O campeonato retomou há duas semanas e meia, e ainda falta pouco mais de um mês para o seu fim. As coisas vão-se compondo aos poucos, mas ainda falta para vermos tudo mais ou menos definido.
Na luta pelo título, não há, neste momento, quem possa afirmar convicto qual equipa é que será a próxima campeã, uma vez que a irregularidade das águias e dos dragões não o permite, bem como o facto de os dois partilharem a liderança com os mesmos pontos. As equipas de Bruno Lage e Sérgio Conceição têm sido criticadas pela inconstância exibicional apresentada e não têm conseguido aproveitar os deslizes de cada uma.
Vejo o calendário dos portistas ligeiramente mais acessível do que o dos rivais, embora isso possa funcionar de maneira diferente, como já ficou provado, sendo que ambos já caíram perante adversários teoricamente mais “fracos”. Apesar de a qualidade estar a ser nivelada por baixo, o equilíbrio atingiu o seu pico, e a constante perda de pontos faz com que a luta pelo primeiro lugar esteja ao rubro e em suspense.
Quem está num patamar diferente e a confirmar o excelente momento, que já vem desde o início da época, é o FC Famalicão. Aliás, se ajustarmos a classificação às primeiras três jornadas desde a retoma, o conjunto de João Pedro Sousa é um dos líderes – e daqueles que mais encanta no relvado! Teve a particularidade de bater o líder FC Porto e é já uma confirmação num ano que está a exceder todas as expectativas e que pode acabar com uma espantosa qualificação europeia.
Curiosamente, o Sporting CP também lidera neste regresso que tem sido feliz para os “leões”, numa clara aposta do novo técnico na formação de Alvalade. O dedo de Amorim já se faz sentir e o treinador promete não ficar por aqui, podendo atrapalhar as contas do título, uma vez que ainda jogará no Dragão e na Luz. O principal destaque da equipa e, a meu ver, deste regresso da bola tem sido Jovane Cabral. Jovane é um jogador que tem ganho cada vez mais protagonismo através do seu estilo irreverente e da potência que coloca em cada remate – características principais e que já lhe valeram dois golaços, sendo um dos principais agitadores do jogo leonino.
Em sentido inverso estão SC Braga e Vitória SC, que tiveram um arranque em falso neste regresso do campeonato. Têm sido as principais deceções em cena. Com o efeito Amorim a transferir-se para Lisboa, a equipa, que apenas fez um ponto em nove possíveis, não tem conseguido responder devidamente com Custódio. Ainda há tempo para reagir, mas o terceiro lugar não espera por quem não faz por ele.
Os vitorianos, com Ivo Vieira, já mostraram ser uma das melhores equipas a jogar futebol, mas voltaram da paragem algo intermitentes. No fundo, parecem ser uma equipa de momentos, e os resultados penalizadores não condizem com a qualidade existente. Parece que falta sempre alguma coisa para a equipa entrar no eixo das vitórias, embora sejam um dos melhores projetos futebolísticos do nosso campeonato, tal como o Rio Ave FC e os famalicenses.
Quem está na situação mais indesejada de todas no campeonato, o que, na verdade, já assim o era antes da paragem forçada, é o CD Aves. Com um ponto surpreendente conquistado na última ronda, os avenses estão mais para lá do que para cá, e a incapacidade da equipa em ferir os adversários é notória, tendo a descida no horizonte. A fazer-lhes companhia está o Portimonense SC. Embora a sua forma recente esteja numa espiral positiva, vai ser difícil fugir à atual posição, se o FC Paços de Ferreira mantiver esta bitola. Os pacenses são um dos melhores deste novo cenário, tendo já alcançado o CS Marítimo, e têm uma almofada de sete pontos para gerir no que toca à permanência no campeonato.
Sporting CP e FC Famalicão estão na frente da classificação e são seguidos por FC Paços de Ferrera e Boavista FC. Por outro lado, Gil Vicente FC, SC Braga e CD Aves ocupam os últimos lugares do campeonato após três jornadas da retoma. Ainda faltam sete rondas, e a mensagem passa por desfrutarmos daquilo que ainda falta jogar do campeonato, aguardando pelos próximos episódios, que serão praticamente diários.
Artigo revisto por Mariana Plácido