Eliminação precoce e gestão sem Europa

    A 27 de fevereiro consumou-se o Sport Lisboa e Brexit, com as águias a voarem para fora da Europa, depois de mais uma eliminação. A derrota na Ucrânia, aliada ao empate na Luz, ditaram a saída dos encarnados das competições europeias, num processo menos demorado, mas mais doloroso do que o próprio e original Brexit.

    A eliminação precoce (julgava existir remédio para isso, mas afinal é para algo parecido) não estaria, por certo, nos planos da estrutura benfiquista. No entanto, há um ponto positivo a retirar da situação: a gestão do plantel torna-se menos exigente (a esse nível, a outros níveis não está nada fácil gerir aquilo). Isto porque, na verdade, o plantel encarnado não estava sequer próximo do exigido para que Bruno Lage pudesse fazer uma gestão adequada, caso as águias disputassem duas competições nos próximos tempos.

    Daqui em diante (com onze partidas até final da época), a preocupação única é escolher verdadeiramente os melhores. A escassez de competições significa que não há necessidade de gerir o esforço, e a escassez de soluções no plantel significa que não há expetativas individuais para gerir. A situação na baliza benfiquista é o exemplo perfeito disto. O SL Benfica decidiu atacar a segunda metade da época sem uma opção viável de recurso para a posição de guarda-redes.

    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    Com uma competição apenas em disputa, salvo qualquer lesão de Vlachodimos, torna-se mais fácil gerir a posição: a escolha recairá, inevitavelmente, no grego em todos os jogos. O mesmo se passa em relação às laterais. Atacar duas competições com apenas Grimaldo, André Almeida e Tomás Tavares como opções seria potencialmente um descalabro. A falta de centrais é ainda mais clamorosa e até o meio-campo, agora sem Gabriel, aparenta necessitar de soluções que não se encontram no plantel.

    Na frente de ataque poderia residir o caso mais bicudo, no respeitante à gestão de expetativas, uma vez que são três os avançados que quererão o seu espaço no onze. Contudo, a lesão de Seferovic e uma fase menos positiva de Vinícius vieram provar que três candidatos ao posto mais avançado do sistema de Bruno Lage poderão não ser muitos, ainda que reste apenas uma competição de longa duração para tentar vencer.

    Ainda assim, Bruno Lage terá que ter pulso e capacidade de liderança para explicar a jogadores como Florentino que não terão (muitas) oportunidades e o porquê de ser disso mesmo. Todavia, a infeliz – mas merecida – eliminação precoce das competições europeias redunda, indubitavelmente, numa teórica melhor e facilitada gestão de plantel. Infelizmente, os mais recentes jogos têm demonstrado o completo e preciso contrário.

     

    Artigo revisto por Joana Mendes

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
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