«Defrontei o Maradona quando ele estava no Sevilla, aliás, até tenho a fotografia» – Entrevista BnR com Carlos Xavier

    – O regresso ao Sporting –

    BnR: Depois da Real Sociedad, o Carlos regressa ao Sporting e em 1995 o clube quebra um jejum de 8 anos ao vencer a Taça de Portugal, frente ao Marítimo. Como foi essa final?

    CX: Lembro-me perfeitamente desta final. Joguei a titular e fiz a primeira assistência para o Iordanov, que teve um jogo tremendo contra o guarda-redes do Marítimo, chamava-se Everton. O Sporting dominou a final, o Marítimo tinha boa equipa mas dominámos o jogo completamente.

    O Sporting venceu a Taça de Portugal em 1994/95. Carlos Xavier é o primeiro na fila de baixo
    Fonte: Armazém leonino

    BnR: Como foi a assistência para o primeiro golo do Iordanov, consegue descrever a jogada?

    CX: Foi sobre o lado direito, finjo que vou dar um toque de calcanhar, enganei o defesa que me estava a fazer a marcação e consigo cruzar na linha de fundo e o Iordanov, de cabeça, fez o primeiro golo.

    BnR: Nesta altura o treinador do Sporting era Carlos Queiroz. Como é que ele era como “treinador de clube”?

    CX: Era um treinador muito exigente, muito observador. Víamos muitos vídeos do adversário, às vezes até era um massacre (risos). Mas era muito estudioso e nós tínhamos que ir para dentro de campo e saber o que iríamos fazer. Foi o sucesso dele e foi assim que ele conseguiu pôr Portugal na boca do mundo, ao ser campeão do mundo em juniores.

    BnR: Depois desta conquista vem a Supertaça do ano seguinte, que acaba por ser resolvida apenas numa Finalíssima disputada no Parque dos Príncipes, em Paris. Na vitória por 3-0, o Carlos marca de penalty. Como é que foi este jogo?

    CX: Nessa Supertaça empatámos os dois jogos, 0-0 em casa e 2-2 nas Antas, e depois fomos para Paris e ganhámos 3-0, eu marquei o tal golo de penalty. Foi um jogo que eu, à partida, pensaria que iria ser mais complicado do que foi. Entrámos muito bem no jogo, o Sá Pinto fez dois golos e depois o Porto nunca conseguiu estar por cima.

    BnR: O que sentiu na hora de marcar o penalty?

    CX: Eu nessa altura já marcava os penalties e os livres, tinha muita confiança portanto não tremia.

    BnR: Na época seguinte, o Carlos voltou a mostrar que tinha gosto para marcar em finais, marcando na derrota frente ao Benfica na famosa final do “very light”, uma das páginas mais negras da história do futebol português. Na altura os jogadores aperceberam-se do que se passou nas bancadas?

    CX: Sim, tivemos noção. Hoje em dia esse jogo, se é noutro país qualquer, nem recomeçava. Na altura falava-se em acabar o jogo mas o nosso treinador disse para continuarmos a jogar. Jogámos já sem nenhuma vontade, sem convicção. Apercebemo-nos que foi grave, vimos aquele aparato todo e o jogo continuar a decorrer foi escandaloso. Só para veres um exemplo desses tempos em Portugal, fomos jogar a Chaves e a luz acaba quando faltavam dois minutos. Voltámos para casa e passadas umas semanas fomos lá jogar dois minutos. Só em Portugal é que isto acontece. O jogo estava 1-1 quando foi interrompido e nesses dois minutos nós íamos marcando um golo.

    BnR: O Carlos acaba por terminar a carreira nessa época. Sentiu que ainda podia jogar mais um ou dois anos?

    CX: Senti perfeitamente que podia ter jogado mais um ano. Estava no Algarve de férias e telefonam-me do Sporting para ter uma reunião, convencido que vinha para assinar mais um ano de contrato. Surpresa minha quando venho e me dizem que o Waseige, que era o treinador que vinha, esteve a ver uns vídeos meus e não gostou muito. Eu pensei “de certeza que não foram vídeos meus que te deram”. O problema é que depois estava um jornalista lá fora e eu disse “então o que é que eu lhe digo agora?”. Eles ficaram preocupados e então eu propus fazer a pré-temporada com a equipa, em França, para o treinador me ver diretamente. E eles aceitaram. Só que eu já fui com a guia de marcha. Foi engraçado depois porque eu acabei a carreira, fiz uma despedida lá com os colegas e passado umas semanas fui ter com a equipa, fazer um estágio ali em Cascais. E recordo-me que estava a tomar café ao balcão com o Oceano e estava o Waseige lá do outro lado na ponta. E ele dizia-me “Oh Carlos, explica aí como é que se faz o passe”. E eu fiz-lhe assim [Carlos faz o sinal de “fixe”] “Então foi este que me correu do Sporting?”. Já estava tudo encomendado…

    BnR: Quem é que era o Presidente do Sporting na altura?

    CX: Era o Roquette, creio eu. Eu tive uma reunião com o Simões de Almeida, que vem no tempo do Roquette.

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