Olá, Rui.
Peço desculpa por iniciar esta carta não me dirigindo a ti como Sr. Rui, Excelentíssimo Rui ou com outra saudação ou tratamento especial, mas poderás concordar comigo que nestes termos somos todos uma família. Como benfiquistas, estamos todos ao mesmo nível. Deste modo, espero garantir que as minhas desculpas sejam aceites.
Admitiria a tua não aceitação se esta carta fosse dirigida ao treinador do Sport Lisboa e Benfica. Aí, as coisas iriam mudar um pouco. Haveria em mim uma sensação de respeito e uma obrigatoriedade de te prestar um tratamento acima do normal. Embora nos primeiros jogos contigo no cargo eu fosse um daqueles que torcia o nariz – a pré-época paupérrima em vitórias; a perda da Supertaça Cândido de Oliveira para o rival lisboeta; o início de época conturbado -, eu não deixei de te imaginar a erguer o troféu no fim da época.
Vi pela televisão em direto, na impossibilidade de estar presente, a tua apresentação e acreditei no “Futuro de Vitória” acoplado ao “Passado de Glória” que já tivemos. Não achei por acaso o teu nome ser o futuro. Depois de a equipa amadurecer, de deixares para trás o fantasma do antigo treinador, e de a equipa jogar à Vitória, as coisas encarrilaram-se.
E de que forma, Rui! Ganhámos em Alvalade, no Bessa, em Vila do Conde. Com sorte, diriam alguns, mas não só, diríamos nós. Além dos troféus que nos ajudaste a erguer, uma das coisas que de melhor trouxeste ao Benfica, Rui, foi a união e paixão. Já há muito tempo que não se via um grupo unido desta forma. Onde todos se unem pela equipa e não pela vitória como antes acontecia. A união está presente sempre, em todas as circunstâncias. Anteriormente, a união do plantel era um fim pelo meio de ganhar. Contigo não. Contigo, a equipa une-se como um meio para chegar a um fim. E esse fim é a vitória. Tal como sempre foi. E bem que tu sabes, não é, Rui?