SL Benfica 2-0 Vitória SC: Vitória encarnada em noite de prodígios à solta

    O SL Benfica x Vitória SC ficou marcado por dois prodígios de valor inestimável, numa liga já recheada deles. Aquilo a que assistimos na Luz, além do embate entre um grande em baixo e um grande Vitória, foi o confronto de super-talentos protagonizado Marcus Edwards e Florentino, figuras do jogo na próxima década, se confirmarem todo o potencial que demonstram cada vez que pisam um relvado.

    A necessidade de substituir um jogador como Julian Weigl não pode ser pormenor esquecido, numa primeira parte em que o Vitória muito fez para alcançar a vantagem. Mas, o Benfica, amorfo, apesar de uns minutos iniciais de pressão alta, teve jeito… italiano, chegando ao golo contra a corrente do jogo por intermédio do seu mais criativo jogador, Chiquinho.

    A entrada dos encarnados foi forte, causou nervosismo aos vimaranenses e as perdas de bola foram-se sucedendo em catadupa. Sol de pouca dura, acontecendo apenas enquanto Marcus Edwards estudava a melhor forma de dinamitar o meio-campo encarnado.

    O Vitória conseguiu sair ileso do cerco inicial e, inspirado pelo craque inglês, começou a invadir paulatinamente o território defensivo das águias e a provocar problemas graves na sua estrutura.

    Vlachodimos foi obrigado a três grandes defesas no culminar de jogadas endiabradas dos homens da frente: Ola John sentiu-se confortável a enfrentar André Almeida, Bruno Duarte definiu quase sempre bem e ainda teve tempo para acobracias – uma das grandes defesas do guarda-redes do Benfica resulta de um gesto técnico impressionante do brasileiro –, enquanto Edwards desfazia a cabeça em água a Julian Weigl.

    Tudo começa quando o alemão corta um contra-ataque encabeçado pelo prodígio aos 21 minutos: o amarelo é justo e despoleta uma série de acções despropositadas, faltas desnecessárias e que podiam perfeitamente justificar o segundo amarelo e a consequente expulsão. Veríssimo viu isso mesmo do banco, agradeceu as benesses de Hugo Miguel e foi espevitado na abordagem, concluindo que era urgente mandar aquecer Florentino e fazê-lo entrar na partida: o trinco português é chamado a jogo dez minutos depois, aos 31′.

    A segunda parte foi sintomática da importância que Florentino pode ter na equipa, de um potencial imenso pronto a ser explorado pelo próximo sortudo que ocupar o banco da Luz.

    O Vitória entrou novamente aquém do esperado, o Benfica controlou a bel prazer e o meio-campo encheu-se de simplicidade e processos simples de primorosa eficácia – que nem a displicência de Gabriel em certos momento ousou desfocar.

    Sinal claro da superioridade encarnada: o primeiro remate da segunda metade vitoriana só surgiu aos 73 minutos, e só aí a equipa de Ivo Vieira deu ares de retoma da qualidade colectiva atingida nos primeiros 45 minutos. O jogo abriu-se, partiu-se, e Veríssimo aproveitou para introduzir Seferovic e Rafa,com intenções de aproveitar a velocidade e a capacidade de ambos na procura da profundidade.

    Entraram bem, o suíço ia conseguindo golo de bandeira num chapéu a larga distância travado a custo por Douglas e, pouco depois, o 2-0 que acabaria com todas as dúvidas, na melhor jogada da partida, que finaliza num cruzamento de Rafa e no golo do avançado, claramente em dia sim.

    O Benfica adia assim o título do FC Porto por mais um dia, faz o seu trabalho de forma meritória (não fabulosa) e o jogo serviu especialmente para consagrar o grande trabalho de Ivo Vieira ao comando do Vitória minhoto e de um excelente leque de jogadores, que apesar do resultado demonstraram qualidade para outros voos.

    A FIGURA

    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Florentino Luís – A sua entrada foi preponderante no controlo que faltava ao Benfica até aí. Travou o ímpeto dos fantasistas adversários, entregou calma ao sector defensivo encarnado e produziu uma exibição de encher o olho que confirma a interrogação de muitos adeptos acerca do seu eclipse, que durava desde Dezembro. Justifica, de forma autoritária, todos os minutos possíveis.

    O FORA DE JOGO

    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Julian Weigl – Não que tenha sido aberrante no cumprimento das suas tarefas, mas, por variadíssimas razões, viu-se metido em peripécias à custa do talento adversário que não soube controlar. Deixou-se levar pelas emoções, abusou na agressividade e, fora do registo habitual, deixou de lado a subtileza para exagerar no ímpeto e nos timmings de pressão, escapando quase inexplicavelmente à expulsão ainda antes da meia hora de jogo. Tem certamente a inteligência suficiente para perceber onde errou e emendar, dando seguimento no próximo jogo às excelentes actuações que tinha vindo feito até aqui.

    ANÁLISE TÁTICA – SL BENFICA

    Nada de muito substancial a apontar – houve novamente várias fases onde Cervi e Pizzi trocaram de lado, permitindo ao português explorar a meia-esquerda, enquanto Nuno Tavares cavalgava sem oposição pela ala. Gabriel surgiu mais adiantado na reacção à perda da bola, encostando em Mikel Agu e deixando Weigl nas costas rodeado de preocupações, aspecto que mudou substancialmente aquando da entrada de Florentino, aproximando-se a equipa do registo em duplo-pivot mais habitual da era Lage. Chiquinho foi mais uma vez preponderante como terceiro médio e na aproximação à área, sendo disso resultado o golo de belo efeito que apontou.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Vlachodimos (8)

    André Almeida (5)

    Rúben Dias (5)

    Jardel (5)

    Nuno Tavares (4)

    Weigl (3)

    Gabriel (5)

    Pizzi (5)

    Cervi (5)

    Chiquinho (7)

    Vínicius (6)

    SUPLENTES UTILIZADOS

    Florentino (9)

    Seferovic (7)

    Rafa (4)

    Jota (-)

    Zivkovic (-)

    ANÁLISE TÁTICA – VITÓRIA SC

    Ivo Vieira manteve o 4-3-3 que marcou a época vimaranense, introduzindo Poha e André André como interiores à frente de Mikel Agu. Edwards surgia da direita para dentro e Ola John fazia o mesmo movimento no lado contrário, combinando os dois bem com o competente apoio de Bruno Duarte. No momento defensivo, o avançado era acompanhado por André André na pressão ao centrais encarnados, fixando a equipa muitas vezes em duas linhas de quatro de forma a impedir o jogo interior adversário. A presença de Suliman no eixo defensivo manteve-se, no quarto jogo seguido do central inglês a titular.

    ONZE INICIAL E PONTUAÇÕES

    Douglas (6)

    Sacko (5)

    Venâncio (5)

    Suliman (5)

    Florent Hanin (5)

    Agu (6)

    Poha (5)

    André André (5)

    Edwards (8)

    Ola John (7)

    Bruno Duarte (6)

    SUPLENTES UTILIZADOS

    Pedro Henrique (4)

    Ouattara (4)

    Pêpê (4)

    João Pedro (-)

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.