O ano era 1966. Meio do século XX numa altura mais pacata, apesar de já existir o clima de tensão entre manteigas de amendoim e vodka, mas, acima de tudo, ano de campeonato do mundo. Esse mítico campeonato onde Portugal espetou 3-1 ao Brasil e atingiu as meias-finais, tendo perdido para a Inglaterra, país anfitrião, que dias depois de vencer o Portugal de Eusébio, Coluna, Simões e muitos outros, venceu a prova em Londres frente à Alemanha Ocidental.
Poucos ou, talvez muitos, saberão que este mundial é de grande memória para os portugueses, não só pelo que já foi referido, mas também, porque nos quartos-de-final, Portugal defrontou a Coreia do Norte.
Os norte-coreanos são tudo menos uma potência do futebol, mas naquele ano conseguiram surpreender tudo e todos, quando chegaram a uma fase tão adiantada da prova. Mas como? Como é que uma equipa que vem do nada, aparece de forma implacável nos quartos-de-final e depois é travada por 5-3 contra Portugal?
Simples. Soube-se, uns dias antes do duelo entre portugueses e coreanos, que o seleccionador coreano tirava partido da incrível semelhança que existia do ponto de vista do aspeto físico, entre os seus 23 jogadores, para, em todos os jogos, trocar os 11 que tinham disputado a primeira parte, por outros 11 que disputavam as segundas partes. Perante estes rumores, a organização da prova foi ao balneário do Portugal vs Coreia do Norte, ao intervalo, altura em que os coreanos venciam por 1-3, ficou lá o até que a segunda parte começasse, e foi embora. Na segunda parte, como já puderam perceber, os mesmos 11 levaram 4 golos e foram para casa.
Isto é aquilo que, futebolisticamente falando, pode ser tido em conta como ter duas equipas. Eram literalmente duas equipas que jogavam um jogo de 90 minutos. Eram 11 fresquinhos a começar o primeiro tempo e 11 fresquinhos a começar o segundo tempo. Esta ideia de que o Benfica tem duas equipas é só descabida. Aliás, a expressão em si não tem nexo.