Escrevo estas linhas e admito, caro leitor, a minha inabilidade para colocar por palavras tudo aquilo que, como benfiquista, já vivi e senti neste dia tão único e especial. O Benfica é tricampeão nacional e ao escrever esta simples e curta frase compreendo, no imediato, a importância do momento. Aguardei uma vida inteira, suportei o fim do Benfica europeu, o período mais negro da história do nosso clube – que colocou a sua própria existência em risco – e o seu renascimento, no início deste século, lento e paciente. As vitórias regressaram, já não tão esporádicas, mas naturais e frequentes, consequência de um trabalho extraordinário (porém, não isento de erros) de consolidação desportiva por parte do presidente Luís Filipe Vieira. Este jogo, toda esta época que hoje termina, representa muito mais que a conquista de um campeonato: o actual Benfica é, mais do que nunca, aquele com que sempre sonhámos.
Rui Vitória é o grande protagonista deste título. Foram muitas as dúvidas – que tantas vezes partilhei – em torno da direcção seguida por este projecto; mas foram muitos mais os obstáculos ultrapassados brilhantemente. Rui Vitória uniu o grupo na adversidade; grupo que, já sem apostas a favor, com doses imprescindíveis de trabalho e humildade, pensando cada jogo como se de uma final se tratasse, realizou uma época de superação, que se conclui com a maior pontuação jamais obtida no campeonato português a 18 equipas. O Benfica termina na 1.ª posição com mais pontos, com o melhor ataque, com a segunda melhor defesa, com o melhor (Jonas, com 32 golos) e o terceiro melhor (Mitroglu, 19) marcadores, e com Renato Sanches, valorizado em 35 milhões de euros, como grande revelação da prova – é , por isso, um campeão justíssimo e inequívoco.
A tarde foi de festa. Benfiquistas de todo o mundo rumaram à Luz para aquilo que, no coração de todos, só poderia desaguar na festa do tricampeonato. Milhares na Catedral e milhões, muitos milhões, espalhados pelos quatro cantos do globo. Rui Vitória não contou com os castigados Eliseu e Renato Sanches, fazendo entrar para os seus lugares Talisca e Grimaldo. O regresso de Gaitán (por troca com Carcela) foi a outra alteração comparativamente com a jornada anterior.