Futebol escreve-se no Feminino: Antevisão do Mundial 2023

    A Austrália e a Nova Zelândia acolhem, do outro lado do mundo, uma competição que para lá de talentos geniais, nada tem do outro mundo. O Mundial Feminino está à porta e, entre 20 de julho e 20 de agosto, reúne as melhores jogadoras de futebol do planeta.

    Depois do sucesso do Europeu e da Copa América realizados no ano passado e das constantes enchentes de alguns dos maiores palcos do futebol como Wembley e Camp Nou, é certo dizer que estamos perante a maior competição de sempre no que ao futebol diz respeito.

    32 seleções divididas em oito grupos lutam pelo título mais desejado e prometem muita emoção. Entre pinceladas de qualidade técnica e combates estratégicos interessantíssimos, o Mundial finalmente chegou. E este ano tem um ingrediente especial.

    Portugal moveu vales e rios, ultrapassou três play-offs e vai estrear-se na competição. A seleção orientada por Francisco Neto ultrapassou barreiras e, em dois anos, carimbou uma presença inédita nas duas principais competições internacionais. Parte para a competição com o objetivo de sonhar e de espalhar o sonho partilhado por tantas e tantas meninas que, finalmente, vão ver a representatividade a entrar pelos ecrãs.

    Além de Portugal, este é um guia para ficar a conhecer um pouco das outras 31 seleções que viajaram para a Oceânia e para guardar na lista alguns dos nomes que reservam maior expectativa. Porque há muito bom futebol para ver no próximo mês

    Portugal e o Grupo E de Esperança

    O sorteio não foi favorável a Portugal que enfrenta na frase de grupos as duas seleções finalistas do último mundial realizado em 2019: Estados Unidos da América e Países Baixos. Ainda assim, passar a fase de grupos não é cenário nem missão impossível.

    Impossível era ultrapassar três adversários para chegar ao Mundial. E, como está bem evidente, revelou-se exequível para as navegadoras treinadas por Francisco Neto. Bélgica, Islândia e Camarões foram deixadas para trás por Portugal que cumpriu o sonho. Agora é desfrutá-lo.

    Portugal tem duas características interessantes e cumulativas: a qualidade técnica e a força mental. No Europeu do ano passado Portugal conseguiu sempre competir depois de passos em falso que se traduziram em desvantagens com reações muito fortes aos golos sofridos. O jogo contra os Camarões, derradeira etapa antes da chegada ao Mundial, foi também envolvido numa aura guerreira que embalou Portugal. Ao golo sofrido já depois dos 80 minutos, Portugal reagiu com um golo nos descontos. Carole Costa colocou nos pés a força de uma nação inteira e marcou aquele que é, até agora, o golo mais importante da história do futebol feminino em Portugal.

    A capacidade de superação e a convivência de um grupo reunido já há alguns anos são pontos fortes de uma seleção que pode surpreender e intrometer-se na luta por um lugar entre as 16 melhores do mundo.

    Portugal atua preferencialmente em 4-4-2 losango com muita liberdade às jogadoras da frente para fazerem diagonais de dentro para fora, caindo nos corredores. Pela tradição do país no futebol e pela ausência de grandes atributos a nível físico é uma seleção que privilegia a posse, num jogo associativo com jogadoras próximas em campo, atraindo a pressão adversária e tendo capacidade para a superar e, posteriormente, encontrar espaços para procurar a profundidade e acelerar.

    Embora esta seja a proposta portuguesa há, por vezes, uma necessidade algo contranatura de inserir velocidade no jogo e de procurar lançar de forma prematura a bola no espaço à procura de ruturas facilmente controláveis. Controlar esta tendência que, embora não revele a identidade portuguesa coexiste com o futebol mais rendilhado, é importante até porque, contra adversárias mais físicas e capazes na luta pela 1ª e 2ª bola tem gerado problemas.

    Mais controlado parece também o calcanhar de Aquiles português no Europeu do ano passado: as bolas paradas defensivas. Reduzir as dificuldades portuguesas neste momento do jogo às diferenças de estatura é limitado e não compreende os problemas a nível de marcação, posicionamentos, coordenação e atenção. Ainda assim, também aqui os sinais são positivos com uma melhoria clara na resposta nos esquemas táticos defensivos.

    Traçado o perfil de jogo português e identificadas as áreas a melhorar é possível traçar um onze base de Portugal e olhar para os vários nomes que tornaram esta caminhada possível.

    Na baliza Patrícia Morais e Inês Pereira disputam o lugar, embora Patrícia Morais parta em vantagem. Menos forte com os pés, a guardiã do Sporting de Braga apresenta atributos entre os postes e comunicativos que justificam a aposta.

    Diana Gomes e Carole Costa são indiscutíveis no centro da defesa. Diana Gomes é particularmente entusiasmante pela qualidade de passe na saída, pela velocidade a recuperar metros e pela imponência nas coberturas defensivas. Ambas têm atributos nos duelos individuais e são pilares importantes ofensivamente nas bolas paradas. Curiosamente, marcaram os dois golos contra os Camarões.

    Nas laterais se à direita Catarina Amado em condições normais tem o lugar garantido, à esquerda Joana Marchão e Ana Borges trazem perfis diferentes ao jogo português. Joana Marchão joga preferencialmente mais baixa no terreno, atuando praticamente como terceira central e permitindo a Catarina Amado, uma lateral muito ofensiva, adiantar-se em campo. Ana Borges, até pela experiência mais adiantada no terreno, oferece atributos na condução, na chegada de trás para a frente e na agressividade com e sem bola.

    Dolores Silva, Tatiana Pinto e Andreia Norton (ter Fátima Pinto e Andreia Jacinto no banco é um luxo) complementam-se no meio-campo. Dolores Silva é a média do equilíbrio, Tatiana Pinto a da segurança e Andreia Norton a da irreverência. A jogadora do Benfica entusiasma na forma como recebe orientada, procura o lance individual e o drible e tem atributos na meia-distância. É também a jogadora mais forte do meio-campo no aspeto físico com capacidade para ganhar duelos e recuperar bolas alto.

    Andreia Norton pode também atuar no vértice mais adiantado do losango, mas este lugar tem nome: Francisca Nazareth. Kika tem na rua a formação, na bola a melhor amiga e no relvado o palco preferido para brilhar. Veremos se as lesões não atrapalham a jogadora mais promissora de sempre do futebol nacional que, aos 20 anos, é uma das duas maiores fontes de imprevisibilidade e de magia de Portugal. Arrisca no drible, guarda a bola para si e aparece para finalizar.

    À sua frente e com tendência para descair nos corredores jogam Jéssica e Diana Silva. Jéssica Silva é o nome mais mediático da seleção e, a par de Kika, a principal solução individual para ultrapassar defesas. Joga preferencialmente sobre a meia direita e apresenta inúmeras soluções no um para um. Procura divertir-se em campo e adorna os lances. Acaba por divertir também todos os que a veem jogar. Sem os mesmos argumentos técnicos, mas muito forte nas ruturas, no ataque ao espaço e nos duelos aéreos está a homónima no que ao apelido diz respeito. Diana Silva é importantíssima no modelo de jogo de Francisco Neto. No banco e diferenciada no que à questão física diz respeito – pode ser importante em alguns cenários de jogo – está Telma Encarnação, uma avançada com características diferentes. É uma ameaça na área e tem, provavelmente, a veia goleadora mais apurada da equipa.

    O grupo “previsível” deixa Portugal sem pressão. O papel de outsider combinado com um resultado interessante no primeiro jogo (contra os Países Baixos) pode dar frutos. Afinal, já foi várias vezes assumido que Portugal não foi à Oceânia ver as vistas nem fazer de papel de presente.

    O favorito ao primeiro lugar do grupo e à conquista do torneio é o papa-troféus no que ao futebol feminino diz respeito. Os Estados Unidos da América procuram um feito inédito: o terceiro Mundial consecutivo. As norte-americanas são a principal potência no futebol feminino, nunca terminaram a competição fora do pódio e são, novamente, as principais favoritas à conquista do torneio. É uma equipa em transição que combina algumas das melhores jogadoras de sempre – Alex Morgan e Megan Rapinoe – com novos nomes que surgiram nos últimos anos. Sophia Smith e Trinity Rodman são as duas jogadoras mais promissoras da geração e prometem um tridente ofensivo interessante com a veterana Alex Morgan. No 4-3-3 habitual que procura controlar o jogo, as duas promissoras jogadoras vão atuar no corredor e fornecer a referência ofensiva a Alex Morgan. Numa equipa ofensiva, enérgica e que gosta de ter bola, há ainda espaço para destacar Rose Lavelle, maior revelação do Mundial passado com forte impacto na ligação entre o meio-campo e o ataque. No entanto, a potência norte-americana já não é a superpotência de outrora, tanto pela subida de nível das seleções pelo globo, como pelos questionamentos à participação dos EUA no Mundial. Catarina Macario e Mallory Pugh, jogadoras base e sob as quais a equipa foi construída, lesionaram-se e Vladko Andonovski terá de fazer ajustes ao onze norte-americano. Nada suficiente, porém, para abalar a confiança dos EUA que procuram fazer história.

    Vice finalistas em 2019, os Países Baixos vão procurar vingar os Estados Unidos da América. Tarefa difícil uma vez que o nível é muito inferior ao demonstrado há quatro anos e porque Vivianne Miedema está lesionada. É uma das várias jogadoras que, lamentavelmente, não vão poder dar o seu contributo com uma rutura no ligamento cruzado do joelho. Não é um fenómeno novo, mas assola o futebol feminino e carece de estudos para identificar o motivo de tantas jogadoras sofrerem do mesmo fado. Os alarmes soaram depois da pobre prestação neerlandesa no Europeu, mas a chegada de Andries Jonker em setembro recuperou as esperanças da Laranja. É uma equipa flexível entre o 4-3-3 e o 3-5-2 com um nome fundamental neste quesito. Victoria Pelova, média de origem, joga como ala direita e define muito do posicionamento das companheiras em campo. Além da flexibilidade, é uma equipa vertical, que procura chegar rapidamente à baliza e com filosofia de pressão alta. Jil Roord é uma das jogadoras mais entusiasmante do conjunto neerlandês. À imagem do treinador é versátil posicionalmente, sendo uma média que pode jogar mais avançada no terreno ou a partir dos corredores. Tem índices fortes na recuperação de bola e capacidade no passe.

    Por fim e a correr por fora, Portugal defrontará a seleção do Vietname. Faz parte, tal como a turma de Francisco Neto, do leque de oito estreantes no Mundial e apresenta características distintas num grupo com bastante privilégio para a posse de bola. É uma seleção pragmática que procura montar a estratégia tendo em vista a melhor maneira de anular os pontos fortes dos adversários e ameaçar em transição. Mai Duc Chung é o treinador e bombeiro de serviço na Federação tendo experiência também na formação e na equipa masculina e lidera um grupo quase exclusivamente local. Das 23 convocadas, apenas uma joga fora do Vietname e tem um rosto familiar. Huynh Nhu joga no Lank Vilaverdense e é a melhor jogadora do Vietname. Movimenta-se de forma inteligente, não dá um lance como perdido e tem golo. Parte como a seleção mais acessível no grupo e dá ao segundo jogo de Portugal no torneio contornos de decisivo.

    Grupo A

    Embora haja duas seleções favoritas, o grupo A é um dos grupos mais imprevisíveis do torneio, pela ausência de candidatas à vitória. É um grupo interessante porque apresenta seleções que podem surpreender no torneio, desde logo a anfitriã. A Nova Zelândia tem pouca tradição no futebol feminino a nível de clubes, não tendo mesmo uma Liga Doméstica. Ainda assim, parte para a quinta participação consecutiva em Mundiais, a sexta na história, desta vez realizado em casa. O objetivo é claro: vencer uma partida e fazer história. Nos 12 jogos realizados na competição, a Nova Zelândia nunca venceu e espera que o público seja o combustível da mudança. Com as principais referências a ser defesas, é uma seleção com limitações claras no momento ofensivo que se traduzem em poucos golos. Milly Clegg, jovem de 17 anos está convocada e pode ser uma surpresa positiva no rendimento ofensivo.

    Também com aposta clara na estabilidade ofensiva encontra-se a Noruega. Heege Riise modificou o modelo de jogo depois das lacunas apresentadas no Europeu 2022 e a Noruega é hoje uma seleção que, apesar da qualidade do meio-campo para a frente, tem como prioridade não sofrer golos. Está ainda algo vulnerável, mas tem dado passos nesse caminho. Riise procura fazer história e tornar-se a primeira mulher a vencer o Mundial como jogadora e treinadora. Para isso conta com Maren Mjelde, uma jogadora importante na variação tática da Noruega, atuando como terceira central no momento defensivo e subindo para o meio-campo quando as norueguesas têm bola. Como principal motivo de interesse surge o nome de Ada Hegerberg, Bola de Ouro em 2018, e que cinco anos depois está de volta à seleção.

    As Filipinas estreiam-se na competição com forte impacto do futebol australiano no desenvolvimento local do desporto. Tanto o treinador, Alen Stajcic, é australiano como algumas das melhores jogadoras – Angela Beard ou Sarina Bolder, por exemplo – atuam no campeonato australiano. É uma seleção que privilegia uma defesa em bloco baixo, reduzindo o espaço para transições e para ruturas nas costas da linha defensiva. Quando posicionada mais alto em campo, é uma seleção com dificuldades para defender o espaço nas costas.

    Por fim, a Suíça é a grande favorita à passagem e ao primeiro lugar. Tem três jogadoras diferenciadas que elevam o patamar de jogo e que representam as principais ameaças suíças, num modelo pensado para lhes dar protagonismo, mas arriscado. Afinal, confiar em apenas três nomes é um pau de dois bicos que deixa pouco espaço a lesões ou rendimentos individuais abaixo do esperado. A recuperação de Lia Walti, que esteve em risco até há poucas semanas, é um fator positivo, numa Suíça que conta ainda com Ana-Maria Crnogorcevic (extrema de alto nível) e Ramona Bachman (a  melhor helvética na prova) para marcar diferenças. Há capacidade para as enquadrar quer em 4-3-3 quer em 4-4-2.

    Grupo B

    É, a par do grupo de Portugal, o tão temível grupo da morte. Reúne lendas do jogo e algumas das seleções que, não sendo favoritas, são candidatas a surpreender. A primeira é a outra anfitriã da competição, a Austrália. As cangurus são uma das seleções com maior potencial para surpreender e aspirar a um lugar interessante e têm o fator casa como uma das duas alavancas para o sucesso. A segunda é Sam Kerr, nome maior de uma seleção em crescimento. É a goleadora de uma equipa que procura criar muitas chances na partida com uma circulação de bola vertical e com forte aproveitamento de transições rápidas e da bola parada.

    Bestialidade também é o que não falta ao Canadá, que procura vencer mais uma competição depois da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Tem uma base defensiva muito sólida – o duelo com a Austrália promete – e uma mentalidade forte. Vive na transição de gerações e a mítica Christine Sinclair, detentora do recorde de mais golos em Mundiais – 17 – é uma das atrações aos 40 anos. Pode ser a primeira mulher nos 40 a marcar um golo no Mundial. Jessie Fleming, média do Chelsea, é um dos nomes entusiasmantes da geração mais nova.

    As Super Falcons são uma das atrações do Mundial e a maior ameaça ao apuramento de Austrália e Canadá. A Nigéria é uma das seleções que convive com problemas extracampo com salários em atraso, dificuldades na preparação do torneio e com um treinador controverso que tem a última oportunidade para mostrar rendimento. Dentro de campo promete jogos divertidos pelo ataque impulsivo, muitas vezes sem regras nem pausa. Asiat Oshoala, avançada do Barcelona, Rasheedat Ajibade e Esther Okonkwo/Tony Paire são setas apontadas à baliza adversária que, pelas qualidades físicas a nível da explosão e da velocidade, são temíveis em campo aberto.

    Com menos expectativas encontra-se ao República da Irlanda. Faz-se valer pela defesa a cinco com linhas próximas, jogadoras próximas e numa tentativa de levar o jogo para a sua vertente mais física onde se evidencia pela capacidade nos duelos e na disputa pela bola. Ofensivamente está dependente de bolas paradas e da magia de Katie McCabe, média do Arsenal muitas vezes desviada para o corredor esquerdo em nome do equilíbrio. Num Mundial de Histórias, o regresso de Sinedd Farroly à seleção depois de um acidente de carro em 2016 que colocou a sua carreira em risco e da renúncia em 2021 na sequência de abusos sexuais por parte de um treinador, é também fator de expectativa.

    Grupo C

    A Costa Rica destaca-se dentro de campo pelo meio-campo, mas é uma seleção especial fora deste. Amelia Valverde assumiu a melhor geração da história do país em 2015 aos 28 anos e criou um grupo muito forte e coeso. A idade levou a uma ligação próxima da treinadora com as jogadoras que, com métodos potenciadoras do desenvolvimento de relações humanas, da entreajuda e da capacidade de superação, elevou o patamar do grupo. Resta saber se a não convocatória de Shirley Cruz, que pendurou as chuteiras e esperava terminar a carreira no Mundial, abalou um grupo muito unido. Dentro de campo, o destaque está no meio-campo com Raquel Rodríguez a reunir atenções.

    O Japão é uma seleção a analisar 2023 com os olhos postos no presente e no futuro. A seleção reúne vários nomes que venceram a competição nos escalões de formação, quer em sub-17 (2014) como em sub-20 (2018). Apesar da pouca experiência a alto nível de algumas intervenientes, a qualidade não apresenta escassez e já passou a fase de alguma imaturidade. Acomodada num 3-4-3, o Japão destaca-se pelas principais características do futebol asiático: baixo centro de gravidade, velocidade e qualidade na circulação de bola e muita qualidade técnica das intervenientes. Yuri Hasegaewa, média do Manchester City é o expoente criativo da seleção.

    Se Espanha é uma das seleções mais interessantes pelo rendimento em campo, o caminho até ao Mundial ficou marcado pela controvérsia nos bastidores. 15 jogadoras, nas quais se incluíam algumas das estrelas da equipa, afastaram-se da seleção no último ano em choque com a Federação Espanhola de Futebol e, em particular, com os métodos do técnico Jorge Vilda. Muitas regressaram, mas Mapi Léon, por exemplo, está fora do torneio. Entre os regressos, nenhum mais esperado do que Alexia Putellas. A bola de ouro regressou à competição depois de muitos meses de fora pela lesão do costume no futebol feminino, e há curiosidade para perceber o papel na seleção e qual o nível. Em campo é esperada uma seleção em linha com a tradição espanhola, com um futebol rendilhado a partir de um 4-3-3 associativo que privilegia a posse de bola e a formação de triângulos em campo. É uma seleção à imagem de Aitana Bonmatí.

    Corpo estranho num grupo com tanto destaque à qualidade técnica e ao meio-campo está a Zâmbia que, ainda assim, tem potencial para se intrometer na discussão pelo apuramento. A estreante na competição tem uma equipa desequilibrada com uma mistura explosiva que garante entretenimento: uma defesa que, ainda que com sinais de melhoria, é permeável e um ataque muito forte, com Racheal Kundananji, com experiência na 1ª divisão espanhola, como referência ofensiva no ataque ao espaço e com Barbra Banda de regresso. Mais preocupante que as limitações na defesa são as investigações por má conduta sexual a Bruce Mwape, treinador da equipa.

    Grupo D

    A China venceu a Copa Ásia em 2022 e, quase 25 anos depois do vice-campeonato de 1999, regressa ao melhor nível. É uma equipa rígida a nível de sistema, com um 4-4-2 bastante claro e sem grande espaço para invenções. Procura defender-se com qualidade e balançar o jogo para o corredor direito onde convivem as duas principais jogadoras da equipa: Li Mengwen (lateral) e Wang Shuang (extrema que pode também jogar mais centralizada). É uma equipa multifacetada com capacidade para assumir jogo, mas também para entregar a iniciativa e defender-se mais atrás.

    Os últimos tempos trouxeram novidades para a Dinamarca que luta com a China por um apuramento no segundo lugar. A passagem do 3-4-3 para o 4-3-3 teve sucesso e Pernille Harder, melhor jogadora da Dinamarca, regressou com tudo da lesão e foi decisiva para a conquista da FA Cup no Chelsea. É a estrela maior de uma seleção com qualidade no meio-campo. A criação está à responsabilidade da jovem Josefine Hasbo, mas principalmente de Kathrine Kuhl, que combina qualidade física e requinte no passe. As nórdicas deixam mais dúvidas quando têm de bater a pressão desde trás.

    Depois de o futebol ficar em casa, com a conquista do Europeu em 2022, Inglaterra procura levar o futebol de volta a casa. Tarefa mais complicada com as lesões de Leah Williamson, Beth Mead e Fran Kirby, mas longe de impossível. Os empates a zero com Portugal e Canadá na preparação e a derrota (2-0) com a Austrália levantaram dúvidas face à candidatura inglesa ao título, mas a treinadora Sarina Wiegman já provou qualidade quando ajustou a equipa para uma defesa a três no Europeu e melhorou o nível. Mary Earps é a melhor guarda-redes do mundo, Lucy Bronze uma das melhores defesas e Keira Welsh o farol do jogo inglês. Chloe Kelly, autora do golo decisivo há um ano está recuperada e há expectativa para ver qual o papel de Alex Greenwood, defesa central muito forte no passe progressivo, na seleção das três leoas.

    Completamente por fora, o Haiti é mais uma seleção que convive com problemas de estrutura no futebol como em toda a sociedade. Escândalos sexuais deixaram marcas e abalaram a estrutura do futebol feminino durante largos anos, num país que, pela ausência de segurança, pela pobreza, pela ameaça constante de catástrofes naturais e pela debilidade nas infraestruturas, se fez guerreiro para chegar ao Mundial. É estreante na competição e não reserva sobre si grandes expectativas. Habituado a povoar a defesa com cinco jogadoras contra adversários de maior nível, é uma segunda seleção francesa em prova: 15 jogadoras atuam em França. Depende do nível de Melchie Dumornay (ou Corventina, como também é tratada), destaque do Lyon e que, aos 19 anos, é a referência da equipa pela qualidade na condução e pelos golos que garante.

    Grupo F

    O Brasil é liderado por uma sueca, Pia Sundhage, que ao progresso tentou juntar ordem e montou a canarinha num 4-4-2 (tudo normal para uma treinadora sueca). Apesar da postura mais reservada no que diz respeito à vontade de assumir jogo, tem garantindo resultados, como a conquistada Copa América o ano passado. É uma equipa física, mas também técnica que mantém apenas uma das jogadoras que constituíram um dos tridentes mais mediáticos no futebol feminino: Formiga, Cristiane e, pois claro, Marta. Não tendo por hábito relevar o futebol masculino ao falar no jogo delas, Marta pode estar para este Mundial, como Messi esteve para o Mundial do Catar. Também a brasileira Bola de Ouro nunca venceu a competição e, na última chance, concentra em si os holofotes como referência de uma geração rejuvenescida com jogadoras com samba nos pés. Marta vai ser o centro das atenções e dará espaço e liberdade a Kerolin, Geyse, Adriana ou Rafaelle para soltarem o samba dos pés.

    Voltando ao Mundial de 2022, Hervé Renard, técnico da Arábia Saudita é o novo técnico da França, vivendo a primeira experiência no futebol feminino. Nunca um treinador esteve em dois Mundiais num tão curto espaço de tempo. O francês substituiu o controverso Corinne Diacre e trouxe com ele a veterana Eugénie Le Sommer, avançada goleadora, que tentará colmatar as ausências, por lesão, de Delphine Cascarino e de Katoto. Numa seleção com muitos anos de rodagem a alto nível e entre o 4-3-3 habitual e o 4-2-3-1 predileto de Renard, nomes como Peyraud Magnin na baliza e, principalmente, Wendie Renard na defesa dão estabilidade e consistência.

    A Jamaica apresenta o caso mais caricato no que diz respeito ao amadorismo das Federações, com uma estratégia de crowdfunding a financiar a viagem e estadia da equipa na Austrália. Vai dar show por intermédio de ‘Bunny’ Shaw, avançada do Manchester City, e uma das melhores jogadoras do mundo. É velocíssima e muito forte a atacar espaços numa equipa que tem na velocidade e na transição a principal arma. Colocá-la mais vezes dentro da área adversária (em 2019 apenas tocou 21 vezes na bola na grande área) é o desafio. Jody Brown e Drew Spence serão importantes neste objetivo. Defensivamente há ligações familiares entrosadas: as irmãs Swaby são as centrais jamaicanas.

    Companheiro de Portugal como representante que foi ao playoff intercontinental, o Panamá é outro estreante na competição, sendo também uma das equipas mais vulneráveis do Mundial 2023. Imaculada defensivamente nos vários jogos dos playoffs, a solidez levanta dúvidas quando o nível sobe, especialmente depois da derrota por 7-0 contra a Espanha. Nacho Quintana, técnico da seleção, é quase um líder espiritual que se tratou de preparar o caminho para a competição, retirando pressão às jogadoras e colocando o foco na felicidade em chegar tão longe, enquanto procurou preparar-se contra algumas das melhores equipas do mundo. Procurou dar mentalidade à seleção, tarefa que leva há anos a nível político e institucional como um dos principais reivindicadores da igualdade salarial e de direitos entre homens e mulheres.

    Grupo G

    Germán Portanova recuperou a ambição e o futebol da Argentina e foi o obreiro da subida de rendimento da albiceleste. Ambição é mesmo a palavra de ordem para Portanova que procura competir com um futebol positivo, vertical e enérgico e com ajustes estratégicos de alto nível. Ambição que foi incrementada também com a recuperação de Estafania Barini, média do Atlético de Madrid que tinha renunciado à seleção, e que acrescenta argumentos a nível da liderança, da agressividade, da postura e da intensidade sem, mas principalmente com bola, pela qualidade no último passe, pelo entendimento do jogo e pela habilidade a ligar por dentro.

    Itália vive à base das duas melhores equipas na última temporada: a Roma e a Juventus. Depois de uma campanha histórica, as giallorosse levam à seleção alguns dos nomes ofensivos mais entusiasmantes do campeonato e com melhores indicadores em ações ofensivas, como Valentina Giacinti e Annamaria Serturini em posições mais avançadas e Giada Greggi e Manuela Giugliano no meio-campo. A juntar às estrelas da Juventus com Barbara Bonansea e Cristiana Girelli fundamentais na dinâmica ofensiva, há qualidade em abundância para uma boa amostra de futebol. Milena Bertolini vai ter a last dance e quer fazer boa figura depois de um fracasso completo no Europeu. Definir um onze base e dar-lhe continuidade é um passo importante, num ano que pode marcar o fim de uma era, com muitas jogadoras nascidas no início dos anos 90 a chegar ao pico de forma. Muito mais nova é Giulia Dragoni, média do Barcelona que, com apenas 16 anos ganhou uma oportunidade.

    Se muitas seleções africanas se destacam pela velocidade, a África do Sul tem na falta dela uma das principais vulnerabilidades. Noko Matlou, com 37 anos, e Bombanani Mbane, com 33, são as duas centrais sul-africanas e, com a idade, perderam velocidade, tornando a equipa algo exposta em situações de bola descoberta, na defesa de transições e no controlo de profundidade. Mais comum (infelizmente) foram os problemas no estágio da seleção com várias jogadoras a recusarem-se a entrar em campo contra o Botsuana numa partida de preparação, fruto de conflitos internos com a Federação. Uma jogadora de 13 anos chegou a ter de entrar em campo e a equipa perdeu por 5-0. Dentro de campo a África do Sul gosta de ter bola, mas ganhou conforto em jogar sem esta, cenário expectável no grupo. Thembi Kgatlana (melhor jogadora) e Jermaine Seoposenwe são o destino das posses sul-africanas que não se querem estéreis. Além destas, muita atenção à irreverente Linda Mothalo que ousa no drible e paga bilhetes.

    Entre muitas dúvidas está, não só a Suécia, como a sua principal estrela, Fridolina Rolfo, que chega ao Mundial na melhor forma da carreira. Ainda assim a jogadora do Barcelona é cobrada pelo desempenho na seleção, longe do nível demonstrado no clube, e não tem posição definida em campo. Depois de um terceiro lugar no último Mundial e nos Jogos Olímpicos, a Suécia vive numa espécie de crise de identidade, levantando questionamentos legítimos que podem, no entanto, servir como motivação extra. O habitual 4-4-2 dá lugar, ocasionalmente, a assimetrias que se aproximam mais do 4-3-3 ou do 3-4-3 e, entre as dúvidas, Stina Blackstenius dá uma certeza: golos.

    Grupo H

    A sensação alternativa que mais expectativas gera ficou reservada ao último grupo. A Colômbia é uma seleção a acompanhar pelo estilo de futebol positivo e associativo que vai buscar muitas das bases ao tiki-taka. É uma geração jovem, resultado da aposta muito grande do país no desenvolvimento de infraestruturas com vista à formação, de presente e de futuro. Procura criar por dentro para acelerar por fora num jogo com velocidade e intensidade. Defensivamente é uma equipa muito agressiva na recuperação de bola e reserva a si uma história no mínimo curiosa, com a Irlanda a abandonar um jogo de preparação aos 20 minutos, em protesto com a agressividade equatoriana. Aos 18 anos, Linda Caicedo é a jogadora mais entusiasmante da seleção e uma das mais irreverentes no mundo. Se o Equador ultrapassar as precipitações na decisão no último terço, pode surpreender.

    Sem grande encantamento, mas com candidatura à vitória está a Alemanha. Está numa série de maus resultados que, historicamente, costumam anteceder bons desempenhos. É uma equipa com entradas muito fortes em jogo, marcadas pela pressão alta e pela avidez na recuperação da bola. Marina Hegering, referência do setor defensivo, está em dúvida, mas foi convocada e, estando a 100% é jogadora de outro nível. Ofensivamente, Lea Schuller – mais forte em apoio – discute o lugar com a mítica Alexandra Popp, goleadora de alto nível e que, ao contrário do Europeu no ano passado (vice-finalista a Mannschaft ou Womannschaft tendo em conta a especificidade), parte como titular. Vai garantir golos, certamente Obendorf, no miolo, é agressiva sem bola, mas destaca-se pelo perfume que deita cada vez que esta passa nos seus pés.

    A Coreia do Sul é uma seleção, à semelhança do Japão, essencialmente tecnicista, mas com menos argumentos que as nipónicas. Joga em 3-4-2-1, procurando controlar a largura defensivamente, mas com apenas duas jogadoras no meio, tem dificuldades claras a sair. Quando confrontada com jogos em que tem de ter bola costuma reforçar o meio-campo com uma terceira jogadora. Procura defender alto em campo e subir em bloco quando tem posse. Não tem uma equipa diferenciada, mas Ji Son-yun cumpre este papel sozinha sendo fundamental a receber de costas e a rodar, mas principalmente no último terço pela capacidade de passe.

    Por fim a seleção de Marrocos, também estreante na competiçºao mudou o estilo de jogo recentemente. A posse de bola deu lugar a uma abordagem mais segura defensivamente com o 4-3-3 a dar lugar a um 4-4-2 que une as duas linhas. Reynal Pedros tornou a equipa mais competitivo e, dentro de campo, tem nomes que transpiram liderança e espírito de superação. Se atrás conta com as dinâmicas coletivas, ofensivamente é a qualidade individual quem desequilibra com Ghizlaine Chebbak a ditar o ritmo do jogo (é a capitã e estrela da equipa) e Fatima Tagnaout com ações menos certas, mas mais espetaculares ao nível do drible.

    Jogadoras a observar no Mundial Feminino

    Ramona Bachmann (Suíça): A helvética é uma das jogadoras mais desconcertantes do futebol europeu. Recua no terreno para pegar no jogo, joga de cabeça levantada e tem timing no momento do passe. Tem argumentos no drible e marca golos com facilidade. Realizou um Europeu de grande nível e, aos 32 anos, é a melhor jogadora da história da Suíça e a principal esperança para um bom torneio.

    Sam Kerr (Austrália): Chega ao Mundial lesionada, mas a avançada da equipa da casa tem tudo para recuperar e para se assumir como um dos destaques da competição. Em termos de golos é, possivelmente a melhor jogadora do mundo, com uma relação de intimidade profunda com as redes das balizas adversárias. É muito forte nas diagonais de ataque ao espaço e carrega às costas as esperanças de uma nação inspirada a fazer história em frente aos próprios adeptos.

    Aisata Oshoala (Nigéria): A melhor jogadora de sempre do continente africano é um poço de qualidades físicas. Tem estatura para ganhar duelos no corpo a corpo com a defesas adversárias e está sempre ligada à corrente. A velocista avançada nigeriana causa o pânico nas defesas apenas pela presença e pelos argumentos no ataque ao espaço. Longe de ser a mais tecnicista, obriga a atenções redobradas e é praticamente impossível de parar em campo aberto.

    Aitana Bonmatí (Espanha): Numa seleção espanhola altamente capacitada no passe e no entendimento de jogo não há nenhuma jogadora tão forte nestes quesitos como Aitana. Tem, da cabeça aos pés, o ADN do Barcelona e é a principal propulsora da identidade de jogo tão vincada no futebol da Roja. Como cereja no topo do bolo é fonte de golos e de assistências. Com apenas 1,57m de altura é a prova viva que nem o tamanho nem o género importam para saber pensar o futebol.

    Keira Welsh (Inglaterra): Uma verdadeira chave inglesa para o jogo da seleção das três leoas. É a jogadora mais cara de sempre da história do futebol feminino e a chave para a dinâmica de jogo inglesa, gerindo os ritmos de jogo, oferecendo soluções em construção e definindo o caminho das jogadas. Tem no passe a principal arma e nos olhos uma mira diferenciada capaz de iluminar os caminhos mais ocultos.

    Sophia Smith (Estados Unidos da América): Sucede a Alex Morgan e a Megan Rapinoe como o nome maior das norte-americanas. Sophia Smith é, neste momento, a maior das cinquenta estrelas da bandeira do país com melhor histórico do futebol feminino. Aos 22 anos parte de fora para dentro com a bola colada ao pé esquerdo. É uma extrema criada em laboratório com capacidade técnica, agilidade, velocidade, capacidade de condução e, principalmente, muitos recursos técnicos que a tornam imprevisível.

    Kika Nazareth (Portugal): Apesar de ainda não se ter imposto a 100% no onze de Francisco Neto, é a jogadora mais entusiasmante da seleção portuguesa. Aprendeu nas ruas a arte do bom futebol e trocou os pés descalços pelas chuteiras, mas não perdeu o espírito de quem vê em duas pedras uma baliza. Irreverente e ousada goza de liberdade para desequilibrar em terrenos centrais e fá-lo muito bem. Gira sobre si mesma e, de frente para o jogo no último terço, é genial.

    Wendie Renard (França): É o bastião da defesa francesa. Aos 33 anos continua na plenitude de capacidades físicas e técnicas, às quais se junta a liderança dentro de campo. Os confrontos constantes com Corinne Diacre, antigo treinador gaulês, marcaram o seu percurso e chegou mesmo a deixar a seleção, mas com Hervé Renard no comando, Renard regressou. É uma defesa central com boa técnica defensiva, muito forte nos duelos e no controlo aéreo. Por ser muito forte pelo ar é também a sétima melhor marcadora da história da seleção com 34 golos.

    Khadija ‘Bunny’ Shaw (Jamaica): Sejam bem-vindos ao Show de Shaw. As esperanças da Jamaica concentram-se no espetáculo que é a melhor jogadora da história do país. Shaw é uma avançada velocíssima – numa equipa veloz –, muito agressiva a atacar os espaços e com uma veia goleadora notável. É muito forte com ambos os pés, pode jogar quer nos corredores, quer no centro e luta pelo ar também.

    Manuela Giugliano (Itália): É uma das várias jogadoras que se destacou pela Roma que conquistou o Scudetto (com a camisola 10 às costas, fenómeno que não é para todos). Reflete em campo o número que veste com uma grande assertividade no passe complementada com a visão abrangente do jogo. Resta saber se jogará mesmo como média ofensiva ou se partirá de posições mais recuadas. Sem bola, e apesar da pequena estatura, apresenta ótimas qualidades no desarme, na intercetação e no trabalho em prol da equipa.

    Linda Caicedo (Equador): Tem potencial para ganhar uma bola de ouro. Com 18 anos joga há quatro pela seleção e fez parte das boas equipas equatorianas nos mundiais sub-17 e sub-20 em 2022. Já joga pelo Real Madrid e não tremeu perante a subida do nível. Destaca-se pela forma como move o corpo numa dança íntima com a bola e parte para cima das adversárias no drible. É muito rápida, tem capacidade de passe e ainda marca golos. É uma jogadora total que beneficia quando tem liberdade posicional.

    Ji So-yun (Coreia do Sul): Aos 32 anos ainda detém o recorde de mais nova de sempre a vestir a camisola sul-coreana. Estreou-se em 2006 com 15 anos e continua a assumir o cargo de melhor jogadora das asiáticas (além de ser a melhor marcadora). Regressou à Coreia de Sul há um ano para se preparar com as companheiras da melhor maneira para a competição. É decisiva em situações de bola descoberta pela qualidade nos passes de rutura e pela forma como descobre linhas de passe. Concorre também ao prémio de melhor batedora de bolas paradas.

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