Benfica apanhado a relaxar na banheira

    Benfica

    Na derrota domingueira do Benfica comprovaram-se dois indícios: que o Benfica é ainda um conjunto de talentosos amigos em ritmo de passeio e que os problemas do onze estão, na sua grande maioria, nas costas da linha defensiva.

    É muito feio apontar, mas em Vlachodimos reúne-se a maioria das responsabilidades dos erros duma equipa preguiçosa na hora de defender – se os de campo se divertem na metade adversária e o tentam asfixiar, é natural que surja o espaço mais atrás; e o grego, apesar de roçar o fabuloso entre os postes, não consegue tornar-se o porteiro duma área mais alargada muito devido à falta de ferramenta, o jogo de pés.

    Não tendo culpa evidente na derrota, ao Benfica bastou sofrer dois remates no alvo para sofrer dois golos. O Feyenoord é muitíssimo bem orientado por Arne Slot e os holandeses foram mais um exigente teste físico – a pressão imensa, a forma como engoliam o pequenino Rafa, o inconsequente Ramos ou o alienado Aursnes e matavam as ideias do Benfica à nascença – e a equipa não reagiu bem, voltando a demonstrar agudas deficiências na saída de bola, um dos pontos onde Vlachodimos, guarda-redes tradicional, não pode ajudar.

    Essa agressividade holandesa (fizeram 16 faltas, o dobro das do Benfica!) arrumou desde o início com a finesse encarnada. Rafa perdeu 19 bolas, Jurasek, que voltou a inspirar arrepios pela forma como tenta tratar a bola, 13, Di Maria não apareceu sequer. Um completo amasso tático.

    Daqui a nove dias, entrará em campo um Porto em tudo semelhante a este Feyenoord e por isso terá Roger Schmidt de se adaptar. Cresce naturalmente a convicção de que para guardar as costas de tanto fantasista será obrigatório dar a chave do meio-campo a Tino, produzindo a mesma dinâmica que deu ao Benfica os quatro meses de invencibilidade no início da época passada; e Aursnes, que sendo contratado para ‘8’ é cómico constatar que é impecável em toda a posição menos nessa, poderá voltar ao seu papel de vagabundo a partir da esquerda, que parece ser a melhor forma de espremer todo o seu talento.

    Não é grave o 2-1 nem as derrotas consecutivas – importante é que se tirem todas as ilações em relação à capacidade física da equipa e a dote de soluções na saída de bola, um problema já cultural do Benfica. Contra onzes mais atléticos, é ver a equipa a encolher-se, impotente perante o papão e sem inteligência para combater a força com o cérebro – e numa equipa com Kokcu, Aursnes, Rafa, Di Maria, João Mário ou Neres, exige-se outra postura. Como se exige que no próximo dia nove a equipa entre em campo já com mentalidade competitiva e não neste andamento de quem voltou agora de férias. Até porque já passou um mês.

    O golito da consolação conseguido a cinco minutos do apito, quando muitos já nem estavam atentos ao que se passava na Banheira de Roterdão, foi marcado pelo único que rema contra essa maré de desleixo e contemplação. Joga no Verão como jogaria numa noite chuvosa em Vizela para o campeonato ou na final duma competição europeia – e é essa diferença que faz de Musa jogador extremamente útil e muitas vezes decisivo, apesar de não ser um portento técnico como muitos dos colegas. Por isso mesmo, tem 11 golos em 1111 minutos oficiais pelo Benfica – ou seja, 12 jogos completos.

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.