«Não era o meu futebol. Jorge Jesus não ia era com a minha cara» – Entrevista BnR com Miguel Rosa

O Evangelho, segundo Miguel Rosa, podia ser o nome da obra que versava sobre o percurso contrário ao que rezava a profecia de um missionário do nosso futebol. Encontrou na Cruz de Cristo, com vista para o Tejo, o santuário que buscava desde o Inferno da Luz. Figura de proa da embarcação azul, viu o barco a ir ao fundo antes de pedir Piedade e ver na Cova a salvação. Nunca precisou de panegíricos para estar ciente do seu valor e, como qualquer devoto a este desporto, deixou a promessa de muitos golos na próxima época. Se Deus quiser, porque com Jesus não pode contar. Em mais uma aparição das Entrevistas Bola na Rede, luz Miguel Rosa.

– Retrospetiva de um amor profundo –

“Sempre fiz grandes épocas desde que comecei a ser comparado a Rui Costa”

BnR: Bem-vindo, Miguel. Obrigado por teres aceitado conceder-nos esta entrevista. O futebol surgiu muito cedo na tua vida.

Miguel Rosa [MR]: Aos oito anos. Os meus familiares leram num jornal desportivo que o Benfica estava a fazer captações e decidimos ir lá tentar a sorte, porque não tínhamos nada a perder e o “não” era sempre certo. Acabei por treinar com a equipa A – um ano mais velhos do que eu -, e a verdade é que me correu muito bem e eles quiseram logo ficar comigo.

BnR: Como viste a transição dos Pupilos do Exército para o Benfica Campus?

MR: Não há comparação possível. Saímos de um pelado, que arranhava por todo o lado, e de uns quartos que eram uma coisa mínima para um luxo – aquilo agora é um hotel, praticamente. Até já ouvi dizer que está nomeada para Melhor Academia do Mundo. É qualquer coisa de extraordinário.

BnR: Disseste recentemente que as memórias desses tempos davam um livro. Queres ensaiar agora um capítulo e contar algumas delas?

MR: Vou pelas mais engraçadas. Estávamos na passadeira do ginásio, eu e o André Carvalhas, e ele pôs na velocidade máxima – tínhamos de entrar em andamento. O Carvalhas conseguiu, porque se agarrou de lado. Eu, em vez de fazer como ele, quis agarrar-me no meio, e não me matei por um bocadinho. Era o centro de estágio inteiro a gozar comigo. Depois, tive outra: o carrinho de relva. Muitas vezes íamos para os treinos nele. Certo dia, não sabia que estava com a marcha-atrás posta, carreguei no acelerador, aquilo anda para trás e parti tudo o que lá havia.

BnR: Deixaste a escola e tiraste um curso profissional. De quê?

MR: De informática.

BnR: O rótulo de um dos jogadores mais promissores da tua geração pesou negativamente?

MR: Não, nunca senti esse peso. Aliás, até foi bom, porque as pessoas olhavam-me de outra forma. A verdade é que sempre fiz grandes épocas desde que comecei a ser comparado, por exemplo, com o Rui Costa. Desde então, comecei a fazer tudo e mais um pouco, mas não tive oportunidades para dar continuidade na equipa A.

Fonte: Facebook Miguel Rosa

BnR: Esses bons desempenhos valeram-te chamadas às seleções e à equipa principal. Alguma vez te deslumbraste?

MR: Não, pelo contrário. Sempre mantive os pés bem assentes no chão e sabia que tinha de continuar a trabalhar. Nos escalões jovens de Portugal, lembro-me de um torneio que fizemos no Porto, no qual acabámos por ser campeões e onde eu fui considerado o melhor jogador da competição. Nessa altura, falou-se em grandes equipas que andavam atrás de mim, como o Barcelona e o Arsenal, mas nunca me chegou nenhuma proposta.

BnR: Também FC Porto e PSV Eindhoven mostraram interesse.

MR: O FC Porto foi num estágio da Seleção, no Jamor. O Freitas, que era diretor da formação do clube, foi perguntar aos meus familiares qual era a possibilidade de eu ir para o FC Port. Disseram-lhe que tinha contrato de formação e que tinham de pagar 250 mil euros dos direitos de formação ao Benfica, mas eles não estavam disponíveis para pagar esse valor. Por sua vez, o PSV contactou o Benfica, salvo erro, na Irlanda. Jogámos contra eles, ganhámos 2-0 e marquei os dois golos.

BnR: Porque é que Bruno Lage foi o treinador que mais te marcou nas camadas jovens?

MR: Quando o mister Bruno Lage me conheceu, começámos a jogar num sistema tático com o qual me identifico muito: o 4-4-2 losango, onde jogava a “10”, atrás dos dois avançados.

BnR: O sistema predileto de Jorge Jesus.

MR: Exatamente. A partir daí, comecei a fazer cada vez mais grandes épocas e cada vez mais golos. Nos Juvenis de segundo ano, fiz 37 golos! Sempre fui um médio que se caracteriza pelo meu instinto goleador: todos os clubes por onde passo, faço bastantes golos.

BnR: Como viste a passagem de Bruno Lage pela equipa principal?

MR: Eu, o André Carvalhas, o Rúben Lima, o Miguel Vítor – os que tinham mais confiança e moral com ele – já falávamos nisso nos juniores; dizíamos-lhe mesmo que era uma questão de tempo até chegar à equipa principal do Benfica. Sabíamos do seu valor, da pessoa que era e a forma como motivava os jogadores. Percebemos que ia ser um treinador de alta competição.

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Miguel Ferreira de Araújo
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