«A minha maior mágoa foi não ficar no FC Porto» – Entrevista BnR com Cláudio Pitbull

    -A chegada ao Dragão e a falta de oportunidades no FC Porto-

    «Fiquei seis dias na Alemanha, no Estugarda, mas acabei por não ficar e aí surgiu a proposta do FC Porto»

    Bola na Rede: Depois dessa temporada, que interessados é que apareceram no Cláudio Pitbull?

    Cláudio Pitbull: No Brasil tinha, não digo todos, mas sete ou oito equipas. Podia escolher quem eu quisesse. Já estava a apontar que, se ficasse no Brasil, ia para o São Paulo, já tinha falado com o pessoal e tinham-me dado bastantes «cartas» para ir: lutar pela Libertadores, foram campeões… Mas antes de ir para o FC Porto, houve uma curiosidade que acho que ninguém sabe. Fiquei seis dias na Alemanha, no Estugarda. Fiz testes, fiz tudo mas, na altura de assinar – e você sabe que na Alemanha há muitos impostos – prometeram-me uma coisa e metade era impostos. Acabei por não ficar e aí surgiu a proposta do FC Porto.

    Bola na Rede: Quão melhor era a proposta do FC Porto, quando comparada com a do Estugarda?

    Cláudio Pitbull: Vou ser sincero, era um pouco menos que o Estugarda, mas pelo facto da língua portuguesa, de não precisar de tradutor, nem pensei duas vezes.

    Bola na Rede: Como foram os primeiros dias a trabalhar com o Victor Fernández?

    Cláudio Pitbull: Foi uma pessoa que me ajudou muito. Acredito que, se ficasse, eu podia ter jogado mais. Com a mudança de treinador, para um português que não me conhecia, é mais complicado lançar um jogador brasileiro. E foi legal, ainda falo com ele às vezes… Uma pessoa que, em pouco tempo, ajudou-me bastante mas, infelizmente, o momento não era bom e alguém teve de ser o culpado.

    Bola na Rede: Então não concordaste com a saída dele?

    Cláudio Pitbull: Para mim, treinador que me ia colocar a jogar ser demitido… É que, sabes, o FC Porto é uma equipa que, se não estiveres bem, acaba por ter de pesar a decisão na mão de alguém. Quando uma equipa não está bem e há muitas trocas de treinador, não é bom.

    Bola na Rede: Ainda fizeste cinco jogos com o José Couceiro, mas desapareceste depois de jogadores uma primeira parte frente ao Inter Milão. Porque foste afastado?

    Cláudio Pitbull: É uma coisa que, até hoje, não descobri mas tenho a certeza que vou descobrir. Fiz um contrato com o FC Porto de cinco anos e meio. Cheguei em janeiro, joguei alguns jogos, joguei aquele jogo com o Inter Milão em que empatámos o primeiro jogo no Dragão e perdemos lá 3-1, onde só joguei uma parte e sem ritmo. Depois, todos os anos em que voltava ao FC Porto, não sei porque motivo, era emprestado. É uma coisa que não consigo entender, porque nunca me deram oportunidade de fazer uma pré-temporada. Sei que se fizesse uma pré-época, ficava no grupo. Jogar, não sei, mas tinha qualidade para ficar no grupo.

    Bola na Rede: E nem com as mudanças de treinadores conseguiste ter essa oportunidade? Nem Co Adriaanse, nem Jesualdo Ferreira?

    Cláudio Pitbull: Não, não. Sempre que chegava para representar [o FC Porto], eles diziam que ia ser emprestado. Aí, em 2007, aconteceu uma coisa que piorou mais ainda: tive uma reunião e queria saber porque nunca fazia uma pré-temporada. «Porque tens de provar que tens condições de estar aqui»…

    Bola na Rede: Mas já tinhas mostrado serviço no Fluminense, passaste pelo Santos FC…

    Cláudio Pitbull: Mas eles queriam num clube português…

    Bola na Rede: Foi por isso que acabaste na Académica?

    Cláudio Pitbull: Fui para a Académica, mas não joguei muito. E disseram que, enquanto não conseguisse jogar num clube português, não me iam dar oportunidades. Fui emprestado para o Vitória FC, fui o melhor jogador da Taça da Liga, vencemos a Taça da Liga, fomos às meias-finais da Taça de Portugal, que perdemos com o FC Porto… E pensava que agora ia ser a minha vez. Quando cheguei lá em 2008, fui emprestado outra vez. Não posso falar mal do FC Porto, respeito muito o Pinto da Costa, sempre me tratou bem, mas são coisas que rolam e que não consegues entender. E nunca mais fiz a pré-temporada…

    Bola na Rede: Com que motivação foste para o Rapid Bucareste?

    Cláudio Pitbull: Depois de uma excelente temporada, disseram-me que tinha de treinar separado durante seis meses, porque não me deixavam voltar para o Brasil. Tive uma proposta do SC Braga em 2008, o Jorge Jesus queria-me, mas não me deixaram sair.

    Bola na Rede: Para fazeres dupla com o Matheus?

    Cláudio Pitbull: Isso, que é um grande amigo meu que está na China.

    Bola na Rede: Chegámos a entrevistá-lo há coisa de um mês…

    Cláudio Pitbull: É. Ele é muito gente boa. Mas no último dia de mercado, o FC Porto contratou o Sapunaru e disseram-me que tinha de ir como moeda de troca para a Roménia…

    Bola na Rede: Como foi a ida para lá? Num campeonato quase obscuro, apesar de jogarem competições europeias?

    Cláudio Pitbull: Sinceramente, estava voltado para treinar sozinho, mas o Peseiro, que era o treinador, ligou e convenceu-me a ir. Fizémos uma boa temporada, fomos eliminados na primeira eliminatória da Liga Europa pelo Wolfsburgo, mas era um campeonato ruim, depois de fazer uma temporada excelente no Vitória FC, de certeza que tinha opções melhores para sair, mas acabei despachado para a Roménia.

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    João Reis Alves
    João Reis Alveshttp://www.bolanarede.pt
    Flaviense de gema e apaixonado pelo Desportivo de Chaves - porque tem de se apoiar o clube da terra - o João é licenciado em Comunicação e Jornalismo na Universidade Lusófona e procura entrar na imprensa desportiva nacional para fazer o que todos deviam fazer: jornalismo sério, sem rodeios nem complôs, para os adeptos do futebol desfrutarem do melhor do desporto-rei.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.