– De caixão à Cova –
“Pelo menos entre oito a dez golos prometo que vou fazer”
BnR: Disseste na tua apresentação pelo clube de Almada que tiveste propostas de emblemas da Primeira Liga. Quais foram?
MR: O Rio Ave, mas tive de optar pelo Cova da Piedade.
BnR: O Cova da Piedade tem condições para almejar a algo mais que a Segunda Liga?
MR: O objetivo, quando cheguei, passava por estabilizar o clube na Segunda Liga, mas condições não faltam para sonhar com a Primeira Liga.
BnR: Fizeste um interregno de seis meses na última temporada, com o Ventspils da Letónia, e o Universitatea Cluj, da Roménia, metidos ao barulho. Podes clarificar o que se passou?
MR: No Universitatea Cluj, a primeira proposta que me fizeram até me agradou, mas, passados uns dias, o valor do ordenado já tinha descido abruptamente. O tempo deu-me razão: os jogadores portugueses que foram para lá foram mandados embora passadas três semanas. Com Ventspils até cheguei a assinar. Dois dias antes de viajar, mandei uma mensagem ao diretor e ele liga-me “Pois, Miguel… temos de ver, porque a Câmara ia ajudar-nos com 75% do ordenado e agora diminuíram para 25%. O Presidente disse que o valor que ias ganhar agora é impensável e já não te consegue dar casa e carro…”. “Mas eu assinei um contrato!”, disse-lhe. “Mas nós não fomos a um notário reconhecer a assinatura”. Então fui ao advogado do Sindicato e fomos para tribunal.
Official: Former Benfica midfielder Miguel Rosa joins Segunda Liga side Cova da Piedade on a permanent deal after 6,5 seasons and 198 games for Belenenses: “I don’t know if Belenenses was my first love, but it is certainly the love of my life.” pic.twitter.com/4YeNFjMOWI
— Jan Fredrik Hagen (@PortuBall) January 11, 2018
BnR: Qual o papel do mister João Alves na tua decisão de voltares ao Cova da Piedade?
MR: O mister João Alves ligou-me porque soube que não tinha chegado a acordo com o Ventspils e perguntou-me se estaria disposto a regressar e a ajudá-lo. “Neste momento, o que mais quero é voltar a jogar e mostrar novamente o meu perfume”. Cheguei, peguei de estaca e a equipa começou a ter resultados: estávamos a três ou quatro pontos do Casa Pia e acabámos com seis ou sete de avanço. Quando começou a pandemia, estávamos a jogar muito bom futebol e acreditávamos que conseguíamos a manutenção dentro do campo.
BnR: O que pensas sobre a readmissão do Cova da Piedade e do Caso Pia na Segunda Liga?
MR: Devem manter-se, sem dúvida alguma. Acho injusto penalizarem equipas que ainda podiam defender-se dentro de campo. Ainda estavam 30 pontos em disputa.
BnR: O teu contrato terminou em junho. Já tens clube para a próxima época?
MR: Tenho algumas equipas interessadas, entre as quais o Cova da Piedade. Tive o Doxa, do Chipre, mas em termos de salário não me seduziu. Independentemente de onde jogar, pelo menos entre oito a dez golos prometo que vou fazer.
Todas as fotografias usadas nesta entrevista foram retiradas do Facebook do entrevistado de forma consentida
Artigo revisto por Mariana Plácido