Despedidos por justa causa?

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    Em Portugal, e, um pouco por todo o mundo, os adeptos dão grande atenção às contratações. Quem são os novos craques que vão entrar no plantel, quais são as novas estrelas que vão surgir, quais são os jogadores que vão brilhar e entusiasmar os adeptos. Os treinadores, costumam ficar para segundo plano. Enquanto que um jogador, tenha maior ou menor qualidade, tem sempre mais espaço para errar, o treinador já não tem esse privilégio. O futebol é feito de contratações, vendas mas também de despedimentos. E no nosso campeonato, nas últimas temporadas, os despedimentos de treinadores têm sido muito comuns, resta saber o porquê. Mas já lá vamos.

    O Mundo do futebol, normalmente exige resultados no imediato. Em Portugal, não se foge a esta regra. Os treinadores, cada vez mais, são avaliados pelos resultados que as suas equipas obtém, independentemente das suas equipas jogarem melhor ou pior, independentemente do passado no clube – vede o caso recente de Ranieri no Leicester. Esta temporada, na liga portuguesa, apenas 5 equipas mantêm o treinador que iniciou a temporada. Números absolutamente assustadores. A ideia de despedir um treinador, passa sempre por trazer outro que consiga melhores resultados e que consiga dar a volta a uma situação menos boa mas, na liga portuguesa, esta ideia não resultou.

    O Braga, que segundo as apostas da bet365 tinha 1001 de odds para se sagrar campeão esta temporada, começou a época com José Peseiro, à passagem da 14.ª jornada, estava em 3.º lugar, a seis pontos do líder. Depois de uma eliminação na Taça de Portugal, perante o Sp. Covilhã, António Salvador, decidiu que José Peseiro não teria mais condições para permanecer no clube. Embora a campanha do técnico não estivesse a ser propriamente brilhante, o Braga estava acima dos seus objetivos e estava próximo dos lugares cimeiros.  Para o lugar de Peseiro, veio Jorge Simão, técnico que até estava a fazer um bom trabalho no Desportivo de Chaves mas que ainda estava pouco preparado para assumir um clube com maior dimensão. Jorge Simão, chegou ao clube com um discurso ambicioso, foi buscar alguns dos seus jogadores em Chaves e prometeu um Braga mais forte. A verdade é que em 13 jogos, o técnico dos minhotos  conseguiu apenas cinco vitórias, contra cinco derrotas e três empates. Para além disso, a equipa encontra-se agora em quarto lugar, a seis pontos do terceiro, e com o quinto lugar, Vitória de Guimarães, a apenas dois pontos.

    A sul, em Lisboa, existe outro caso, onde um novo treinador não implicou necessariamente resultados. À passagem da 14ª jornada, Fabiano Freitas, que havia começado a segunda temporada consecutiva como treinador do Estoril, foi despedido. O técnico brasileiro deixou a equipa no 13.º lugar com 14 pontos. Para substituir o técnico, veio um nome desconhecido da maior parte dos adeptos, o espanhol, Pedro Gómez Carmona. Nove jornadas depois, a equipa venceu apenas por uma vez e somou três empates, sendo que ocupa agora o 15.º lugar da competição, numa posição algo delicada no que diz respeito à permanência no campeonato.

    Manuel Machado é um dos treinadores mais experientes do nosso campeonato Fonte: CD Nacional
    Manuel Machado é um dos treinadores mais experientes do nosso campeonato
    Fonte: CD Nacional

    Nas ilhas, no arquipélago da Madeira, existe caso semelhante. O Nacional, liderado por Manuel Machado, um homem com alguns anos de casa, não estava a conseguir bons resultados e decidiu despedir o experiente técnico, dando oportunidade a Pedrag Jokanovic. A ideia dos insulares era de tentar reverter a situação da equipa, que se encontrava em lugares de descida. Ora, desde que Manuel Machado saiu do clube, os madeirense não conseguiram voltar a vencer. Com Jokanovic ao comando da equipa, já com 7 jogos disputados, a equipa soma quatro empates e três derrotas e permanece no mesmo lugar em que Manuel Machado havia deixado a equipa.

    Em Portugal continua a existir pouca paciência para os treinadores. Os treinadores passam de bestias a bestas numa fração muito curta de tempo e dependem cada vez mais dos resultados que obtém, independentemente das formas com que se atingem determinados resultados. Portugal, não é um caso isolado nesta história dos despedimentos, mas esta época tem-se despedido treinadores, no nosso campeonato, de forma demasiado lisonjeira. Os dirigentes e os adeptos são cada vez mais exigentes, olham pouco para o processo de jogo e mais para os resultados, para os objetivos.

    Infelizmente, esta mentalidade irá continuar nos próximos tempos. Mesmo que a mudança, por vezes, seja positiva, em alguns casos, a mesma pode não ser a resposta ideal. A ideia comum que impera na atualidade é que o treinador é responsável por tudo o que de bom ou mau se passa nos jogos. A verdade é que o treinador não é nenhum Deus, capaz de colmatar as deficiências de uma equipa, não é o treinador que vai colocar a bola dentro da baliza ou fora. O treinador é, responsável, apenas, pela transmissão de ferramentas aos seus jogadores para que estes possam resolver os problemas que o jogo vai apresentar. Os jogadores, o planeamento da época, a comunicação de determinado clube, o próprio apoio ou falta dele por parte dos adeptos, vão ser igualmente importantes para o resultado final dos encontros. O treinador não deve ser sempre o responsável máximo pelas derrotas, tal como não o deve ser nas vitórias. Os jogadores vão continuar a ser os maiores protagonistas do jogo.

    Foto de capa: Facebook Oficial José Peseiro

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    Emanuel Melo
    Emanuel Melohttp://www.bolanarede.pt
    O Emanuel está no terceiro ano da licenciatura em Comunicação Social e Cultura. Vem da terra do Pauleta, das paisagens deslumbrantes e do queijo Terra Nostra. Gosta de ver a Premier League e espera um dia poder vir a ser relatador de futebol.                                                                                                                                                 O Emanuel escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.