Construímos recordações inesquecíveis

sl benfica cabeçalho 1

O passado é, essencialmente, feito de sensações. É assim que guardamos a maioria das nossas memórias: as imagens esbatem-se com o tempo (alguns factos perdem-se ou misturam-se) e apenas as sensações se mantêm inalteradas, tal como à altura e para sempre. Se perguntarem a qualquer benfiquista como recorda, por exemplo, a época 2012/2013, ele muito provavelmente vos dirá, com um aperto no peito, que não sabe do que falam ou, como alternativa, recomendar-vos-á de imediato uma viagem de ida a certo sítio desagradável. Alguns recordar-se-ão de que, nesses anos e já como hoje, o Benfica praticava o melhor futebol no país, detinha um plantel de qualidade inegável – parte dele, pouco mais tarde, espalhado por essa Europa milionária –, e chegou, com naturalidade, às fases decisivas de todas competições em posição privilegiada para as vencer. No entanto, por uma ou outra razão, algumas difíceis de explicar e de compreender, o Benfica nada ganhou, desperdiçando em apenas um mês e de forma incrível e inaceitável o campeonato, a Taça de Portugal e a Liga Europa.

Actualmente, todos nós, benfiquistas, estamos muitíssimo satisfeitos com o grupo de técnicos e jogadores que representa o nosso clube. Com a evolução e a qualidade demonstradas, com os resultados alcançados e, sobretudo, com a atitude colectiva patenteada em campo, seja qual for a competição ou o adversário. Esta receita, feita de trabalho e humildade, alterou a ordem que em Agosto último se parecia desenhar inevitavelmente – perto do fim, é o Benfica que se encontra em posição privilegiada para festejar; o mesmo Benfica que foi a Munique olhar nos olhos do poderoso Bayern, perdendo somente por razões que o mundo inteiro testemunhou e que já nem sequer o espantam. Neste momento, o universo benfiquista vive de sensações de satisfação e orgulho e com uma imensa confiança no futuro imediato.

A união em torno dos valores do Benfica é o verdadeiro segredo do nosso sucesso. Fonte: #SLBenfica
A união em torno dos valores do Benfica é o verdadeiro segredo do nosso sucesso
Fonte: #SLBenfica

Porém, importa recordar que só as sensações do passado se entranham e perduram. As actuais são em tudo semelhantes às sentidas em Abril de 2013, quando a glória reservada foi, pouco depois, forçosamente adiada por uma infeliz incompetência própria. As excelentes exibições com Sporting de Braga e Bayern de Munique voltaram a comprovar as qualidades individuais e colectivas dos nossos jogadores, tornando alguns argumentos alheios ainda mais ridículos. Importa, todavia, não perder o foco daquilo que é, objectivamente, o nosso principal objectivo e essencial de conquistar: o campeonato.

Nesta recta final, e quando a luta está reduzida a dois, as dificuldades irão acentuar-se. O discurso com o objectivo de pressionar ilegitimamente as equipas de arbitragem nomeadas para os nossos jogos, protagonizado pela direcção do Sporting, repete-se semanalmente com total impunidade. A retórica demagógica e populista, proferida do topo às bases deste clube, continua a fazer furor pelas redes sociais e na comunicação social, merecendo a já habitual amplificação de quem encontra conforto para frustrações e complexos no ataque ao Benfica – pessoalmente, a insistência parece-me de certa forma louvável, tendo em consideração a mediocridade dos resultados obtidos.

Para ser campeão, basta ao Benfica ser e fazer como sempre: alhear-se desta estratégia rasteira e impotente que, um dia, envergonhará todos aqueles que agora a aplaudem; agindo pelos seus direitos (e pelos dos seus) apenas e só na hora e nos locais apropriados. No resto, basta-nos o trabalho e a vontade constantes de ser superior ao adversário em cada lance, em cada jogo e competição; com honestidade e seriedade, jamais relaxando, evitando os excessos de confiança e de entusiasmo. Até ao fim, temos de nos manter unidos em torno da missão que a todos nós – dirigentes, técnicos, jogadores e adeptos – cabe fazer cumprir; juntos somos invencíveis, sem rival neste nosso Portugal. Esta é a verdadeira diferença: as memórias do nosso clube são feitas de amor e de outras boas sensações.

Foto de Capa: SL Benfica

João Amaral Santos
João Amaral Santoshttp://www.bolanarede.pt
O João já nasceu apaixonado por desporto. Depois, veio a escrita – onde encontra o seu lugar feliz. Embora apaixonado por futebol, a natureza tosca dos seus pés cedo o convenceu a jogar ao teclado. Ex-jogador de andebol, é jornalista desde 2002 (de jornal e rádio) e adora (tentar) contar uma boa história envolvendo os verdadeiros protagonistas. Adora viajar, literatura e cinema. E anseia pelo regresso da Académica à 1.ª divisão..                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

José Fonte vai ou não renovar com o Casa Pia? Eis a resposta

José Fonte continua no Casa Pia por mais uma temporada. Defesa-central de 41 anos apresenta-se esta terça-feira.

Igor Jesus deixa Botafogo e ruma à Premier League por 11,6 milhões de euros

O Nottingham Forest garantiu a contratação de Igor Jesus. Avançado brasileiro deixa Botafogo e ruma à Premier League.

Prestianni despede-se de Ángel Di María: «És uma lenda mas acima de tudo uma grande pessoa»

Ángel Di María está de saída do Benfica para jogar no Rosario Central. Gianluca Prestianni despediu-se do avançado.

Novela Viktor Gyokeres-Sporting: Cláusula dos 60 milhões de euros já está ativa

Viktor Gyokeres está na porta de saída do Sporting. Cláusula dos 60 milhões de euros já está ativa. Eis a situação.

PUB

Mais Artigos Populares

André Villas-Boas: Presidente sem norte ou soluções à vista

As críticas começam a aparecer e já há quem considere Villas-Boas o pior presidente da história do FC Porto

Barcelona vai emprestar avançado ao Estrela Amadora

O Estrela Amadora garantiu a contratação de Alan Godoy por empréstimo do Barcelona. Avançado de 22 anos a caminho.

Roménia: Glória ao passado, silêncio no presente

Houve um tempo em que a Roménia era temida. Um tempo em que os adversários olhavam com respeito para aquela camisola amarela