Prefácio
De um lado Portugal, país-berço de alguns dos melhores do desporto-rei; do outro, Itália, país da bota e de três botas de ouro. De um lado Lisboa, capital portuguesa por desígnio; do outro, Milão, capital futebolística italiana por direito. De um lado o SL Benfica, duas vezes campeão da Europa; do outro o FC Internazionale Milano, três vezes rei do Velho Continente. De um lado a ambição sem limites; do outro… exatamente o mesmo, na mesma desmedida loucura.
Capítulo I: Luz, ação!
O palco não podia ser melhor: o Estádio da Luz. O cenário não podia ser mais idílico: a Liga dos Campeões. Os trajes estão prontos: os atores vão vestir dois mantos bordados a história e glória, com botões de lágrimas cosidos à mão à custa de ilusões cumpridas e desilusões compridas. Palavra aos atores. (Aqui entre nós e colocando de lado pretensões de imparcialidade, que o guião não seja uma reedição da final europeia de 1965!) Será, importa não olvidar, uma encenação a dois atos, com personagens ausentes no primeiro que estarão presentes no segundo.
Capítulo II: Caminho marítimo para Istambul (com escala em Milão)
Conhecidos pela coragem quase estúpida – por vezes, estupidez quase corajosa – que os impeliu a tomar o leme rumo a um destino incerto pela certeza de um Destino, os portugueses vão hoje enfrentar as primeiras marés sem o seu homem do leme, sem o seu capitão. As baixas não ficam por aí, mas podia ser pior (Bah lá, vá lá). Do outro lado, está também enfraquecido o Adamastor italiano.
Em Milão, a batalha naval contará com duas frotas reforçadas. Será necessária uma intrepidez lusitana a fazer jus aos pergaminhos de um povo que já não se (re)conhece, mas que, por algum estranho motivo, encontra no futebol uma forma de canalizar e explanar uma força que noutros domínios parece esquecida.
Capítulo III: A chama imensa do Inferno da Luz
O melhor caminho para o Céu é pelo Inferno. A glória eterna não parecia tão próxima para o SL Benfica há largas e desapontantes décadas. O Céu parece ser já ali, mas não é. Ainda é longe. Melhor, ainda está longe. Todavia, estará tão mais perto quanto mais imensa for a chama que abraseia o Estádio da Luz. Os adeptos do Internazionale querem o Céu? Mostremos-lhes o Inferno!
Capítulo IV: À Benfica!
Hoje não dá, joga o SL Benfica. Hoje não dá para não jogar o SL Benfica. Hoje não dá para não dar Benfica. Benfica em campo, Benfica nas bancadas, Benfica nos cafés, Benfica em casa, Benfica em tudo em todo ao lado ao mesmo tempo. Venha o Inter, que nós vamos de Alfa (nem a greve a CP nos para). Venha quem vier – e até pode vir por bem -, hoje não dá mesmo, porque hoje joga o Sport Lisboa e Benfica. Hoje joga o Glorioso. À glória! À Benfica!