6 jogadores que podem decidir o SC Braga x SL Benfica

    Benfica

    Os adeptos de futebol português receberam uma verdadeira prenda de Natal antecipada marcada para o fim de semana que antecede a época festiva: uma verdadeira reunião dos candidatos ao título, numa ‘final four’ improvisada. O primeiro dos jogos joga-se a Norte e põe frente a frente o SC Braga e o SL Benfica.

    Não é um clássico pela História, mas o futebol praticado por ambos torna este SC Braga x SL Benfica um jogo ao mesmo nível, pelo menos no que à sua importância diz respeito. Os encarnados chegam à 13.ª jornada com 30 pontos no terceiro lugar, mais um que os arsenalistas, que após um início aos trambolhões encontraram o caminho das vitórias.

    Depois de uma semana em que ambos os clubes garantiram o acesso à Liga Europa via Liga dos Campeões, o SL Benfica x SC Braga promete bom futebol e golos. Ambas as equipas têm apresentado algumas falhas defensivas, mas ofensivamente há muito potencial a ser explorado. Os minhotos já o fazem – são até o clube com mais golos marcados na Liga – e os encarnados só precisam de melhorar a eficácia (que explica o empate na última ronda) para o fazer.

    Neste contexto, é com os olhos postos na baliza adversária, que vários jogadores vão entrar dentro de campo. Há jogadores capazes de decidir em todos os setores, mas num jogo com estas características, até pelas equipas que entrarão em campo, ganhará quem mais golos marcar e não quem não os sofrer. E neste sentido, tanto Artur Jorge como Roger Schmidt têm várias armas prontas a utilizar.

    6.

    Fredrik Aursnes é um dos jogadores mais usados no Benfica.
    Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

    Fredrik Aursnes (SL Benfica): O canivete suíço de Roger Schmidt é norueguês, mas este ano entrou nos quadros do onze encarnado como lateral. Chegou a rodar pela esquerda, mas a lesão de Alexander Bah levou Fredrik Aursnes a fixar-se no corredor direito.

    A polivalência de Fredrik Aursnes é um feitiço para Roger Schmidt, mas no início da época o feitiço parecia ter-se virado contra o feiticeiro. O SL Benfica perdeu a capacidade de reagir à perda que tinha com Aursnes sobre a meia esquerda e as fragilidades de Aursnes – principalmente à esquerda – foram exploradas pelos extremos adversários, que carregaram no lado do norueguês, por vezes à deriva com apoios trocados e abordagens defensivas erradas.

    Vários jogos de Fredrik Aursnes à direita permitiram ao jogador do SL Benfica crescer e, neste momento, o norueguês é indiscutível e cada vez mais influente no jogo encarnado. A resistência de Aursnes permite-lhe suportar com relativa facilidade o constante vai-e-vem no corredor e, ofensivamente, Aursnes tem recursos para se associar. Não é um lateral de ataque ao espaço, com chegada vinda de trás ou com grandes argumentos no 1X1, mas sim um lateral profundamente associativo, que procura combinar e com inteligência para ocupar o espaço, tirar jogadores fora de posição e criar a partir de posições mais avançadas. Quando Alexander Bah regressar terá de dar ao pedal.

    5.

    Rodrigo Zalazar no Braga x Real Madrid
    Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

    Rodrigo Zalazar (SC Braga): O crescimento do SC Braga é confirmado, entre outros fatores, pela chegada de Rodrigo Zalazar à Pedreira. Custou cinco milhões de euros e veio do Schalke 04, tendo os minhotos ganho a concorrência a emblemas relevantes no panorama europeu e sul-americano.

    A adaptação de Rodrigo Zalazar ao SC Braga não foi imediata, o que pode ser lido como um elogio à profundidade de opções ao dispor de Artur Jorge do meio-campo para a frente. Há Al Musrati, Vítor Carvalho, João Moutinho, André Horta, Castro e o uruguaio não pegou de estaca. Foi ganhando minutos e protagonismo e, quando encaixou na equipa, foi bem evidente o porquê da sua contratação.

    Não sendo um médio criativo por natureza, Rodrigo Zalazar é um médio que permite ao SC Braga ser mais eficiente nas suas jogadas e chegar com outra capacidade ao último terço. Lateraliza à esquerda, permite ao lateral subir e dar liberdade ao extremo e, fora da zona de pressão adversária, vê o jogo de frente e descobre passes interiores com extrema naturalidade. Consegue variar o flanco com facilidade e critério, acelerando transições e ganhando metros. Está muito confortável num duplo pivô no papel de segundo médio, menos posicional, e com capacidade de chegada à área. Já está ao melhor nível e, num meio-campo com combinações quase infinitas, a sua presença é basilar para maior fluidez ofensiva.

    4.

    João Neves e Morten Hjulmand no Benfica x Sporting
    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    João Neves (SL Benfica): O novo menino bonito do SL Benfica já conquistou todos os adeptos, Roger Schmidt e Roberto Martínez em menos de um ano. O percurso e a ascensão de João Neves são a melhor notícia dos encarnados em 2023.

    Tem perfil de médio para jogos grandes, onde se agiganta e espreme ao máximo todas as suas capacidades. Só esta temporada já foi destaque contra o FC Porto (por duas vezes, tendo sido o melhor em campo na Supertaça), contra o Sporting CP, liderando a reação tardia encarnada e contra o RB Salzburg, permitindo ao SL Benfica jogar no meio-campo adversário numa exibição que teve o clímax no passe teleguiado que levou o SL Benfica à Liga Europa.

    Não é o médio mais criativo do plantel do Benfica. Aliás, Roger Schmidt até por várias vezes parece desconfiar da versão de João Neves como organizador, razão pela qual o chegou a desviar para a ala. Os anos trarão argumentos e outra capacidade técnica a João Neves neste aspeto, mas neste momento o jovem médio destaca-se pela presença em campo. Ganha duelos, cobre espaços e permite ao Benfica jogar mais avançado no terreno. Com bola procura chegar rapidamente ao último terço, arrisca em condução e, com espaço, toma decisões eficientes. Está talhado para jogos com as características que o SL Benfica encontrará em Braga. O seu companheiro (Florentino Luís ou Orkun Kokçu) definirá a postura que o SL Benfica quererá adotar em Braga.

    3.

    Braga na Champions
    Fonte: Filipe Oliveira/Bola na Rede

    Ricardo Horta (SC Braga): Há oito temporadas que Ricardo Horta está nos primeiros lugares na lista de melhores jogadores do SC Braga. O médio ofensivo e capitão é uma referência dentro e fora de campo para os minhotos e uma das referências do clube nos anos-chave de crescimento.

    O ataque do SC Braga está recheado de talento. Bruma iniciou a temporada ao mais alto nível, Álvaro Djaló é a revelação e melhor jogador da época dos arsenalistas e Pizzi acrescenta pausa e critério a partir de um banco onde ainda se senta Rony Lopes. Ao lado de tanta qualidade, Ricardo Horta ainda se sente mais confortável a jogar.

    É a principal fonte de volume ofensivo dos arsenalistas. Pode jogar a partir dos corredores, mas é a partir do meio, pela maior liberdade no seu jogo, que se encontra a sua melhor versão. Funciona mais como segundo avançado que terceiro médio e, não sendo um jogador muito elegante no seu jogo, é extremamente funcional e com vários recursos no último terço. Acelera, conduz e permite ao SC Braga crescer e chegar rápido em transição. Define com qualidade no último terço e tem um último passe muito forte, quer procurando a entrada de um jogador a romper pela ala, quer em combinações interiores. Perante cenários mais fechados tem na meia distância um recurso fundamental. Diz-se muitas vezes que o 12 é o número dos adeptos. O 21 de Ricardo Horta é o número de quem em campo transpira a alma de quem vibra na bancada.

    2.

    Benfica Salzburgo Angel Di María Maurits Kjaergaard Lucas Gourna
    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    Ángel Di María (SL Benfica): O regresso de Di María à Luz tem exposto as fragilidades mais profundas do seu jogo, mas também exponenciado todas as suas capacidades que o tornam num jogador diferenciado.

    Ter Di María em campo obriga os restantes elementos do SL Benfica a um trabalho adicional no momento defensivo. Não dá para as ignorar, mas valorizá-las em excesso é ignorar tudo de bom que o mais recente campeão do mundo pela Argentina tem para dar. Aos 35 anos, Di María ainda é diferenciador e é, em vários aspetos, o melhor jogador da Primeira Liga Portuguesa.

    Os últimos dois jogos (empate diante do Farense e vitória contra o RB Salzburg) são, porventura, a melhor sequência de Di María na temporada e retratos perfeitos do que o argentino oferece em campo. O SL Benfica cresce pelo corredor direito com Aursnes a procurar associar-se (constantemente a passar nas costas do argentino) e com ruturas de Rafa e Tengstedt de dentro para fora, procurando o espaço criado pelo duo do corredor direito do SL Benfica. Provocando um cenário de aparente caos, Di María ganha valor. Pega na bola com o pé esquerdo, joga por dentro e por fora, procura desequilibrar através do drible e em condução e, quando procura espaços interiores, aciona com facilidade o pé esquerdo em cruzamentos ou remates. A nível individual, não há ninguém com a capacidade de abanar a balança de um jogo no SL Benfica como o argentino, que chega a Braga moralizado depois de um golo olímpico. No (provável) último jogo na Liga dos Campeões da carreira, Di María deixou um tratado escrito e assinado em nome próprio.

    1.

    Simon Banza a jogar pelo SC Braga
    Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

    Simon Banza (SC Braga): Com 13 golos, Simon Banza lidera de forma disparada a tabela da artilharia na Primeira Liga Portuguesa. Em 895 minutos de jogo, é uma média de um golo a cada 69 minutos. Números que ajudam a enquadrar o francês no melhor ataque do campeonato.

    O SC Braga só não é o melhor ataque do campeonato, como é também a equipa com maior volume ofensivo em Portugal. Cria oportunidades em ataque organizado, em situações de transição e a partir das bolas paradas. Neste cenário, a presença de um avançado goleador é ideal para o jogo dos minhotos. Afinal, não vale a pena ter mais uma fonte de criação, basta um jogador que garanta a sua concretização.

    Ainda assim, é possível não reduzir Simon Banza aos números. Em certos cenários de jogo, em que o SC Braga procure um jogo mais direto, Banza consegue funcionar como referência com capacidade aérea para disputar duelos. Apesar de tudo, o habitat do francês é dentro de área. Não coloca muitas vírgulas antes de disparar à baliza. É cínico nas suas ações e procura constantemente o melhor posicionamento para receber e rematar e é especialmente forte na resposta a cruzamentos. Num ataque com tantos criativos e jogadores de encher o olho, Simon Banza é a peça que permite que tudo desague no sítio certo: a baliza adversária.

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