Foi sob o pretexto de discutir as medidas interventivas “pós-Covid” impostas pelo Governo, que afetaram o futebol português, e a sua requalificação, que Luís Filipe Vieira almoçou com Pinto da Costa no famoso “Rei dos Leitões”, restaurante na Mealhada, que serviu também de sede à reunião geral dos clubes da Primeira Liga umas semanas antes.
Frederico Varandas não foi convidado, segundo informações da CMTV, e Pedro Proença apareceu na fase final do encontro – os verdadeiros motivos continuam, ainda, por discernir quanto à razão primordial desta aproximação repentina entre os dois clubes, numa relação marcada por insistentes e acesas trocas verbais, e desencontros a nível estrutural nas decisões da Liga de Clubes.
Ganha desde logo um novo contexto a preparação da temporada 2021-22, ficando no ar a questão essencial: se foram discutidos assuntos urgentes como o regresso do público aos estádios ou a distribuição de receitas televisivas, porque não foram Sporting CP ou até SC Braga convidados? Ou, com sentido de justiça, qual a necessidade de reunir novamente e debater temas que seriam mais pertinentes na reunião geral da Liga?
Causou, assim, estranheza o contacto dos dois presidentes com reinado mais duradouro do nosso desporto, velhos conhecidos dos meandros do futebol português, mas que têm insistido em pautar a sua comunicação institucional de forma acalorada, cobrindo-se de acusações de toda a espécie.
Domingos Soares Oliveira e o almoço entre Vieira e Pinto da Costa: “Não sei, não estive lá. Já houve muitas reuniões entre todos os clubes. O Sporting é determinante para conseguirmos ter sucesso.” pic.twitter.com/QkN9SYezfb
— Cabine Desportiva (@CabineSport) June 30, 2021
Consequência infeliz da grande rivalidade que caracterizou a última década na disputa acesa de praticamente todos os títulos de campeão nacional – só este último, em virtude da vitória leonina, poderia proporcionar tal reaproximação. Uma reaproximação que não é inimaginável, mas antes surpreendente pela naturalidade e visibilidade que alguém permitiu e pelo timing proposto. Há um passado empresarial (e até clubístico) que os aproxima, mas a sensação que fica é a de que alguma mensagem foi entregue – o tempo ajudará a perceber o destinatário, se não for já óbvio.
Almoço que causou natural comoção no universo encarnado, sobretudo depois de Luís Filipe Vieira ter adiado a realização da Assembleia Geral Extraordinária a realizar no mesmo dia para, segundo o próprio, acompanhar o plantel principal no regresso aos trabalhos – viu-se agora que tudo não passou de uma desculpa esfarrapada para insistir na fuga ao pedido do movimento ‘Servir o Benfica’ (SoB), que desde novembro do ano transato luta pela realização da AGE.
Depois de várias negas da Mesa de Assembleia Geral ao requerimento, o SoB assegurou que todos os critérios fossem preenchidos de acordo com os estatutos – o mais significativo, os dez mil votos a favor da convocação da assembleia (tendo sido conseguidos 11060, resultado de 334 assinaturas dos sócios correspondentes), entregues a seis de abril e só validados pelo Presidente da MAG a… 19. A 11 de junho, em reunião com Rui Pereira, presidente da MAG, foi acordado data definitiva – três de julho.