SL Benfica | A descontextualização da formação

    A forma como as carreiras dos jogadores da formação têm sido geridas tem originado alguma discórdia por parte dos adeptos encarnados. Há dois anos, o SL Benfica conquistou o seu 37º campeonato com oito jogadores da formação no plantel. Nesta temporada, os encarnados têm-se apresentado na maioria dos jogos sem um único jogador da formação no onze inicial.

    Com a venda de Rúben Dias, os empréstimos de Florentino, Jota, Tiago Dantas e Ferro, assim como a pouca utilização de Gonçalo Ramos na equipa principal, muito se tem questionado se o projeto do SL Benfica tem a formação como base.

    Num dos artigos mais recentes, escrevi que o principal problema do SL Benfica relacionado com a formação era a incapacidade para gerir as expectativas dos jogadores formados no Seixal, algo que acontece por várias razões.

    Tudo começou quando a formação começou a ganhar mediatismo. A criação da equipa B e da UEFA Youth League deu à formação do SL Benfica rampas de lançamento para promover os seus atletas, sendo que jogadores como João Cancelo, Bernardo Silva, Ivan Cavaleiro e Gonçalo Guedes começaram a dar nas vistas.

    Desde então, a cada entrevista que dá, Luís Filipe Vieira diz com todas as letras que o futuro está no Seixal e que sonha ver um SL Benfica campeão europeu com uma espinha dorsal composta por jogadores formados no clube. Aliás, as saídas recentes de jogadores como Ferro, Florentino e Jota vão contra o que o presidente encarnado disse numa entrevista em junho de 2020, na qual referiu que havia 15 jogadores da formação capazes de assumir um lugar na equipa principal a curto-prazo, e que nenhum deles iria sair porque o contexto imprevisível causado pela pandemia faria com que estes pudessem ser precisos a qualquer momento.

    Gonçalo Ramos tem tido poucas oportunidades na equipa principal.
    Fonte: Bola na Rede

    Esta incapacidade para gerir expectativas por parte de dirigentes e adeptos faz com que a porta para a equipa principal esteja escancarada, o que tem feito com que houvesse jogadores a serem lançados de forma prematura, com poucos jogos na equipa B, que serve precisamente para que os jovens se preparem e adaptem a um contexto profissional.

    Um bom exemplo da forma como esta gestão tem sido mal feita é a situação do lateral direito na época 2019/2020. Após a conquista do campeonato em 2019, Luís Filipe Vieira disse numa entrevista à Rádio Renascença que o SL Benfica não estava à procura de laterais no mercado. Com a saída de Corchia e André Almeida lesionado, a equipa fez a pré-temporada com João Ferreira e Ebuehi – este último também acabado de recuperar de uma lesão grave. Nuno Tavares iniciaria a época a jogar a lateral-direito improvisado, sendo que Tomás Tavares, que não tinha feito a pré-época porque esteve no Europeu de sub-19, viria a assumir a vaga posteriormente.

    Neste momento, o clube não tem um contexto propício para a aposta na formação. A carreira de cada jogador é gerida ao sabor do vento. Um jogador tanto pode ser titular num jogo das competições europeias, como pode acabar por ser emprestado a um clube onde não tenha garantias de jogar com regularidade.

    E nesta questão, os adeptos também têm a sua quota parte de responsabilidade. A forma como jogadores como Rúben Dias e João Félix se afirmaram na equipa principal fez com que estes acreditem que a afirmação na equipa principal está ao alcance de qualquer um, fazendo com que os adeptos tenham pouca paciência para estes jogadores.

    Nos casos dos laterais Nuno e Tomás Tavares, estes são jogadores que acusaram a falta de andamento a este nível, sendo alvo de fortes críticas dos adeptos. É preciso entender que cada caso é um caso e que nem todos os jogadores têm a maturidade que lhes permite afirmar-se na equipa principal a curto-prazo.

    Moral da história: a falta deste contexto acaba por fazer com que quando um miúdo da formação saia do SL Benfica em busca de mais oportunidades, a responsabilidade seja de todos os envolvidos, desde o presidente que lhe promete mundos e fundos, ao treinador que não lhe dá minutos e, por último, aos adeptos, que não têm paciência para que este cresça e se desenvolva.

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    Tiago Serrano
    Tiago Serranohttp://www.bolanarede.pt
    O Tiago é um jovem natural de Montemor-o-Novo, de uma região onde o futebol tem pouca visibilidade. Desde que se lembra é adepto fervoroso do Sport Lisboa e Benfica, mas também aprecia e acompanha o futebol em geral. Gosta muito de escrever sobre futebol e por isso decidiu abraçar este projeto, com o intuito de crescer a nível profissional e pessoal.