Título simples para um tema bem complexo. Se têm acompanhado as minhas crónicas tenísticas aqui no Bola na Rede podem reparar que quase nunca, ou mesmo nunca, abordei o ténis feminino.
Não é uma variante que me agrade muito. Claro que poder ver um jogo entre uma Maria Sharapova e uma Maria Kirilenko é sempre mais agradável do que ver um entre Radek Stepanek e Gael Monfils. Quem os conhece certamente entenderá. No entanto, o ténis feminino é o tipo de ténis que de longe menos aprecio.
Para além de ser um ténis menos físico, com menos pancadas em força, com um ritmo mais baixo e mais propício a erros, embora me possam acusar também de ter uma visão conservadora e antiquada, a irregularidade que pontua no circuito irrita-me de sobremaneira.
O facto de o ranking feminino ser dos mais instáveis que existe, para além de termos vencedoras de Grand Slam que agora estão muito abaixo do top100, ou algumas ainda dentro do mesmo mas a um nível muito mais baixo, leva a que, na minha opinião, o circuito saia desacreditado.
Muitos ainda se recordam certamente de quando o circuito mundial era dominado pela dinamarquesa Caroline Wozniacki, que era acusada de ter um ténis defensivo, “chato” e que entusiasmava pouco; agora passeia pelos courts com poucos ou nenhuns resultados. Também se recordam certamente de Francesca Schiavone quando venceu Roland Garros com toda aquela garra e que agora ocupa o “modesto” 49º lugar.
O ténis feminino é isto. É irregularidade, o que na minha óptica não é exactamente sinónimo de competitivade. Isto porque competitividade é algo que pouco vi enquanto acompanhei a variante feminina.
Também nós, em Portugal, temos alguma dificuldade em dar o salto no que às senhoras diz respeito. Maria João Koehler tem sido a escudeira portuguesa no que toca ao ténis português. Michelle Larcher de Brito é a irregularidade que conhecemos, e embora tenha sido já capaz de grandes momentos, talvez de um dos maiores do ténis nacional, não mostra uma evolução sólida e constante – fruto da falta de um acompanhamento técnico de outro nível, que as dificuldades financeiras ou o pai não querem/podem proporcionar.
Vê-se também pelo desempenho português na Fed Cup que não tem sido possível sonhar com grandes conquistas, mas sim em manter o nível em que nos encontramos, o que prova que o desenvolvimento não se tem notado ou não tem estado a ser feito.
Por fim, e isso é mero gosto pessoal, lamento que o circuito feminino seja dominado por Serena Williams, uma tenista da qual nunca fui fã, e que me faz também afastar desta variante sempre que entra em court. Mas gostos não se discutem…