Lisboa fica junto a Matosinhos, e ponto final!

    Terceiro Anel
    Jorge Jesus, treinador do clube pelo qual sou doente, técnico do clube pelo qual eu suspiro constantemente, orientador do clube pelo qual eu me contorço, me esganiço, me descontrolo. Jorge Jesus, homem de convicções fortes, homem portador de doses de teimosia a roçar o olímpico, homem que consegue assegurar que Lisboa fica a escassos cinco quilómetros de Matosinhos, não admitindo que ninguém contraponha isso! Desde que colaboro no Bola na Rede que já escrevi várias vezes sobre este grande treinador. Já disse muitíssimo bem dele, já o critiquei, até já fui bastante duro para com ele. Podem acusar-me de ser um situacionista, mas não se trata disso. Apenas escrevo com total sinceridade sobre os diversos momentos por que passa o meu soberbo clube, e Jorge Jesus nunca estará imune a isso.

    E a verdade é que o Benfica segue na primeira posição do campeonato, apesar do futebol praticado ainda estar a milhas daquilo que é o mais consentâneo com uma instituição deste calibre. E para isso têm contribuído diversos factores, sendo que para o caso não importa referir todos eles. Se bem que há um que me assalta de imediato o pensamento: o internacional grego Samaris, excelente jogador na minha óptica, mas que está visto que para já não rende na posição 6. Pode vir a render, até porque todos nós reconhecemos o toque de Midas de JJ, porém ainda está longe de conferir ao conjunto aquilo que um atleta na zona mais recuada do meio-campo deve conferir. Agora também me podem atirar à cara com as lesões de Rúben Amorim e Fejsa, só que ainda há um André Almeida, por exemplo, que na partida disputada no Mónaco deu boa conta do recado.

    Samaris ainda se encontra longe do rendimento esperado Fonte: www.maidirecalcio.com
    Samaris ainda se encontra longe do rendimento esperado
    Fonte: www.maidirecalcio.com

    Lá está, Jorge Jesus é um enormíssimo treinador, de longe um dos melhores técnicos portugueses, e muito sinceramente chego a sentir-me um privilegiado por poder tê-lo a servir o clube que me arrebata. Porém, também me sinto na obrigação de recorrer à minha memória e de enunciar outros momentos desta personagem amadorense pelo maior de Portugal, momentos esses pautados pela teimosia, e que não raras vezes causaram dissabores a milhões de adeptos.

    2010/2011, época de má memória para toda a nação benfiquista. Durante toda a temporada Jorge Jesus insistiu num tal de Roberto para a baliza (sim, o tal que não sabe jogar mal lá para os lados do Pireu…), o que acabou por se traduzir na perda de vários pontos, em humilhações em momentos negros. Além disso, nessa mesma época, a tal derrota por 5-0 no Dragão (que arrepio ao escrever isto), jogo no qual JJ decidiu voltar a insistir em David Luiz a defesa-esquerdo (já o havia feito meses atrás em Liverpool, com igual resultado nefasto), ficando assim Sidnei no eixo defensivo ao lado de Luisão. E pronto, lá se sabe o que aconteceu.

    2011/2012, mais um capítulo desta saga. Emerson, lateral-esquerdo brasileiro, homem com evidentes dificuldades no simples acto de correr, foi o eleito para ser o dono do lugar durante toda a época desportiva. Mas não havia nenhum substituto à altura? Não, “só” havia Capdevilla, futebolista campeão do mundo pela selecção espanhola.

    2012/2013, outro clássico. Melgarejo, jovem paraguaio adaptado à lateral-esquerda (tanto que há para contar em relação a esta posição no meu Benfica…), uma insistência de Jorge Jesus. E a verdade é que a páginas tantas até deu a sensação de que Melgarejo estava convertido num excelente lateral, mas o final de temporada confirmou o contrário, com o atleta sul-americano a despedir-se do clube sem honra nem glória.

    2013/2014, a época de todos os sonhos, a época que acabou por ser uma história de encantar, um conto, uma maravilha, um regalo, uma epopeia. Mas até nela houve um ou outro “podre”. Para começar, Jorge Jesus apostou nalgumas partidas em Bruno Cortez, futebolista que num Olivais e Moscavide não passaria de um nível médio. Autêntico desastre, logo conduzindo a resultados negativos. Para colocar Oblak na baliza foi o cabo dos trabalhos, contribuindo para isso uma lesão de Artur. E até para lançar mais vezes Rodrigo em campo tiveram que entrar outros factores em jogo.

    Em suma, Jorge Jesus já errou muito? Afinal até nem é assim tão bom treinador? Sim, já errou por diversas vezes, mas é natural que se errem várias vezes quando se está num clube há quase seis anos. Volto a realçar: Jorge Jesus é um treinador de elevadíssimo nível, deu e ainda dará imenso ao Benfica, marcou uma reviravolta na história recente deste clube tão impactante. Mas às vezes coloco-me a pensar nestas teimosias deste monstro sagrado dos bancos de suplentes, e na forma como ainda podíamos ter sido mais felizes noutras alturas, caso tivessem sido tomadas outras decisões. Portanto, penso que para já não podemos ter um Samaris a alinhar na posição 6. Confio muito em si, Jorge Jesus, quase cegamente! Há um Benfica antes de si e outro após ter chegado. Mas eu não quero que cada bola que vá para as costas da defesa do meu clube seja um susto, não quero que o meu clube não consiga sair a jogar com qualidade de passe, não quero que este meio-campo viva em sobressalto. Confio tanto no seu trabalho, caro JJ, e portanto sei que muito provavelmente até fará de Samaris aquilo que pretende. Mas não experimente tanto, não deixe o Benfica em xeque, e não faça experimentalismos em jogos europeus. Para a Liga dos Campeões…qualquer teimosia pode acabar em agonia.

    Despeço-me como de costume nestas alturas: boa sorte, Sport Lisboa e Benfica. O Mónaco é inferior a nós, será inferior a nós, vamos ser felizes.

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    João Rodrigues
    João Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O João sabe todos os resultados do Benfica em jogos a contar para o campeonato português desde a temporada 1993/1994. Isto quer dizer alguma coisa, não quer?                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.