7.30h da manhã e eu já não aguentava estar na cama: era o meu primeiro dia de surf. Foi há cinco anos atrás, mas parece que foi ontem. Lembro-me daquele nervosinho, mas, ao mesmo tempo, de um frenesim que me fez levantar tão cedo. Já só tinha de esperar mais quatro horas para pôr finalmente o pezinho dentro de água, mas a inquietação era tanta que acabei por acordar a minha mãe para me preparar o almoço e levar logo para a praia… Como é óbvio, a minha mãe virou-se para o outro lado e continuou a dormir.
Finalmente, finalmente: dez e meia. Tinha acabado de chegar à praia e o mar estava “flat“, mas estava tão desesperado por ir surfar que nem sequer me importei que as ondas tivessem 30 cm…vá, 35. Vesti o fato e, como eu era tão magro, com 14 anos tinha de vestir o tamanho 12; parecia um esqueleto dentro de uma veste preta, que me ficava, ainda assim, um pouco larga. Só faltava a prancha e, como o mar estava muito pequeno, tive de levar uma prancha com quase o dobro da minha altura (há 5 anos). E, assim, lá fui eu pela areia, arrastando aquele monstruoso pedaço de plástico com espuma por dentro e com aquele fato todo ressequido que fazia com que quase não me mexesse… Mas aquele cheiro a maresia, o calor que se fazia sentir dentro do fato de surf, o ambiente entre amigos e principalmente aquela sensação de “dropar” a onda fizeram com que nunca mais deixasse de praticar este magnífico desporto.
Deixando agora de falar da minha experiência e virando-me para o mundo profissional de surf, acabou na passada sexta-feira o Quiksilver Pro France, 8ª etapa do circuito mundial de surf.
Filipe Toledo (nº 15 no ranking ASP), o jovem brasileiro de apenas 18 anos, destacou-se por ter derrotado o 11x campeão mundial, Kelly Slater (Nº 2 no ranking ASP), de 41 anos, nos quartos-de-final da prova e por ter dado um verdadeiro “show” de aéreos durante toda a competição, deixando todo o publico na praia atónito.
Mas o principal destaque vai mesmo para o Mick Fanning (nº 1 no ranking ASP), que venceu a final com um total de 16.66 em 20 pontos possíveis. O surfista australiano de 32 anos continua no topo da tabela, querendo repetir a proeza de se tornar campeão mundial como aconteceu em 2007 e 2009.
Gabriel Medina (nº 14 no ranking ASP), muito idolatrado pelo público, saiu vencido da final mas, ainda assim, acabou a bateria com um total de 15.00 pontos em 20 possíveis.
Esta semana realiza-se o Rip Curl Pro Portugal, 9ª e penúltima etapa do circuito, e que promete muita ação entre o top 34 mundial.
Esta etapa é, para muitos surfistas, a melhor da Europa, devido à consistência e perfeição a que a onda de super tubos nos tem habituado desde que Portugal recebeu pela primeira vez uma etapa do World Tour Championship.
A não perder entre 9 e 20 de Outubro.