120 milhões. E agora?

Apanhados no centro do rodopio incessante de notícias, reportagens, rumores, comentários, críticas, análises, avaliações, insinuações, tweets, publicações e não sei que mais sobre a exorbitante quantia de 120 milhões de euros desembolsada pelo Club Atlético de Madrid para levar João Félix da capital portuguesa para a capital espanhola – nunca uma viagem tão curta foi tão cara –, não temos tido o discernimento para olhar para o futuro. É isso que tenciono fazer nos próximos parágrafos.

O que significa a venda de um ativo por 120 milhões de euros para o SL Benfica e para o Caixa Futebol Campus enquanto instituições e enquanto marcas? Indubitavelmente, as marcas, em termos de prestígio, valorização comercial e atratividade de investidores, investimento ou mercado, saem muito fortalecidas. O mundo do futebol recebeu há cerca de uma semana uma mensagem muito clara, enviada pelo SL Benfica com o auxílio do Club Atlético de Madrid: acabou a época de saldos, a fasquia foi elevada.

Não sejamos ingénuos nem inconscientes: muito dificilmente os encarnados vendem um jogador por essa absurda quantia. Mas a verdade é que a fasquia subiu. Tal como no salto em altura, o subir da fasquia não significa que um atleta vai conseguir realizar o salto com sucesso. O subir da fasquia, simplesmente, informa os interessados do nível atingido. Querem vencer, têm que subir a parada. E a venda de Félix, acredito, dá ao SL Benfica o poder de colocar a fasquia bem lá em cima e dizer: “Querem comprar, têm que subir a parada”.

E este poder não é de somenos. É um grande poder. No entanto, é importante não esquecer que “com grande poder, vem grande responsabilidade”. A SAD vermelha e branca não pode entrar em devaneios megalómanos. Não pode cair numa má gestão dos seus ativos ao colocar a fasquia nos três dígitos (que na verdade são nove) para todo e qualquer jogador que atinja o patamar da titularidade da equipa principal vindo da formação do clube.

O Seixal tem sido um “viveiro” para o SL Benfica. Continuará a sê-lo?
Fonte: SL Benfica

Não obstante, a exponencial valorização da marca Benfica e do selo Caixa Futebol Campus aufere ao clube da Luz um poder e uma alavanca negociais sem precedentes no campeão nacional e em Portugal. Pela primeira vez na história encarnada (pelo menos na história recente, em que a lógica de mercado se têm sobreposto à lógica desportiva), a administração liderada por Luís Filipe Vieira está numa posição de conforto no momento de negociar.

E quando falo de negociar, não falo apenas de negociar passes de jogadores, mas também de negociar renovações de contrato, tendo em vista o aumento da cláusula. A partir do momento em que os jogadores perceberam que é possível um “miúdo” da formação jogar cinco, seis meses ao mais alto nível (interno) e ser transferido para o quarto classificado do ranking europeu de clubes por uma verba recorde, as suas exigências para renovar com aumento de cláusula baixaram substancialmente. Uma cláusula de 80 ou 100 milhões já não “prende” um jogador ao clube. Mesmo que o contrato dite uma cláusula de rescisão de valores nessa ordem de grandeza, o atleta já não se sente acorrentado à entidade patronal por um grilhão de difícil libertação.

As marcas relacionadas com o SL Benfica têm crescido significativamente nos últimos anos, como comprova a terceira presença do clube encarnado na International Champions Cup. Todavia, a venda de Félix pode ter sido o momento chave na afirmação do Benfica enquanto marca e, por consequência (mediante uma boa gestão da situação), enquanto clube. A perda do jogador é uma machadada no projeto delineado por Luís Filipe Vieira para o futuro do clube, mas a venda, pelo dinheiro que entra em caixa (108 milhões, não se esqueçam) e, acima de tudo, pelo que significa, é um passo de gigante para a consolidação do SL Benfica em Portugal e para a sua afirmação na Europa e no Mundo.

Foto de Capa: SL Benfica

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Márcio Francisco Paiva
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