GloREIoso Eusébio | Dez anos de saudade, nem um segundo de esquecimento

    Benfica

    O Rei partiu para outro Reino há dez anos. Celebra-se hoje uma década não da perda de Eusébio da Silva Ferreira, mas da última vez que um dos mais genuínos sorrisos da história do futebol mundial agraciou o mundo dos comuns mortais, no qual o Pantera Negra jogava apenas por empréstimo. E estou ciente de que o uso do verbo “celebrar” em questões de perecimento não cai bem junto de toda a gente, sobretudo na tradição cristã, mas não há outra forma de colocar o predicado: hoje celebra-se Eusébio da Silva Ferreira.

    Hoje… e sempre. Imortalizado em bronze junto ao Estádio da Luz, imortalizado a ouro nas páginas da história do Sport Lisboa e Benfica e do futebol português e imortalizado a tinta de memória nas almas encarnadas, o Bola de Ouro de 1965 é celebrado a cada golo, a cada conquista, a cada impulso de fervor benfiquista e lusitano. Está na voz de todos quantos entoam o hino do clube e do país, está na mente de todos quantos recordam tempos áureos, está na alma de todos quantos sentem mesmo sem saberem sequer começar a explicar o que é o Sport Lisboa e Benfica.

    É precisamente graças a figuras, senhores, semideuses, deuses da bola como o Pantera Negra que hoje os benfiquistas – e creio que compreendem a tendência para centrar nas águias esta escrita – podem virar o olhar coletivo atrás e soltar, por entre os lábios, um seguro e convicto “Glorioso”.  É graças a figuras como Eusébio que os seis campeonatos conquistados nos últimos dez (desde a partida corpórea do Rei) sabem a pouco.

    Foi com Eusébio da Silva Ferreira na proa que os encarnados conheceram e se deram a conhecer ao mundo “por mares nunca dantes navegados”. Foi com Eusébio da Silva Ferreira que as águias cimentaram o estatuto de Glorioso e que Portugal fez saber ao mundo que nesta toalha à beira-mar estendida também se joga à bola como os grandes mundiais. Foi com Eusébio da Silva Ferreira que o futebol lusitano granjeou a admiração de Pelé, Maradona, Cruyff…

    O melhor jogador português de sempre? Talvez. O mais fundamental jogador português de sempre? Sem dúvida. O único Bola de Ouro português a receber o galardão enquanto jogava em Portugal, o único futebolista do SL Benfica a ser homenageado com uma estátua junto à Catedral, o único jogador que mereceu o título de Rei num clube de raízes democráticas. O homem, o mito, a lenda. O Rei.

    Tu és o nosso Rei, Eusébio. Hoje e sempre. Para sempre.

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.