ATP Finals: Há coisas que não mudam!

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    Era pelo terceiro ano consecutivo que a cidade italiana de Turim acolhia a quarta prova mais importante do calendário tenístico a nível mundial no que à vertente masculina diz respeito, o ATP Finals. O Pala Alpitour recinto que entre outros eventos à escala planetária havia servido de palco aos Jogos Olímpicos de Inverno de 2006 bem como acolhera o festival da Eurovisão no ano de 2022, recebia agora os oito tenistas mais regulares da temporada.

    Dois deles marcavam presença pela primeira vez  nesta competição, também designada como “O Torneio dos Mestres” que passou por Portugal no longínquo ano de 2000 e que em pleno Pavilhão Atlântico coroou o brasileiro Gustavo Kuerten como vencedor e futuro número um mundial.

    O espanhol Carlos Alcaraz que possuía ranking que lhe permitia estriar-se no ano anterior, onde atuaria como primeiro pré-designado e ostentando o epíteto de melhor tenista mundial, a verdade é que devido a lesão apenas na presente edição experimentaria a sensação de jogar este prestigiado evento de final de época. Também o jovem dinamarquês Holger Rune, que tal como o murciano se estriava com apenas 20 anos conseguia estabelecer um novo marco histórico para o ténis deste país sendo o primeiro homem a apurar-se para o evento. De referir que a prova decorreria sob condições bem rápidas, sendo um torneio disputado em piso coberto indoor, unanimemente considerado como o evento com as condições mais velozes do calendário.

    Fase de grupos marcada pelo espetáculo  e pela incerteza

    Contrariamente aos demais eventos do circuito ATP, as ATP Finals possuem particularidades bastante sui generis, sendo a mais evidente o facto dos tenistas estarem divididos por grupos verde e vermelho, com os dois primeiros de cada um deles a garantir lugar nas meias finais. Em caso de igualdade pontual seria a percentagem de sets e jogos a decidir a passagem. Desta forma o grupo vermelho teve como protagonistas :Carlos Alcaraz , Danil Medvedev‎, Alexander Zverev e Andrey Rublev, ao passo que no grupo verde figuravam: Stefanos Tsitsipas, Novack Djokovic, Jannik Sinner e Holger Rune, com Hubert Hurkacz e Taylor Fritz a serem respetivamente  suplentes.

    Mesmo longe de impressionar Alcaraz acabou por avançar

    Com bastantes dúvidas quanto ao nível que pudesse apresentar no certame, visto desde Wimbledon não ter amealhado qualquer título, Carlos Alcaraz chegava como uma verdadeira incógnita à derradeira prova ATP da época. Dúvidas essas provocadas por uma “queda” à primeira na cidade luz  que se adensavam ainda mais após a derrota no primeiro turno face a Alexander Zverev num encontro onde se comprovou algumas dificuldades de adaptação do jovem espanhol a estas condições de jogo, percebendo-se ainda alguma falta de  ritmo e confiança do pupilo de Juan Carlos Ferrero. Mesmo derrotado, inequivocamente pelo germânico, seria a vitória na primeira partida com recurso a um tie-break a fazer a diferença mais à frente, pois venceu seguidamente os dois russos por dois sets sem resposta, acabando por garantir a segunda posição.

    O outro tenista a transitar para as meias vindo do grupo vermelho seria Danil Medvedev‎ que atuando a um nível perto do seu melhor nos dois primeiros encontros, onde vulgarizou o seu compadre Rublev e destruiu o serviço de Zverev, descomprimiria frente a Alcaraz  terminando mesmo assim na liderança do agrupamento.

     Sinner evita gigante surpresa e Hurkacz rende Tsitsipas

    No grupo verde  a infelicidade acabaria por bater à porta de Stefanos Tsitsipas que após ceder na estreia perante Jannik Sinner em dois sets equilibrados mas nos quais o tenista da casa revelou sempre maior esclarecimento, seria no tramo inicial da refrega diante de Holger Rune e em que perdia por 2-1 que o grego afetado por um mal-estar lombar bem como por dores no cotovelo direito acabou por desistir e possibilitar que o polaco Hubert Hurkacz acabasse por enfrentar Djokovic na ronda seguinte, embora já sem quaisquer chances de apuramento.

    Em frente seguiriam : Jannik Sinner, que bateu o sérvio e grande favorito a um sétimo troféu de campeão da prova, Novack Djokovic, no melhor duelo do certame em mais de três horas de encontro ultrapassando igualmente Tsitsipas e Rune. O triunfo face ao nórdico acabaria por ajudar Djoko que necessitava que o caseiro o fizesse, isto após duas vitórias diante de Rune e Hurkacz , mas sempre cedendo um set.

     O cenário das meias finais seria então: Medvedev‎ encontrava Jannik Sinner e o duelo geracional entre Djokovic e Alcaraz, com ambos os duelos a prometer e muito!

    Público “empurra” Sinner para  a maior final da carreira

    Depois de ter entrado para a história como o primeiro transalpino a jogar as meias finais da competição ao longo de mais de 50 edições, a verdade é que Sinner conseguiu mesmo derrotar o antigo vencedor do torneio em 2021, Danil Medvedev‎, num duelo em três partidas e no qual o russo cometeu alguns erros pouco habituais no seu jogo, com o ex esquiador alpino a escalar essas situações por forma a impor-se num derradeiro set de modo categórico.

    Muita parra e pouca uva!

    O encontro por todos mais aguardado, que  colocava em confronto os dois vencedores de títulos do GS na presente temporada, Djokovic e Alcaraz , até começou bem animado, contudo nunca atingiu os níveis esperados, com o sérvio sempre dono e senhor das incidências do duelo. Muito contraído, sem soluções e claramente ultrapassado pelo rival, a verdade é que Carlitos foi vulgarizado por Djoko que com os parciais de 6-3 e 6-2 em pouco mais de uma hora e meia se apurava para uma final onde teria pela frente o único tenista que o havia derrotado nos últimos doze encontros, Sinner, que tentava tornar-se  no primeiro atleta a superar o melhor da história em termos curriculares  por duas ocasiões na mesma semana.

    Nervos traem Sinner e Djokovic reforça estatuto de melhor da história

    Com a final a prometer muito em termos quer de espetáculo como de ambiente e de qualidade de jogo, a verdade é que desde cedo se percebia que o “professor” daria nova aula de ténis . Muito superior, revelando grande inteligência e uma experiência incomparável, a verdade é que esta final seria um passeio no parque para o tenista sérvio que em pouco mais de meia hora fechava um primeiro set de sentido unilateral com o parcial de 6-3, onde cedeu apenas dois pontos nos seus jogos de serviço. Quebrando logo de entrada o saque ao oponente, foi sempre gerindo as operações, embora todas as tentativas em vão de Sinner para alterar o rumo dos acontecimentos que Djoko na companhia dos filhos e dos seus familiares mais próximos fez aquilo que melhor sabe: ganhar! Isto numa semana na qual ficou provado que mais do que se falar de quem da nova geração poderá dominar o ténis mundial à que contar com um “jovem” de 36 anos a quem falta apenas vencer um ouro olímpico para encerrar uma carreira ímpar, de seu nome Novack Djokovic e que ao conquistar novo sucesso nesta prova suplantou Roger Federer tornando-se recordista de títulos neste torneio, sete. Apesar de bastante longe do nível exibido ao longo da restante semana no decisivo encontro fica a ideia de que o tenista italiano é possuidor de todas as ferramentas para que ao longo dos próximos anos possa discutir os títulos mais importantes do calendário tenístico mundial, com a liderança do ranking a ser um objetivo bem concretizável nos anos vindouros.

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    Diogo Rodrigues
    Diogo Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.