro das quatro linhas com duas grandes equipas a garantirem duas coisas neste início de tarde: golos e, sobretudo, espetáculo.
O marcador mexe logo aos dois minutos. Através de um lance de bola corrida, Tayebi marca o primeiro da tarde. Cavinato ainda tenta impedir, mas sem sucesso. Os encarnados não podiam pedir melhor começo depois de terem perdido o primeiro jogo deste play-off frente aos leões. Mas de facto a competência e irreverência da equipa de Nuno Dias não permitiu grandes festas. Nem passados dois minutos de ter assinalado a vantagem no marcador, eis que o Sporting empata a partida aos 4′ por Taynan. Um grande trabalho do jogador com Erick Mendonça na zona central do campo, alienado a alguma deficiência defensiva das águias.
Estava feito o empate, mas, alerta spoiler: ainda havia muitas contas para fazer. Aos cinco minutos de jogo, o Sporting faz a reviravolta por intermédio de Pany Varela. Um erro dos encarnados na saída de bola, em que Zicky aproveita e assiste de forma exímia para o 1-2. Destaque para a pressão alta do Sporting. Aliás, assim como nos tem habituado, que obrigou ao erro do adversário.
Já estão cansados só de ler esta crónica e só vamos a cinco minutos de jogo? É compreensível. Houve pano para mangas. Um duelo sem duvida mais acelerado do que o primeiro e com muito para contar. E, por isso, aqui vai o resto da história: aos 10 minutos, Pauleta marca o 1-3 para o Sporting. Três tentos dos leões, dois deles quase “de borla”. Desta vez, foi Roncaglio que com uma saída disparatada da baliza, acaba por comprometer a equipa. Para quem não viu, pode ser difícil de acreditar, mas depois de um minuto, há novamente lance de golo.
Um grande trabalho de Robinho reduz a desvantagem para o clube da Luz. 2-3 no marcador com um Benfica a reagir bem aos dois golos leoninos e a tentar responder desde cedo. Numa dessas investidas, é assinalada mão na bola de Tomás Paçó dentro da área. Como é habitual, Gonçalo Portugal entra para tentar defender, mas Tayebi complica-lhe a vida aos 15 minutos ao marcar a grande penalidade para o 3-3. Um resultado que iria manter-se até ao regresso aos balneários.
À entrada da segunda parte, o Sporting mostra máxima eficiência em lances de bola parada. Marca primeiro, aos 23′, Taynan depois de um livre cobrado por Merlim. Passado três minutos, o jogador casaque fatura de novo na cobrança de um livre direto que acaba por surpreender Roncaglio. Taynan faz assim o hat-trick e o Sporting dilata a vantagem para dois golos através de dois livres.
Esta seria a segunda vez que o Sporting se mostrava em vantagem de dois golos e, pelas duas vezes, os leões não conseguiram mantê-la. Mérito para os encarnados que num jogo de pormenores, conseguiram ser bem mais eficientes este domingo do que no jogo da passada quinta-feira.
Aos 31 minutos de jogo, Robinho dá início a um grande lance com a descoberta de uma linha de passe para Arthur que, no seguimento da jogada, acaba por marcar o 4-5. Três minutos depois, volta a festejar-se no pavilhão da Luz. Jacaré aparece no meio da defesa leonina e, mesmo em cima da baliza, consegue dar um final feliz ao passe de Rafael Henmi. Mais dois golos “de rajada” e de novo tudo empatado no marcador! O dérbi viria a ser mesmo decidido no prolongamento.
O Benfica, estando em desvantagem no marcador, aposta no 5×4 com Tiago Brito a fazer de guarda-redes avançado. Jogador esse que marca o primeiro golo que serve de carimbo para a vitória das águias neste segundo jogo. Depois do 6-5, é a vez do Sporting apostar as fichas todas e colocar Merlim como guarda-redes avançado.
O próprio Merlim consegue criar muito perigo com uma bola ao poste, mas é mesmo o Benfica que cela o resultado com o 7-5. Fábio Cecílio materializa um lance muito bem trabalhado por parte dos encarnados que garantiu a vantagem de dois golos e, consequentemente, a vitória neste segundo duelo do play-off. Tudo empatado na eliminatória, sendo que na próxima quinta há mais. E tragam as pipocas porque, pelo que se viu esta tarde, os próximos duelos destes eternos rivais prometem!
A FIGURA
“Um jogo espetáculo” – Não me canso de dizer isto. O nível competitivo de um jogo como este está mesmo ao nível de poucos. É até difícil de eleger um melhor e um pior jogador em campo. Destaco sobretudo o coletivo de ambas as equipas que colocaram para segundo plano as individualidades. Ainda assim, nota positiva para atletas como Taynan, Pany Varela, Robinho e Arthur que, na minha opinião, se destacaram esta tarde.
O FORA DE JOGO
Incapacidade do Sporting de gerir a vantagem de dois golos – Viu-se em vantagem de dois golos por duas vezes na partida e em ambas deixou que o Benfica igualasse as contas. Mais do que a primeira vez, depois do 5-3 o Sporting baixou as suas linhas e a intensidade de jogo. Isso fez com que o Benfica nunca sentisse que o jogo estivesse sentenciado e nunca desistisse de contrariar a desvantagem pela segunda vez neste dérbi.
ANÁLISE TÁTICA – SL BENFICA
Sem dúvida que este segundo jogo, o Benfica veio determinado a assumir as despesas do jogo face à desvantagem na eliminatória. Na verdade só não o fez porque pela frente tinha o atual detentor do título europeu com argumentos inegáveis.
Inicialmente, e apesar de ter entrado a marcar, o Benfica mostrou mais dificuldades de construção na primeira fase do jogo. Um problema que foi-se dissipando ao longo do tempo neste dérbi. Os encarnados começaram a tentar criar mais depois de sofrerem o terceiro golo.
A certa altura, a dinâmica das águias mostrava-se mais eficientes, sobretudo nas alas. O conjunto usou a largura e a profundidade a seu favor. Foi, sem dúvida, um Benfica que se mostrou também melhor na bola corrida do que na passada quinta-feira. Outro ponto que, a meu ver, também é de destaque neste jogo é a forma como o conjunto se organizou, quer com guarda-redes subido, quer em ataque organizado.
5 INICIAL E PONTUAÇÕES
Roncaglio (5)
Nilson Miguel (6)
Robinho (8)
Chishkala (5)
Tayebi (7)
SUBS UTILIZADOS
Jacaré (7)
Tiago Brito (6)
Henmi (5)
Fábio Cecílio (5)
Silvestre Ferreira (5)
Arthur (8)
ANÁLISE TÁTICA – SPORTING CP
Ambas as equipas procuraram jogar nos 40 metros, com o coletivo e não na aposta do 1×1. Para além da largura, as transições rápidas por parte do Benfica obrigaram a ajustes defensivos mais imediatos por parte dos de verde e branco. As ajudas defensivas foram, por isso, mais do que as habituais. Principalmente pelo adversário que os leões tinham pela frente.
O Sporting foi um coletivo coeso que, a par do Benfica, procurou a largura e a profundidade. Foi um jogo intenso e rápido, mas que, ainda assim, ambas as equipas tentavam ir mantendo o controlo. Coisa que, a meu ver, o Sporting falhou um pouco nos momentos em que se viu em vantagem no marcador.
Depois do 3-5, o Sporting baixou as linhas e esse momento coincidiu ainda com a saída de Taynan, que estava a ser um dos mais interventivos no duelo. Não só pelo hat-trick, mas também por aquilo que estava a dar ao jogo. Durante o prolongamento, o Sporting teve alguma dificuldade em criar desequilíbrios.
5 INICIAL E PONTUAÇÕES
Guitta (6)
João Matos (6)
Cavinato (4)
Alex Merlim (6)
Rocha (5)
SUBS UTILIZADOS
Erick (6)
Pany Varela (8)
Pauleta (6)
Taynan (8)
Tomás Paçó (5)
Gonçalo Portugal (-)
Zicky Té (6)