Aves e Portimonense subiram este ano ao escalão máximo do futebol nacional e na Vila das Aves já começou a revolução no plantel. O ano passado passou-se o mesmo com Chaves e Feirense, no ano anterior com Tondela e União da Madeira e é já um hábito nas equipas que sobem. Mas porquê?
A meu ver existem dois grandes fatores que provocam estas revoluções, o primeiro dos quais o “fator Vítor Oliveira”. Passo a explicar, o experiente treinador português preferiu durante vários anos lutar para ser campeão na segunda do que para não descer na primeira. Ora, certos jogadores parecem pensar da mesma forma e tornam-se verdadeiros especialistas em subidas.
Stéphane Dasse ajudou Vítor Oliveira a subir em Arouca, no União da Madeira e em Chaves, Diogo Cunha subiu Moreirense e Chaves, André Carvalhas foi primeiro com o Moreirense e no ano seguinte marcou o golo da subida do Tondela, mas nem por isso acompanhou a equipa. O próprio Nélson Lenho fazia parte desta lista até há bem pouco tempo.
A Académica já contratou Nélson Pedroso, Zé Tiago (subiram com o Aves) ou Mike (subiu com o Chaves), jogadores que se enquadram na situação acima descrita e o Académico de Viseu já garantiu Luis Barry (subiu em Chaves, foi dispensado por SMS, e voltou a subir na Vila das Aves). Os exemplos de jogadores que contam já com mais do que uma subida, mas poucas oportunidades tiveram na primeira, são muitos e estes continuam a ser reforços de equipas que almejam a Primeira Liga e sentem que com eles ficam mais próximos desse objetivo.
«Se me chamasse Marrecovic sei bem onde estava», afirmou Tozé Marreco em declarações ao jornal “O Jogo” e é aqui que se centra o outro grande fator: a falta de aposta nos portugueses. É mais fácil, e interessa mais a quem sobe, apostar em jogadores de origem estrangeira para beneficiar um ou outro empresário ou apenas porque acreditam que essa é a solução. Isto faz com que jogadores como Bock, Nelsinho, Pires ou o próprio Tozé Marreco passem para segundo plano e por muito que joguem nunca são aposta, acabando por fazer carreira no escalão secundário.
Eu não acredito em categorizar jogadores por divisões, para mim não há jogadores de primeira e muito menos jogadores de segunda, como comprova o constante aparecimento de jogadores de excelente nível em escalões inferiores (Pedro Tiba, Marco Baixinho, João Afonso, etc.). Acho também que os dois fatores estão ligados e, apesar de perceber que há uma diferença da qualidade entre as duas divisões principais, não sou, de maneira alguma, defensor de revoluções e muito menos da forma como são tratados alguns jogadores pelos clubes, assim que sobem.
P.S. – Ressalvar que o Portimonense é a exceção que confirma a regra. Aqui não há revolução, há sim um projeto que vem de trás e com jogadores com outra capacidade pelo que se deve manter uma base dos anos anteriores.
Foto de Capa: dominiodebola.com
artigo revisto por: Ana Ferreira