«Falta apostar nos clubes e nas jogadoras» – Entrevista BnR com Sofia Jesus

    BnR: Em 2018/2019, assinas pelo SL Benfica, outro “peso pesado” do Futsal português. O que motivou a juntares-te à equipa encarnada?

    SJ: O Benfica é o meu clube de coração e, quando recebi a proposta, pensei logo que podia crescer muito ao ir para lá. Existem muitas jogadoras experientes no Benfica o que me incentivou a mudar de equipa. Senti que era um clube que me podia ajudar a progredir a tornar-me numa melhor jogadora.

    BnR: Durante a época de estreia, ficaste imenso tempo sem jogar devido a uma lesão grave. Custou-te não poder ajudar as tuas colegas durante esse período difícil? E sentes que ter ultrapassado esse duro revés te deu forças para ser uma jogadora mentalmente mais forte?

    SJ: Foi sem dúvida um dos momentos mais difíceis que tive. Fiquei mesmo muito em baixo quando recebi o resultado do exame ao joelho, porque estava selecionada para ir representar Portugal ao Mundial Universitário – a Seleção conquistou a medalha de bronze nessa prova – e porque tinha acabado de mudar de clube. Muita gente me apoiou nessa altura e agradeço a todos, porque eles sabem quem são. Logo após a operação disse para mim “Bora lá, tu consegues!” e desde aí nunca mais parei de trabalhar para recuperar da lesão. Obviamente tornou-me mais forte psicologicamente e a encarar de outra maneira as lesões e o cuidado com o nosso corpo. De realçar que tive um acompanhamento incrível e isso deixou-me muito motivada para recuperar bem e voltar a jogar.

    BnR: És uma das atletas que faz parte do plantel que conquistou o inédito tricampeonato. Qual é a sensação de pertencer a uma equipa que tem vindo a cimentar a sua posição como força dominadora do Futsal feminino? Isso traz maiores responsabilidades a ti e às tuas colegas?

    SJ: É de facto uma grande responsabilidade. Todas queremos e ambicionamos o mesmo. Não perder há tantos jogos ainda torna tudo mais difícil e tão exigente. Queremos ser as melhores e não tomamos nada por garantido. Todas as semanas trabalhamos muito para conseguirmos chegar aos nossos objetivos.

    O SL Benfica conquistou na época passada o inédito tricampeonato
    Fonte: SL Benfica

    BnR: E quais são as expetativas a nível pessoal e coletivo para a época que está em decurso? O objetivo é conquistar novamente todas as competições onde o Benfica está inserido?

    SJ: Pessoalmente, este ano acrescentei bastante trabalho de ginásio e sinto que me tem ajudado imenso. Depois da lesão que tive, comecei a dar muito mais valor a esta parte do treino que chega a ser tão importante quanto a componente de campo. A nível coletivo, o Benfica entra em todas as competições para ganhar. Queremos voltar a conquistar todas as competições em que estamos inseridas, sendo que trabalhamos e vamos fazer por isso.

    BnR: Sei que já foste convocada para a Seleção Distrital de Lisboa. Em que ano ocorreu essa chamada? Foi importante para a tua evolução como atleta?

    SJ: Foi muito importante, porque senti que o meu trabalho foi reconhecido. A primeira vez que fui convocada foi em 2013, e na altura tinha 14 anos ou 15 anos. Devido à chamada à Seleção Distrital, sinto que foi nesse momento que comecei a levar o Futsal mais a sério.

    BnR: E em relação à Seleção Nacional, foste convocada para as sub-21, mas ainda não tiveste a oportunidade de representar a seleção A. Acreditas que isso poderá acontecer num futuro próximo? Se sim, gostarias de representar o nosso país numa prova de elevada importância como um Europeu?

    SJ: Um dos meus sonhos é ser chamada à seleção A, e claro que é sempre um orgulho representar o nosso país. Se lá irei? Não sei, mas obviamente seria um sonho concretizado. Todas as jogadoras ambicionam chegar ao mais alto nível e claramente que isso inclui a seleção nacional.

    BnR: Certamente, já jogaste e partilhaste o balneário com inúmeras jogadoras. Qual foi a que te mais marcou?

    SJ: Várias jogadoras me marcaram. Das que conheço há mais anos foi a Naty, que acompanha o meu percurso desde os Lombos, e é uma jogadora e pessoa incrível. O ano passado tive a oportunidade de conhecer melhor a Inês Fernandes (capitã de equipa do Benfica), que é uma atleta excecional e sinto que há muito a aprender com ela.

    BnR: E em relação a treinadores, qual é a tua escolha e porquê?

    SJ: Todos os treinadores que tive no Futsal de Oeiras (Jorge Boiça, Carlos Boiça, Marco Relvas, Mário Relvas e Ricardo Almeida) que são como uma família para mim. Ainda hoje lá vou bastantes vezes e tenho imenso orgulho em ver o crescimento daquele clube. Desde que estou no feminino, um dos treinadores que sempre me acompanhou e sempre me apoiou foi o Francisco Ribeiro.

    Os treinadores Carlos Boiça (à esquerda) e Jorge Boiça (à direita) foram importantes no percurso da jogadora
    Fonte: Arquivo pessoal da entrevistada

    BnR: Tens alguma história engraçada ou caricata que possas partilhar com os nossos leitores?

    SJ: Das histórias mais engraçadas que me lembro, foi uma vez num jogo nos Lombos, em que fiquei presa num corredor de acesso à casa de banho do balneário e tiveram de adiar a partida por uns minutos até vir alguém para arrombar a porta. Na altura, fiquei um pouco stressada com a situação mas agora que me recordo disso, dá para rir imenso com isso.

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    Guilherme Costa
    Guilherme Costahttp://www.bolanarede.pt
    O Guilherme é licenciado em Gestão. É um amante de qualquer modalidade desportiva, embora seja o futebol que o faz vibrar mais intensamente. Gosta bastante de rir e de fazer rir as pessoas que o rodeiam, daí acompanhar com bastante regularidade tudo o que envolve o humor.                                                                                                                                                 O Guilherme escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.