Federer demasiado grande para um Nadal demasiado diminuído

    Poucas horas depois, foi hora de Federer pisar o Court Central para enfrentar Juan Martin Del Potro, e dar (mais uma vez) uma lição de ténis ao mundo. O encontro até nem começou de feição para o suíço. Alguns erros despropositados na fase crucial do primeiro set, ditaram que o ténis consistente do argentino (uma autêntica raridade nos últimos meses), fosse suficiente para levar o 1º set consigo. Na segunda partida os papéis inverteram-se e foi Federer que no momento-chave do encontro (Del Potro servia com 3-2 a favor de Federer) soube, num jogo em que contou com 5 break-points, fazer o break e desde então não mais tirou o pé do acelerador. Federer venceu a 2ª partida por 6-3 e conseguiu que o mesmo parcial se repetisse no derradeiro set.

    Era hora de Federer lutar pelo seu 94º título ATP frente ao único atleta no mundo que tem um saldo positivo no mano-a-mano com o suíço: Rafael Nadal (23-14 para o espanhol). Todos esperavam mais um encontro de antologia em solo chinês, e quando ambos entraram em court o estádio entrou em erupção com os dois jogadores a serem ovacionados de pé pelos amantes da modalidade. Não passou despercebido, no entanto, um pormenor: ao fim de largos meses, o joelho direito de Rafa voltava a apresentar-se envolto numa ligadura branca, a fazer lembrar os anos negros atormentados por lesões nos tendões do maiorquino.

    A partida começou com um Federer acutilante na resposta ao serviço, e demolidor quando dispunha da primeira pancada. Logo no primeiro jogo Nadal viu o seu serviço quebrado e o clã Nadal mostrou-se estranhamente apreensivo – indicador pouco habitual para uma entourage que acompanha um dos mais guerreiros desportistas do mundo.

    O jogo desenrolou-se de forma pouco espetacular e acima de tudo bastante previsível: quase como uma lei, os jogos de serviço do suíço eram rápidos e simples, e pelo contrário, Nadal nunca conseguiu mostrar os dentes a Federer e ser tão assertivo como o helvético.Primeiro set: 6-4 para Federer ao cabo de 35 minutos. A segunda partida confirmou as piores previsões para Rafa. Não que o espanhol se tenha mostrado claramente diminuído fisicamente (não coxeou nem se expressou de qualquer forma que revelasse incómodo) mas para quem conhece o ténis do espanhol, era claro que este não estava confortável nos apoios que insistentemente era obrigado a realizar para responder aos profundos ataques de Federer e mais do que isso, o espanhol estava apático. À medida que o número de erros não forçados ia subindo, o espanhol parecia cada vez mais convencido que hoje não podia fazer nada para evitar que Roger levasse para casa o troféu e o suíço obviamente que não desperdiçou, concretizando a partida com um parcial de 6-4.

    Fonte: Reuters
    Fonte: Reuters

    Federer fica ainda a uma distância de 1910 pontos de Rafa e isso significa que teremos ténis de altíssimo nível até à última bola do ano. Para já, a próxima paragem prevista para ambos é mesmo a casa do suíço para disputarem o torneio ATP500 de Basileia antes do último Masters1000 do ano – Paris. As contas para já são simples: estão neste momento apurados para o ATP Tour Finals Rafael Nadal (#1), Roger Federer (#2), Alexander Zverev (#3) e Dominic Thiem (#4). Na corrida estão – excluindo Wawrinka, Djokovic e Murray por lesão até ao fim do ano – Marin Cilic (#5), Grigor Dimitrov (#6), David Goffin (#7), Pablo Carreño Busta (#8), Sam Querrey (#9), Kevin Anderson (#10), Nick Kyrgios (#11) e Tomas Berdych (#12).

    Fica por fim uma nota para o facto de não importar o número de vitórias sobre o adversário, o número de troféus conquistados ou o lugar que ocupam na classificação mundial, para estes dois Senhores Embaixadores da modalidade mostrarem o que é o verdadeiro fair-play dentro, e ainda mais fora do court como foi mais uma vez hoje prova. “Só” por isso, muito obrigado Cavalheiros!

     

    Foto de Capa: Reuters

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    Henrique Carrilho
    Henrique Carrilhohttp://www.bolanarede.pt
    Estudante de Economia em Aarhus, Dinamarca e apaixonado pelo desporto de competição, é fervoroso adepto da Académica de Coimbra mas foi a jogar ténis que teve mais sucesso enquanto jogador.                                                                                                                                                 O Henrique escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.