5 magníficos centrais do SL Benfica

    2.

    4 Campeonatos Nacionais, 2 Taças de Portugal, 2 Taças dos Campeões Europeus

    138 jogos (1960-67)

    Germano de Figueiredo – Voltamos à conversa dos 9-1 em Viena e do jogo de volta, um 0-0 no Jamor, que é onde Germano de Figueiredo se estreia na selecção – exactamente o jogo a seguir ao último de Félix, ninguém imaginando naquela altura o simbolismo da coisa. Germano tinha 21 anos e dava cartas na Tapadinha com a camisola do Atlético, recém-formado da fusão entre Carcavelinhos e União de Lisboa. Isto em 1947, e é nesse ano que o senhor Germano se inscreve nas camadas jovens do clube – entrando para guarda-redes, também certamente nunca pensando que seria nessa posição que alargaria a dimensão já colossal da sua lenda, quase duas décadas depois.

    Guarda-redes começou, avançado foi pela predisposição para domar a redondinha e tratá-la melhor que qualquer fantasista – a defesa-central se fixou por influência do seu ídolo (Carlos Baptista, referência da posição no Carcavelinhos) e adivinhem quem o estreou como esteio defensivo na primeira equipa? Sim, o mesmo que descobriu Félix como número 4, Janos Biri. Coincidências…

    Até chegar ao Benfica na viragem da década, com 27 anos, muito penou senhor Germano. A doença – uma pleurisia líquida – retirou-o dos relvados entre 1955 e 57. Recuperou, sacou a II Divisão liderando de braçadeira o seu Atlético já depois de ter caído por terra a oportunidade de ir para Alvalade. Béla Gutmann é campeão em 1959-60, vai buscá-lo e torna o Benfica campeão europeu no ano seguinte. E no outro. Sempre com Germano em destaque, pelas qualidades de liderança além das técnico-táticas. Em 1965, mais uma final – em San Siro, contra o Inter de Helenio Herrera. Jair marca aos 57, Costa Pereira é obrigado a sair no seguimento – Germano, lembrando as origens, volta á linha de golo e mete as luvas. Em meia-hora, três grandes defesas e a tranquilidade tão característica, ganha à custa de vida dificil – aos onze anos fica sem o pai, aos 14 sem a mãe – e duma curiosidade insaciável na procura do conhecimento. Era um homem culto. Mário João, colega de defesa na época dourada, chamava-lhe “Mister Book”. Eusébio dizia que, enquanto ele e outros liam o jornal, Germano agarrava-se aos livros calhamaço, “com mais de 500 páginas”…

    Foi o capitão dos magriços e é já como adjunto de Otto Glória que participa na final da Taça dos Campeões de 1968 (contra o Manchester de Charlton e Best). Depois, o silêncio e a seclusão, longe dos holofotes da fama – o que só lhe aumentou ainda mais a lenda…

     

    3.


    8 Campeonatos Nacionais, 6 Taças de Portugal, 1 Supertaça

    498 jogos (1968-76 e 1977-84)

    Humberto Coelho –  A evolução perfeita de Félix e Germano, Humberto imitou-lhes as melhores características e adicionou um monumental jogo de cabeça, evitando tão bem golos como os fazia na área contrária: marcou 79 (!) nos 15 anos que passou pelo Benfica, uma enormidade dado que a sua principal função sempre foi defender – e como líbero sempre jogou, só subindo à área contrária quando as circunstâncias o exigiam.

    Se Félix foi descoberto pela Europa naquela Taça Latina e Germano assumiu protagonismo nos anos dourados do futebol nacional, Humberto continuou essa tendência e assumiu-se definitivamente como ‘O’ defesa luso de prestígio internacional, uma presença mediática numa altura em que a própria venda da imagem dos protagonistas do jogo se começava a transformar no panorama ofuscante do século actual. O “Beckenbauer Português” chegou ao zénite da fama primeiro em 1981, quando é convocado para a Selecção da Europa que iria defrontar a congénere da Checoslováquia – que fazia 80 anos; E um ano depois, convocado novamente pela selecção europeia para confronto com o Resto do Mundo em Nova Iorque, em jogo com receita a reverter para a UNICEF. O onze: Zoff, Krol, Humberto, Pezzey e Stojkovic; Beckenbauer, Antognoni e Tardelli; Boniek, Blokhin e Rossi, o lendário ponta-de-lança que fez furor no Espanha 82, artilheiro daquela Copa (com seis golos) e protagonista do épico jogo contra o Brasil. Humberto, com uma figura destas na equipa e outras de iguais gabarito… foi quem teve honras de levantar o troféu da vitória!

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.