«O campeonato português é de longe o campeonato mais competitivo do Mundo» – Entrevista BnR com Diogo Neves

    Opinião acerca do Hóquei português

    BnR: Dado que já participaste na principal divisão, acreditas que o nosso campeonato está ao nível dos melhores da Europa (Espanha e Itália), em termos de competitividade e notoriedade?

    DN: Na minha opinião, o campeonato português é, de longe, o campeonato mais competitivo do Mundo e o do ano passado foi um dos melhores que já vi, e no qual tive a oportunidade de participar. Jogos muito disputados em todas as jornadas e equipas muito equilibradas em todos os aspetos. Acredito mesmo que temos o melhor campeonato do Mundo.

    BnR: A nossa seleção venceu há uns meses o Mundial em Espanha, que estava a escapar desde 2001. O que achas que pode estar na causa de Portugal ter ficado tanto tempo sem “conquistar o Mundo”? Pensas que esta vitória poderá ser uma rotina num curto-médio prazo, isto é, estarmos sempre a vencer Mundiais?

    DN: Acho que o que faltou, e ainda falta, em Portugal é um maior profissionalismo em todos os clubes ou em grande parte deles. Existem clubes muito profissionais e outros que, podendo sê-lo também, não o são, o que muitas vezes leva ao insucesso de grandes ideias e equipas. Penso também que poderemos vencer Mundiais com maior regularidade e manter o nome do nosso país bem elevado na modalidade, mas é necessário que se lute por isso e que as estruturas e os jogadores sejam cada vez mais ambiciosos e queiram ser melhores todos os dias.

    Diogo acredita que a seleção portuguesa pode vencer mais títulos no futuro
    Fonte: Arquivo pessoal do entrevistado

    BnR: Numa altura em que se fala sistematicamente em igualdade de géneros, ainda existe pouco reconhecimento do trabalho que é desenvolvido no Hóquei feminino português. O que achas que poder ser feito para se mudar esta realidade negativa?

    DN: Penso que essa é uma realidade existente no mundo inteiro e não só no nosso país. A realidade do desporto feminino está muito longe da do masculino, algo que acontece não pela falta de qualidade das jogadoras, mas sim por falta de cultura e reconhecimento do trabalho desenvolvido. A verdade é que, no Hóquei feminino, os jogos são bem disputados e sempre leais, e acho que será uma agradável surpresa ver um jogo do campeonato feminino para qualquer pessoa que nunca teve oportunidade de ver.

    BnR: Apesar de já serem notórias algumas boas instalações existentes em Portugal para a prática do Hóquei, o Futebol continua a manter a preferência entre o público português. Tens alguma esperança que no futuro se assista a um aumento do número de pessoas a ter o Hóquei como desporto favorito e praticado?

    DN: A minha esperança é que o Hóquei possa evoluir o máximo e que todos o desfrutem como em tempos passados. Há alguns anos atrás, lembro-me de ver pavilhões cheios todas as jornadas e não só quando os “Grandes” visitavam o clube. Essa é uma realidade que não me agrada, mas sinto que está a melhorar. O Futebol terá sempre uma maior expressão, também devido a todos os milhões que gera, mas acredito que possa existir espaço para outra modalidade de renome no nosso país. Esperemos que esta recente conquista do Mundial e todo o eco existente nos nossos media possam ser os acontecimentos que iniciem esse processo de crescimento e de reafirmação da minha modalidade em Portugal, modalidade essa que já trouxe para o nosso país muitos títulos europeus e mundiais!

    Foto de Capa: Arquivo Pessoal de Diogo Neves

    Artigo revisto por Joana Mendes

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    Guilherme Costa
    Guilherme Costahttp://www.bolanarede.pt
    O Guilherme é licenciado em Gestão. É um amante de qualquer modalidade desportiva, embora seja o futebol que o faz vibrar mais intensamente. Gosta bastante de rir e de fazer rir as pessoas que o rodeiam, daí acompanhar com bastante regularidade tudo o que envolve o humor.                                                                                                                                                 O Guilherme escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.