«Quando o vi na Academia sabia que era impossível ele não ser um grande jogador no futuro» – Entrevista BnR com João Carlos Teixeira

    Nasceu em Braga, fez grande parte da formação no Sporting CP, alinhou no FC Porto e afirmou-se no Vitória SC, mas foi no Liverpool FC que o nome, João Carlos Teixeira, começou a ganhar destaque. Deixou o Minho muito novo para integrar a Academia do Sporting CP, onde privou com figuras marcantes do futebol português, especialmente com um jogador que sabia que “ia ser jogador de futebol de certeza absoluta”. Num jogo a contar para a NextGen Series em 2011/12, captou a atenção do “gigante” Liverpool que garantiram a sua contratação. Durante as quatro temporadas em que fez parte dos quadros dos “Reds”, João Carlos Teixeira foi emprestado por duas ocasiões, estreou-se e arrepiou-se em Anfield ao ouvir o “You’ll Never Walk Alone”, partilhou o balneário com a lenda, Steven Gerrard, e foi treinado pelo carismático Jürgen Klopp. Regressa a Portugal pelas portas do FC Porto e, depois de alguns altos e baixos, com passagens pelo SC Braga e Vitória SC, encontra-se atualmente em Roterdão, a defender as cores do Feyenoord, histórico holandês, onde espera “manter a consistência e tentar melhorar”.

    Eis, João Carlos Teixeira:

    -De Braga a Roterdão-

    «Esta era uma mudança importante pela fase em que eu estava na minha carreira»

    Bola na Rede: Alguma vez imaginaste em miúdo, quando vencias todos os torneios da zona de Braga ao serviço do Fernando Pires, que irias estar a viver em Roterdão e a disputar a primeira liga holandesa ao serviço do Feyenoord?

    João Carlos Teixeira: Nessa altura ainda era muito jovem, tinha 8 anos e isso era algo que ainda não me passava na cabeça, nem nunca imaginava.

    Bola na Rede: O futebol sempre foi uma certeza na tua vida?

    João Carlos Teixeira: A única certeza que eu tinha era que de facto eu gostava de jogar futebol, principalmente quando era miúdo com os meus amigos no Colégio. Sempre tive essa certeza que gostava de praticar desporto e de jogar futebol.

    Bola na Rede: A paixão pelo futebol continua a ser mesma de quando começaste ou com os passar dos anos e à medida que fica mais sério, com os agentes desportivos e as próprias lesões envolvidas, acaba por perder algum encanto?

    João Carlos Teixeira: Agora vejo o futebol com outros olhos. Já vejo como uma responsabilidade e como uma profissão. Já existe muito mais coisas envolvidas que não havia quando eu era miúdo. Em miúdo eu jogava só por diversão, mas mesmo agora é dentro das quatro linhas que eu me sinto confortável e para mim a diversão começa dentro das quatro linhas, quando entras em campo e o jogo começa. Nunca será como quando jogava futebol em miúdo, mas é a forma mais próxima que tens daquela diversão que tinhas quando eras mais novo.

    Bola na Rede: Na época passada disputas um total de 30 jogos e assinalas 10 golos em todas as competições ao serviço do Vitória SC. Realizas assim a melhor temporada da tua carreira e despertas o interesse de vários clubes estrangeiros. Porque é que a escolha recaiu para o Feyenoord?

    João Carlos Teixeira: Recaiu para o Feyenoord, principalmente em termos de projeto futuro, por continuar num campeonato importante, num clube que luta para ser campeão e que disputa competições europeias. Continuo a ter na mesma visibilidade, jogo numa equipa grande na Holanda e para mim isso foi essencial.

    Bola na Rede: Como é que está a ser até agora a adaptação a um novo país e a um novo campeonato?

    João Carlos Teixeira: Eu vivi quatro anos em Inglaterra e é muito idêntico em muita coisa. Depois a vantagem aqui é que toda a gente fala inglês, por isso eu nunca tive dificuldades em termos de comunicação com ninguém e o tempo é idêntico ao de Inglaterra. A adaptação tem sido super fácil, o clube é muito organizado, as condições são muito boas e o clube ajudou-me em tudo desde o primeiro momento que eu cheguei.

    Bola na Rede: Não sei se chegaste a ler as declarações do Bruno Martins Indi que diziam: “Devo estar muito enganado se a Liga holandesa não lhe assentar na perfeição”, apesar de estares aí há pouco tempo, concordas com estas declarações?

    João Carlos Teixeira: Eu ainda só joguei três jogos: dez minutos num jogo, 45 minutos e no último joguei 75 minutos. Para já, tem corrido bem, mas também é fácil quando as coisas estão bem. Mas sim, acredito que o meu estilo de futebol se adequa aqui.

    Bola na Rede: O Feyenoord tem feito um bom arranque de época e neste momento está nos lugares cimeiros. Quais são os objetivos da equipa para esta época? E qual é o teu objetivo a nível pessoal?

    João Carlos Teixeira: A última vez que o Feyenoord foi campeão foi em 2016/17, obviamente que ser campeão é um objetivo e a nível de taças internas vamos querer ganhar tudo. Em relação a mim, quero tentar fazer uma época melhor do que a que fiz no ano passado, tanto a nível de jogos como golos e assistências. Quero manter a consistência e tentar melhorar.

    Bola na Rede: No passado o Feyenoord já conquistou uma Liga dos Campeões e uma Taça UEFA. O sorteio deste ano da Liga Europa ditou que fariam parte do grupo do Croácia Zagreb, CSKA Moscovo e Áustria Wolfsberger. Sentes que podem chegar longe na competição?

    João Carlos Teixeira: A Europa já é algo muito diferente, nunca se sabe bem o que vamos encontrar. São jogos muito diferentes dos que se jogam no campeonato, mas acho que vamos conseguir passar da fase de grupos, isso seria muito importante para nós e para a equipa. Acredito que temos todo o direito e possibilidade de conseguir fazê-lo.

    Bola na Rede: Gostavas de ter permanecido em Portugal ou este era um passo necessário na tua carreira?

    João Carlos Teixeira: Senti que esta era uma mudança importante pela fase em que eu estava na minha carreira e estou muito feliz por isso ter acontecido.

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    Nélson Mota
    Nélson Motahttp://www.bolanarede.pt
    O Nélson é estudante de Ciências da Comunicação. Jogou futebol de formação e chegou até a ter uma breve passagem pelos quadros do Futebol Clube do Porto. Foi através das longas palestras do seu pai sobre como posicionar-se dentro de campo que se interessou pela parte técnica e tática do desporto rei. Numa fase da sua vida, sonhou ser treinador de futebol e, apesar de ainda ter esse bichinho presente, a verdade é que não arriscou e preferiu focar-se no seu curso. Partilhando o gosto pelo futebol com o da escrita, tem agora a oportunidade de conciliar ambas as paixões e tentar alcançar o seu sonho de trabalhar profissionalmente como Jornalista Desportivo.