Faltam seis jornadas. Dizem as contas que o Benfica está a quatro vitórias de garantir o troféu de 2013/2014. O primeiro desde o único que Jesus conseguiu no seu também primeiro ano. As saudades são muitas e as chagas que nos atormentam o coração são ainda mais depois de dois anos seguidos a deixar fugir o que era nosso por direito. Mas no futebol escreve-se torto por linhas direitas e a injustiça não é factor a ter em conta. Porque a bola rola sempre para os dois lados.
Este ano é mais do que tempo de rolar para o nosso. Não por sorte ou demérito dos nossos eternos rivais, mas porque – e aqui Jesus justificou o seu divino nome – o Benfica ressuscitou da morte certa. Do maior período de desânimo e tristeza desde a negra década de ’93-’03. E fê-lo despedindo-se ainda de Eusébio e Coluna. Com Cardozo afastado dos relvados. Salvio obrigado a paragem. Cortez no lado esquerdo. Matic a rumar a Londres. E com um novo guarda-redes de apenas 21 anos.
É olhando para os números que se descortinam as grandes diferenças entre o Benfica de hoje e o Benfica fantasma do princípio da época: passámos 19 jornadas atrás de Sporting e Porto no que toca aos golos marcados e sofridos. Não fomos nunca capazes de ter a melhor defesa ou o melhor ataque. Só depois de 20 jogos jogados é que foi possível provar matematicamente o nosso poderio atacante e a nossa assertividade defensiva. Se tem muito de grave, tem também muito de mérito. Porque soubemos ultrapassar a nulidade que Cardozo tem sido e soubemos reafirmar Lima – dois golos no jogaço de ontem – e dar asas a Rodrigo – possivelmente o melhor atacante do Campeonato no momento; porque soubemos reavivar a chama de uma relação como há poucas entre os nossos dois enormes centrais, sabendo também metê-los a jogar com laterais que, tanto à esquerda como à direita, vão rodando sem assumirem nunca o lugar de titulares…centrais esses que, nos últimos 14 golos do Benfica, marcaram seis (três para Garay, contra o Tottenham e o Nacional, e três para Luisão, também contra o Tottenham e contra o Estoril).
Em 24 jogos para o campeonato temos 47 golos marcados (mais um do que o Sporting e mais três do que o Porto), o que dá uma média de quase dois golos por jogo, e apenas 15 golos sofridos (menos dois do que o Sporting e menos três do que o Porto), sendo que o máximo de tentos que deixámos entrar na nossa baliza num jogo foram dois. Estamos melhores em todos os campos, inclusive fora do nosso, sendo que matámos a tendência do princípio da época de não conseguir sair por cima quando jogávamos fora. Aconteceu na Madeira e em Alvalade e só voltou a acontecer em Barcelos, a dia 2 de Janeiro, no empate a uma bola contra o Gil Vicente. Desde então que as deslocações se traduzem em muitos festejos (três jogos fora e sete golos contra Paços, Belenenses e Nacional).
No entanto, o factor que tem feito a diferença têm sido os lances de bola parada. Lembro-me, como se fosse ontem, de comentar com os meus companheiros benfiquistas do Bola na Rede, aquando do jogo contra o Porto, que o Benfica já há muito tempo que não sabia o que era marcar golos de canto ou de livre. Que todas as tentativas nesse sentido eram mais do que vãs e impróprias para cardíacos e que, bem pelo contrário, era até mais recorrente ver a bola a entrar na nossa baliza num lance de tal espécie. Tal corrigiu-se e, para além de não termos sofrido mais golos infantis como aqueles que o Sporting veio à Luz marcar no encontro para a Taça de Portugal, apontámos ainda, nos últimos 14 golos, quatro de bola parada: Garay fez um contra o Nacional – de canto – e Luisão fez os outros três, dois contra o Tottenham – de canto e de livre indirecto – e o terceiro contra o Estoril – também ele de canto.
Tudo isto são dinâmicas que o Glorioso precisava de alterar. Tudo isto são pormenores que fazem jogos e que Jesus tinha de afinar. Conseguiu. Conseguimo-lo. Os passos de gigante já estão dados. E pela frente, se olharmos para o calendário, já só temos duas difíceis deslocações: a Braga – dia 30 de Março – e ao Dragão – última jornada, no dia 11 de Maio. Assegure-se a vitória contra os bracarenses e o Benfica é campeão. Porquê? Porque este ano nenhum “Benfica 1-1 Estoril” terá direito a repetição junto das nossas hostes.
Este ano quem manda na nossa casa somos nós. E o nosso destino só a nós pertence…a matemática que o diga.