Correr atrás | FC Internazionale x SL Benfica

    Benfica
    Liga dos Campeões, 2.ª jornada: terça-feira, 20h. 3 de outubro de 2023

    A ANTEVISÃO: DO PREJUÍZO E DA HISTÓRIA, QUE EM MILÃO NUNCA O BENFICA GANHOU

    Afastado o FC Porto, resta ganhar ao Inter para domar o trauma daquelas semanas de Abril, onde essa sequência ia pondo em risco a época do SL Benfica. Por estes dias, tenta Roger Schmidt corrigir erros – os do Bessa e os da Luz, na recepção ao Salzburgo – para encarrilar numa época que se pretende como a outra, pelo menos como foi até Abril. Sempre em frente, com poucos ou nenhuns percalços, e com futebol muito convicente. O que em 2023/24 ainda é miragem, apesar dos fogachos proporcionados pelas toneladas de qualidade individual.

    «A última época na Liga dos Campeões começou melhor para nós, ganhamos os jogos em casa e tornámos tudo mais fácil.» reconheceu hoje, na conferência de antevisão, como que sugerindo à equipa a necessidade de se… transcender. «Nós fizemos algumas mudanças na nossa equipa, no nosso onze inicial, temos jogadores novos na equipa» e é por aí que começará uma possível grande noite europeia para o Benfica: como abordar o titânico 5-3-2 italiano, intransponível que foi para portugueses o ano passado e que tem apenas… quatro golos sofridos até Outubro (o Benfica tem nove)?

    Neves e Kökcü devem manter-se juntos no miolo, com Florentino e a sua perspicácia defensiva tão ali à mão de semear? Deve Aursnes manter-se na lateral esquerda, sacrificando-se para assumir a obrigatória vigilância permanente a um Dumfries endiabrado? A receita circense de Di Maria e Neres nos corredores será viável num contexto destes? Muitas questões, mas dúvidas bem mais simpáticas que as de há seis meses.  

    Do outro lado, bem mais estável o trabalho semanal, fruto dum precioso empate no País Basco na primeira jornada, tirado a ferros – com golo aos 87’ – mas que segue a linha pragmática de que, jogando fora na Europa, quando não for possível ganhar, mais vale não perder. Simone Inzaghi é um perito nestas circunstâncias, e o seu futebol é a expressão máxima do mito de cinismo italiano – e a preparação começou na sala de imprensa, dando ao Benfica moral em barda, a ver se alguém se deixa levar pelo ego. «O Benfica chega aqui após uma grande vitória. Vamos encontrar uma equipa que joga com muita intensidade. É muito forte e perdeu apenas um jogo no campeonato, tal como nós.»

    Boas notícias, além da categórica lição a Paulo Sousa no fim-de-semana, foi a recuperação milagrosa de Cuadrado. O colombiano andava com Sensi, Frattesi e Arnautovic pelos corredores da enfermaria mas acabou por encontrar a saída a tempo de ser opção esta Terça-feira, permitindo a Pavard ou Darmian concentração total nas suas tarefas de centrais pela direita.

    O embate fica marcado pela falta de adeptos encarnados, castigados pela UEFA depois da execrável ideia de alguns há seis meses – o episódio triste é do conhecimento geral e portanto escusemos a nota de repúdio ou o desenvolvimento de qualquer ideia. Tocamos no assunto simplesmente para adoçar o espírito com o caricato proporcionado pelo impedimento: como não há gente tão desenrascada como os valorosos portugueses, diz-se por aí que, para conseguir o tão desejado bilhete para outra zona do estádio… há quem se tenha feito sócio do Inter!

    O árbitro vem dos Países Baixos e dá pelo nome de Danny Makkelie.

    10 DADOS RÁPIDOS

    1. 35 confrontos com italianos, com mais derrotas (18) que vitórias (11). Os golos sofridos (49) ultrapassam largamente os marcados (38).
    2. Para encontrarmos uma vitória benfiquista na península da bota, só temos de recuar um ano, até àquela vitória em casa da Juventus (1-2). O problema é antes: temos de ir até 1997, quando se respondeu ao 0-2 da Fiorentina na Luz com um 0-1 em Florença. E antes disso? Até 1983, quando Eriksson levou o Benfica a vencer no Olímpico de Roma, frente à AS (1-2). E com a vitória dada pelo lendário pontapé de Eusébio a 35 metros, em 1968 (0-1, Juventus), estão contabilizadas as vitórias dos encarnados em Itália. Em 16 viagens, o Benfica veio de lá derrotado…  dez vezes.
    3. Portanto, percebemos já que o registo contra o Inter é francamente pobre. São cinco jogos, dois empates e três derrotas. Dez golos sofridos e seis marcados…
    4. Aqui, o único dado animador é o facto dos seis golos marcados resultarem apenas da produção encarnada nas últimas… duas visitas à casa nerazurra: três golos marcados quer em 2003-04 (4-3) quer o ano passado (3-3), no empate que estancou a hemorragia que se previa fatal à época encarnada.
    5. Simone Inzaghi contra portugueses enquanto jogador: uma derrota em quatro jogos, aquele 4-1 do FC Porto de Mourinho na meia-final da Taça Uefa. Como treinador? Eliminou Benfica e Porto na última caminhada europeia. Contra o Benfica, Inzaghi tem três vitórias e um empate!
    6. Depois da caminhada europeia lhe ter salvo o cargo na última época, Inzaghi começou 2023-24 em grande, com a renovação contratual a adornar as seis vitórias em oito jogos: entre elas, um 5-1 ao Milan e dois 4-0, a Fiorentina e Salernitana.
    7. A derrota com o Sassuolo, há uma semana, é o único resultado anormal nos últimos 20 jogos de Simone ao comando do Inter: são 16 vitórias e apenas três derrotas – a referida, a da final da Champions e uma em Nápoles, já na recta final do Calcio.
    8. Não tendo score tão feliz, Roger Schmidt também tem construído carreira aceitável contra italianos: três vitórias e dois empates em oito jogos, com mais golos marcados (18) que sofridos (17). Tem uma vitória e um empate em quatro visitas a Itália.
    9. O árbitro holandês Danny Makkelie nunca encontrou o Benfica por essa Europa fora, mas já apitou por entre portugueses em 12 ocasiões, resultando disso o mais equilibrado dos registos – quatro-quatro-quatro. Vitórias-empates-derrotas.
    10. Por outro lado, o Inter já se encontrou com o senhor árbitro algumas vezes. Com ele em campo, perdeu contra Dortmund e Sevilha e ganhou contra o Sheriff e Monchengladbach.   

    JOGADORES A TER EM CONTA

    Morato Lautaro Martínez
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Lautaro MartínezAvançado de classe mundial a quem só falta plena afirmação pela Albiceleste para chegar a si a consensualidade mediática. Impressionante começo de temporada, auge dum crescimento gradual desde 2018-19 – leva já dez golos e uma assistência em 2023-24, com uns imparáveis nove golos à sétima jornada do campeonato. Na última ronda, pediram-lhe para interromper o seu descanso para desatar um nó chato em Salerno – o herói acordou, alongou e fez quatro golos em meia-hora, chamando a si uma responsabilidade cada vez maior no bom desempenho da equipa. Inzaghi já tornou Immobile o melhor marcador da Serie A (com 36 golos, maior marca de sempre só igualada por Higuain) e conseguindo manter o ritmo na extracção do talento argentino, essa marca será ultrapassada – e Lautaro subirá outro patamar como jogador de elite, evidenciando a consistência que lhe falta em certos momentos. Por exemplo, antes de marcar e assistir no 3-3 com o Benfica, a 19 de Abril, estava há mais de um mês sem contribuir. Desde 5 de Março! Que desta vez seja ao contrário – e interrompa a fabulosa fase que atravessa.

    Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

    Rafa SilvaDesinspirado contra o FC Porto, do estado físico e emocional de Rafael Silva dependerão as hipóteses do Benfica em Milão e o seu futuro europeu. Preponderante na última grande vitória contra italianos, quando dinamitou a Juventus – no 4-3 que só ele conseguirá explicar como não se alcançou o 6 ou 7-3 – passará por si grande parte da manobra ofensiva encarnada, que dependerá da sua aceleração para furar a grande muralha de Inzaghi. Na primeira mão do ano passado, pareceu sempre demasiado abandonado no meio do 5-3-2 nerazurro,   impotente para contrariar o poderio físico de Brozovic, Bastoni ou Acerbi. Espera-se que a lição tenha ensinado alguma coisa: a ele e a Schmidt, e que sejam descortinados caminhos que antes pareciam impossíveis…

    XI´s PROVÁVEIS

    FC Inter: Sommer; Pavard, Acerbi e Bastoni; Dumfries, Çalhanoglu, Mkhitaryan, Barella e Dimarco; Lautaro e Thuram

    Treinador: Simone Inzaghi

    «Teremos de ser intensos, eles são rápidos em todas as partes do campo. Teremos de ter uma boa abordagem, ler bem os momentos do jogo e estar prontos. No ano passado, eles causaram-nos dificuldades com o drible».

    SL Benfica: Trubin; Bah, Otamendi, Morato e Aursnes; Florentino e Kokcu; Di Maria, Rafa e João Neves; Musa

    Treinador: Roger Schmidt

    «Eles não têm apenas um estilo de jogo, tal como nós também não temos apenas um, temos de tentar influenciar a história do jogo o mais possível, procurar ganhar vantagem, porque quando eles estão à frente é mais difícil. É esse o nosso estado de espírito para amanhã».

    PREVISÃO DE RESULTADO: FC Internazionale 2-2 SL Benfica

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.