Se fizéssemos um vox-pop na rua onde perguntávamos a garotos de 17 anos o que é fazem da vida, a grande maioria iria dizer “Estudo”, alguns até diriam “Trabalho”, mas poucos diriam “Jogo na equipa principal de futebol do Benfica”. Isso é um privilégio a que poucos têm direito, mas ao qual José Gomes, também conhecido por Zé do Golo, se pode gabar. Mas afinal de contas, quem é Zé Gomes? Trata-se de um rapaz nascido na Guiné-Bissau, que tinha jeito para a coisa e chamou à atenção do empresário Vital Sauane que fez com que os encarnados garantissem do jogador quando este ainda tinha 13 anos de idade.
Regra geral o período de adaptação em casos destes é sempre complicado, miúdo novo que sai de casa cedo, mas até nisso o jovem guineense esteve acima da média. Passou a viver na academia do Seixal e passou a fazer aquilo que hoje lhe vale a alcunha que tem, marcar golos. Na primeira época ao serviço dos iniciados apontou 25 golos, na segunda fez 22, e tudo isto são os resultados de apenas 17 jogos oficiais. Nada mau! Melhor ainda se tivermos em conta que quando foi promovido aos juvenis, apontou 21 golos em 26 jogos e ajudou o Benfica a conquistar o título da categoria.
O talento era tanto que não houve como não promovê-lo aos juniores para, mais uma vez, dar nas vistas, e fazer 9 golos em 8 jogos. Quem também não estava a dormir era a Federação Portuguesa de Futebol, que viram estes números com bons olhos, e trataram de naturalizar o rapaz o mais depressa possível, logo assim que ele chegou a Lisboa. Estreou-se nas camadas jovens com 14 anos e pelos sub-15 marcou 3 golos em 3 jogos. Rapidamente passou a jogar pelos sub-17 onde até à data tem 9 golos feitos em 15 jogos.
Pela idade, pelos golos, pela história, não será descabido pensar que este pode ser um caso de sucesso como o de Ronaldo. Afinal de contas estamos perante um jogador com uma boa componente física, técnica, e boas qualidades de remate, seja com o pé ou com a cabeça e pelo qual o futuro do ataque do Benfica e da Seleção pode muito bem passar.
Em 2015 e em conjunto com João Carvalho e Diogo Gonçalves e, na presença de Luís Filipe Vieira, assinou o seu primeiro contrato oficial pelo Benfica e presenteou os adeptos com um hat-trick numa goleada histórica por 11-1 frente ao Galatasaray. Se por um lado talentos desta dimensão acabam por se perder com o tempo, seja por falta de acompanhamento ou por não terem cabeça, e aqui podemos citar o exemplo de Fábio Paim. Por outro lado, já são muitos os casos em que jovens destes acabaram por ser dos melhores do mundo, como Ronaldo, ou mais recentemente os casos de Neymar, Pogba ou Renato Sanches.
Esperemos que o Zé do Golo seja um destes últimos exemplos e que traga muitas alegrias aos benfiquistas e a Portugal.