Jannik Sinner: O percurso humilde até à glória

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    Jannik Sinner, o mais recente campeão do Austrália Open, cativa nas quadras com a sua destreza impressionante e elegância nas pancadas. O seu corpo esguio e, à primeira vista, débil escondem uma maturidade ímpar. A sua abordagem agressiva e técnica refinada refletem um jogador que transcende habilidade para se tornar uma verdadeira expressão artística no mundo do ténis.

    Jannik Sinner está a viver a semana da sua vida depois de se tornar campeão de um Grand Slam, com o título do Open da Austrália, conseguido no passado domingo. Com base no desempenho de Sinner, de 22 anos, na última quinzena em Melbourne Park, parece que será apenas o começo.

    Cresceu no frio italiano, era um esquiador de excelência em criança, sempre sustentou o seu crescimento e tocou o céu no calor australiano. Ao lado de Alcaraz e Holger Rune, é um dos protagonistas da próxima geração.

    DAS ORIGENS À GLÓRIA

    Originário do norte de Itália, de San Candido, perto da fronteira austríaca, Sinner dedicou a sua juventude a destacar-se como um dos melhores esquiadores juniores do seu país, vencendo um campeonato nacional de slalom gigante aos 8 anos e conquistando o vice-campeonato nacional aos 12 anos. A sua capacidade atlética sempre foi inquestionável começando a praticar futebol, ténis e esqui desde muito novo. No entanto, precisou de decidir qual o caminho a seguir entre os desportos em que mostrava maior destaque. O esqui e o ténis. Optou pelo segundo, apesar do seu sucesso inicial no primeiro. Fê-lo porque o esqui impunha uma pressão intensa, em que um erro colocava em causa todo o seu esforço numa questão de minutos. No ténis, mesmo com uma pressão semelhante ou ainda maior, encontrou a possibilidade de aprender e de se adaptar.

    Foi nessa altura que Sinner, aos 14 anos, mudou-se para longe de casa para treinar sob a tutela do famoso treinador Riccardo Piatti, que já fez parte da equipa técnica de jogadores como Novak Djokovic e Richard Gasquet.

    Longe de ser um jogador de destaque na categoria de juniores ao longo da sua carreira juvenil, terminando a sua carreira de júnior sem ter ultrapassado o top-100 do ranking da Federação Internacional de Ténis (ITF), Sinner nunca chegou a participar num Grand Slam do escalão. Ele preferiu concentrar-se nos objetivos a longo prazo, para se tornar uma figura no desporto. Nesta fase ele priorizava torneios ITF ou Challenger.

    Foi em Wimbledon, em 2019, que Sinner fez a sua estreia na qualificação para um Grand Slam, perdendo 12-10 num set decisivo para o australiano Alex Bolt. No Gran Slam dos Estados Unidos, Sinner conquistou a sua primeira vaga em um torneio desta magnitude pela primeira vez. Com apenas 18 anos recém-completados, ele ainda não era amplamente reconhecido.

    No final desse ano conquistaria o título das ATP Next Gen Finals em solo caseiro, contra nomes como Alex de Minaur, Casper Ruud e Frances Tiafoe.

    O seu primeiro título ATP surgiria em Novembro do ano seguinte, em 2020, depois de vencer Vasek Pospisil no Sofia Open, na categoria 250, na Bulgária.

    Os passos foram sempre dados de forma gradual e sustentada. Em 2021 foi finalista do ATP Masters 1000 de Miami, um dos principais torneios do circuito e chegou à segunda semana de um major por duas ocasiões. A juntar a tudo isto ainda venceu quatro títulos, que permitiram que fosse número nove do ranking no final desse ano. A lesão do seu compatriota Matteo Barretini deu-lhe a oportunidade de jogar as ATP Finals desse ano pela primeira vez.

    O jogador italiano garantiu o seu primeiro título ATP Masters 1000 em Toronto, no ano passado, e terminou 2023 com um sucesso notável, vencendo os torneios ATP 500 de Pequim e Viena. Depois, teve uma corrida extraordinária em casa, Turim, que culminou na final do Nitto ATP Finals. Em seguida, conduziu a equipa italiana à vitória na Taça Davis. Durante esse período, obteve duas vitórias em singulares contra o número 1 do mundo Novak Djokovic, confirmando a todos as suas qualidades.

    Sinner voltou a vencer o maior vencedor de sempre de Grand Slams na meia-final do Australia Open, banalizando o maior vencedor de sempre do torneio para chegar à sua primeira final de um major a carreira. Essa final acabaria com o primeiro título do Grand Slam do italiano, que bateu Daniil Medvedev com direito a reviravolta. Medvedev venceu os dois primeiros sets da final de domingo. Mas enquanto no esqui Sinner já estaria fora da corrida, ele teve tempo suficiente para resolver os problemas, elevar o seu nível e chegar a uma vitória memorável de 3-6, 3-6, 6-4, 6-4 e 6-3.

    O “jovem cenoura” começava a temporada com o objetivo de melhorar o seu rendimento em Grand Slams. Parece que não começou nada mal esse objetivo. Depois de abrir a contagem de majors na carreira a pressão imposta, que ele nunca sentiu, será maior. Os adeptos querem voltar a vê-lo vencer torneios deste calibre. Ele também o ambiciona. Mas ele sabe que é preciso ter calma e seguir de forma gradual. O caminho é continuar a trabalhar sem nunca se esquecer das suas origens e do que o levou ao topo do jogo.

    MENTALIDADE VENCEDORA

    Sinner dedica-se meticulosamente às rotinas diárias essenciais para alcançar a excelência neste desporto, exibindo uma maturidade que transcende à sua faixa etária. O seu percurso frutífero revela sucesso, onde a vitória não o envaidece e a derrota não abala a sua determinação. Cada desafio faz parte intrínseca do seu caminho.

    A humildade do atleta é profundamente moldada pela influência de seus pais. Foram eles que lhe transmitiram esta mentalidade de dar o melhor todos os dias e nunca perder a energia no que se está a fazer. Johann, o pai, era chef, enquanto Siglinde, a mãe, era empregada de mesa no mesmo restaurante. Eles sempre permitiram que ele fizesse as suas escolhas de maneira livre e autónoma. “Queria que toda a gente tivesse os meus pais. Eles sempre me deixaram escolher o que eu quisesse. Quando era mais novo, fiz outros desportos e eles nunca me puseram pressão. Espero que todas as crianças quanto possível possam ter esta liberdade”. Disse o mais recente campeão do Austrália Open.

    Sinner possui um jogo agressivo, assentado na boa cobertura do court. Aliado à sua destreza mental está destinado a triunfar na modalidade e perpetuar a sua marca na história. O primeiro já está escrito!

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