International Champions Cup – custo ou benefício?

    É oficial! Depois de 2015 e pela segunda vez na sua História, o Sport Lisboa e Benfica irá estar presente em mais uma edição da International Champions Cup, competição de pré-época que reúne as maiores equipas a nível europeu e que se distribui por três continentes: América do Norte, Ásia e Europa.

    Para a edição de 2018 estão também confirmados: Arsenal FC, Chelsea FC, Liverpool FC, Manchester City FC, Manchester United FC, Tottenham Hotspur FC, Paris Saint-Germain FC, FC Bayern Munich, BV Borussia Dortmund, FC Internazionale Milano, Juventus FC, AC Milan, AS Roma, SL Benfica, Atlético de Madrid, Real Madrid CF, FC Barcelona e Sevilla FC.

    Com uma participação repartida entre Suiça e Estados Unidos da América, iremos defrontar a formação do Sevilla FC no dia 20 de Julho, seguindo-se os alemães do BV Borussia Dortmund (já em solo americano) a 25 de Julho e terminaremos contra a Juventus FC no dia 28 de Julho.

    Ora, o facto de sermos convidados a participar numa competição deste género, onde iremos defrontar algumas das equipas que habitualmente vemos nas grandes decisões, levará a marca a sair fora do solo europeu. Não é novidade que um dos objectivos da Direcção presidida por Luís Filipe Vieira é a expansão da marca “Benfica” e ver o nome do Clube associado a este evento poderá trazer alguns benefícios a nível comercial. Isto para não falar no prestígio que deverá ser reconhecido a um Clube como o Sport Lisboa e Benfica.

    Por outro lado, para além da estratégia comercial, há que considerar também a vertente financeira. A participação de 2015 rendeu um cachet de três milhões de euros e, embora a performance não tenha sido nada por aí além (em quatro jogos, a equipa de Rui Vitória empatou dois e perdeu os outros dois), o que é facto é que só a presença bastou para que esse valor entrasse direito nos cofres da SAD. Adicionalmente, o facto de o Benfica não ter, para já, presença garantida na edição da Champions League da próxima temporada, poderá ter levado a Direcção a dar este passo. É sabido que o facto de estar na maior competição de clubes a nível europeu é imprescindível para qualquer equipa – principalmente para as portuguesas –, portanto havia que salvaguardar desde já a entrada de algum capital no caso desse cenário se comprovar.

    André Almeida no jogo de 2015, contra a ACF Fiorentina, que terminou empatado (0-0) e no qual o SL Benfica foi derrotado nos penalties
    Fonte: SL Benfica

    Olhando agora para a parte desportiva, este tipo de competições numa fase tão importante como é a pré-época pode ter alguns pontos negativos. Irão existir várias viagens pelo meio e duas delas serão longas (ida para os Estados Unidos e regresso), o que implicará menos tempo de treino, menos tempo de trabalho específico, menos tempo para criação de rotinas. Sendo a pré-época importantíssima para os jogadores serem sujeitos a elevadas cargas de treino – de forma a que estejam preparados a todos os níveis para uma época de trabalho longa e exigente –, estas variáveis poderão ter reflexos mais tarde.

    Outro ponto importante a considerar é o facto de, com pouco tempo de treino, as novas mecânicas que o treinador queira adicionar (ou mesmo a integração de novos jogadores ao grupo de trabalho) poderão vir a ser mais difíceis de assimilar. Finalmente, olhando para o nível altíssimo das equipas que iremos enfrentar, também poderemos encontrar alguns pontos menos positivos. Serão jogos onde estaremos mais preocupados em defender, caso contrário poderemos passar um mau bocado.

    Dou como exemplo as duas participações na Emirates Cup, onde temos sido constantemente goleados e isso, a meu ver, também não ajuda em nada na preparação. Em jogos mais nivelados ou mesmo sendo teoricamente superiores, poderíamos testar outras estratégias que passariam por não estarmos somente remetidos ao momento defensivo do jogo. Não é que este momento não seja importante de ser trabalhado, mas quanto melhor preparados estivermos em termos globais, melhor nos poderá correr a época.

    Em 2015, foi este o planeamento de pré-temporada que o Benfica traçou. O arranque de época aos solavancos e a grave onda de lesões que afectou o plantel poderão ter sido originados por uma preparação que incluiu uma longa digressão e que se revelou insuficiente. Desta vez, o tempo no continente americano deverá ser mais curto (à partida, não haverá novamente uma viagem ao México) e ainda não se conhece o restante planeamento, mas tudo isto leva-me a questionar se vale assim tanto a pena abdicar de uma pré-época estável, sem grandes viagens e com jogos mais nivelados a troco de um valor simbólico de três milhões de euros?

    Precisamos que nos conheçam a nível mundial? Não creio. Entendo a decisão pela parte comercial, mas não consigo deixar de pôr à frente de tudo o plano desportivo. Afinal de contas, é esse plano que poderá explicar e dar ainda maior reconhecimento à grandeza do Sport Lisboa e Benfica.

    Foto de Capa: SL Benfica

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    Bruno Costa
    Bruno Costahttp://www.bolanarede.pt
    Alfacinha de gema e Benfiquista por natureza, Bruno é um obcecado por Futebol e foi através da escrita que encontrou a melhor forma de dar a conhecer essa sua paixão pelo desporto-rei. É capaz de estar desde Segunda-feira até Domingo à noite a ver todos os jogos que passam na TV. Terá sido em pequeno que toda esta loucura futebolística foi despertada pelo seu Pai e pelo seu tio que, respetivamente, o levavam ao Estádio do Restelo e ao Estádio da Luz. Bruno não suporta facciosismos e tenta sempre ser o mais crítico possível para com o seu clube.                                                                                                                                                 O Bruno não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.