Mas depois de referidos alguns exemplos, há-que chegar ao cerne da questão: afinal de contas, porque é que isto acontece?
Primeiro que tudo, um jogador ao ir para um clube de um dos principais campeonatos europeus, irá para um clube que joga num patamar competitivo superior ao nosso, o que por si só já dificulta a sua transição para sénior. Depois, os clubes de topo só conseguem dar um lugar no onze titular a uma jovem promessa em condições muito excepcionais.
Outro factor a ter em conta é que hoje em dia, os clubes de topo também possuem infraestruturas de topo para as camadas jovens, e com isso conseguem também produzir jovens jogadores de grande valia. Mas depois raramente conseguem aproveitar esses jovens jogadores porque não têm tempo para os trabalhar. E isto faz com que eles se submetam a ficar muito tempo sem jogar de forma competitiva, acabando por estagnar e prejudicar a sua evolução.
Para que uma “pérola” da formação consiga singrar no futebol mundial, é preciso que este jogue regularmente a um nível competitivo na sua transição de júnior para sénior. E nesse aspecto, creio o nosso campeonato é uma boa escada para o topo. Se observarmos o nosso historial, verificamos que Pauleta foi o último jogador português a singrar no futebol europeu e na selecção nacional sem ter jogado na Primeira Liga. Actualmente, há o caso do Bruno Fernandes que veio para o Sporting CP após cinco anos no futebol italiano, sem esquecer os casos excepcionais dos filhos de emigrantes como Anthony Lopes e Raphael Guerreiro.
Como tal, espero que qualquer jovem jogador pense duas vezes antes de se deixar deslumbrar por um desafio potencialmente ambicioso no estrangeiro. Mas caso essa seja a sua vontade, o que eu posso desejar enquanto fã de futebol, é que seja o mais profissional possível, que trabalhe duro e que mantenha os pés assentes na terra.
Foto de capa: Sport Lisboa e Benfica – Formação