Muito se tem debatido o momento de forma de Pizzi. Os benfiquistas afirmam que é apenas um momento de menor espetacularidade da carreira, já os adeptos de outros clubes dizem que este sim é o verdadeiro Pizzi. Não o hispano-argentino que jogou no Barcelona, mas o Luís Miguel Afonso Fernandes.
Nas épocas transatas, o médio português, ou extremo, conforme a opção tática do treinador, assumiu um papel de enorme destaque pelo que jogava, mas, sobretudo, pelo que fazia jogar. Desde ser o jogador que transportava a bola até zonas mais avançadas – Fesja é essencialmente um médio de recuperação defensiva -, era também o jogador que fazia passes de rutura que, com frequência, criava situações de superioridade numérica ofensiva.
Para além de Jonas, que é o maior desequilibrador na equipa encarnada, era no jogador que em tempos passou no Atlético de Madrid que se depositava a esperança de que num passe de qualidade elevada desbloqueasse defesas bem organizadas e, consequentemente, um resultado menos favorável. Não me recordo concretamente, mas de certo li e ouvi muitas vezes dizerem que era o melhor médio a atuar em Portugal, estatuto que não conseguiu manter, nem em Portugal nem mesmo no Benfica.
O que vemos hoje é um jogador desmotivado, que falha passes com grande frequência, considerando aquela a que habituou os adeptos, e que assume alguma timidez, numa forma suave de dizer pressão, na hora de assumir o controlo do jogo. Sem ideia de jogo, bola vem bola vai e nada acrescentar a não ser mais um passe para a estatística da partida.
Considerando as outras hipóteses de Rui Vitória, vejo em Krovinovic um bom jogador, com talento nos pés e uma margem de evolução que o pode deixar algo entusiasmado com o futuro, contudo só tem ganho maior destaque face ao momento de forma de Pizzi. Qual seria o adepto benfiquista que olharia para o jovem com hipóteses de ser titular se de súbito não se tivesse gerado um intenso debate sobre a forma de Pizzi? Talvez só os “entendidos da bola” ou aqueles que com o jovem trabalham ou trabalharam e que lhe reconhecem características de jogador de elevada qualidade, mas essa é uma questão que deixo para outro artigo.
Já comparar o português a Filipe Augusto nem considero sensato, uma vez que são jogadores de características muito distintas, pelo que não iria ser por essa comparação que se iria perceber se Pizzi já não é Pizzi, ou se nunca o foi na verdade.
De momento, não vislumbro uma resposta concreta para o dilema que eu próprio decidi colocar no título do artigo. No entanto, para bem dele, do Benfica e, eventualmente, da seleção – algo que neste momento me parece perfeitamente descabido, mas cuja hipótese não descarto por completo – que Pizzi nunca tenha deixado de ser Pizzi. Apenas ainda está de férias.
Foto de Capa: SL Benfica