BnR: Falando agora um pouco do futsal feminino, que está também ele a atravessar um período de grande evolução em Portugal, aliás a nossa Seleção é uma referência na modalidade…
JLM: É outra situação gira, a recriação da Seleção Nacional feminina também aconteceu de um forma muito rápida. A Espanha organizou o 1º torneio mundial e nós acabamos por participar à última da hora devido à desistência da Ucrânia. Resultado? Eliminamos a Espanha nas meias finais e perdemos na final com o Brasil, alias todos os torneios mundiais realizados até agora foram ganhos pela Brasil, é um caso á parte. A nossa seleção A feminina sempre foi uma seleção de top que se equivale ás seleções de Espanha e Rússia, o Brasil acho que está num patamar ligeiramente superior, mas estas três estão bastante próximas. As nossas jogadoras têm vindo a ter uma evolução positiva. A criação do campeonato nacional feminino de futsal veio ajudar no crescimento das nossas jovens. A criação da seleção sub-18 feminina que, também vai disputar o apuramento para os Jogos Olímpicos da Juventude, é mais um espaço de excelência que as ajudará no desenvolvimento das qualidades e no crescimento enquanto jogadoras de Futsal.
BnR: Já no distrito de Castelo Branco essa tendência não tem sido acompanhada, com a associação de futebol de Castelo Branco a encontrar muitas dificuldades para arranjar equipas…
JLM: Eu sou do tempo em que havia dez equipas a disputar o campeonato distrital feminino de futsal, na altura era quase um caso único no país inteiro, excetuando Lisboa e Porto, era dos distritos com mais equipas, onde se obtiveram excelentes resultados, quer a nível da seleção distrital quer a nível de clube, nomeadamente o Estrela do Zêzere da Boidobra. Algumas dessas miúdas, agora mulheres, ainda continuam a jogar. Infelizmente tem havido dificuldades no surgimento de novas equipas, a realidade que vivemos hoje é bastante diferente de há alguns anos atrás. Existe uma oferta vasta em muitas áreas que não o desporto e talvez isso seja um fator limitativo de aparecimento de mais jovens a praticar a modalidade. Já no que ao masculino diz respeito e nomeadamente na formação acho que os campeonatos estão com um número aceitável de participantes.
BnR: Não acha que por exemplo na Covilhã, a Universidade da Beira Interior (UBI) em parceria com o GD Mata tem apostado bastante no futsal masculino, se poderia procurar apostar também no futsal feminino?
JLM: Já teve! A UBI sempre teve no feminino equipas com bastante qualidade nos campeonatos Universitários. Há jogadoras que são agora internacionais (Universitárias e Absolutas) que fizeram a sua formação Académica na UBI como é o caso da Cátia Morgado. É uma questão que os próprios dirigentes poderão responder, mas por aquilo que me vou apercebendo a preocupação passa pela formação no género masculino. Nem sempre se consegue chegar a todo o lado e os passos terão que ser seguros.
BnR: Finalizamos então esta entrevista, pergunto-lhe se acha que vai voltar a treinar uma equipa num futuro próximo ou prefere manter-se pela federação mais alguns anos? Gosta do que faz ou prefere o contacto do dia-a-dia com os jogadores e treino?
JLM: Olhe, quando fui para a Federação era tudo muito diferente, só existia Seleção A e é óbvio que sentia falta do treino do dia a dia. Neste momento já temos muitas seleções, e o trabalho, o treino, aumentou de uma forma considerável, principalmente com a criação das seleções jovens. O contrato do selecionador nacional e por conseguinte dos elementos da equipa técnica termina no fim desta época desportiva. Cabe à direção da FPF decidir ou não pela continuidade. Pessoalmente é um orgulho enorme representar o nosso país, ouvir o hino é uma sensação indiscritível e considero-me um privilegiado. Por tudo isto é óbvio que gostaria de continuar a representar a FPF. Adoro aquilo que faço e pretendo ser treinador e estar ligado ao treino por mais alguns anos.
Foto de Capa: Bola na Rede