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SL Benfica 0-1 Sporting CP: 27.221 pessoas sabem que os dérbis são melhores no feminino

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A CRÓNICA: SPORTING TIRA INVENCIBILIDADE AO BENFICA EM FRENTE A ASSISTÊNCIA RECORDE NA CASA DAS RIVAIS

O pai está muito empenhado em explicar a Nina o que são “centrais”. Diz-lhes que são as jogadoras que jogam mais recuadas, mesmo em frente à guarda-redes. Nina não tem mais do que 3 anos e veste a camisola 14 no tamanho mais pequeno que se vende na loja do SL Benfica. Abana os caracóis loiros enquanto dá pequenos passos pela mão da mãe. É por certo a primeira vez que vai a um estádio de futebol.

No caminho para as entradas da Luz, famílias inteiras ensinam aos mais novos a darem o nó nos cachecóis. O futebol feminino é mais saudável, inclusivo e democrático.

Cada sportinguista, e foram muitos entre os benfiquistas, não levou para casa como prémio de jogo um pacote de insultos e os pais que levaram as crianças ao futebol em momento algum tiveram medo que elas fossem atingidas por um isqueiro desmesuradamente atirado para o relvado.

Nesse tapete verde, penteado ao nível dos padrões de Liga dos Campeões, quando a guarda-redes do Sporting, Hannah Seabert, subiu para o aquecimento, recebeu aplausos, até dos benfiquistas. A treinadora dos leões, Mariana Cabral, cumprimentou Pauleta, baixa nas encarnadas que, apoiada em muletas, se preparava para dar uma entrevista ao canal do clube.

O ambiente era de dérbi. Até os rostos das jogadoras do Sporting que não foram convocadas e se sentaram nas bancadas estavam carregados de lamento por não estarem dentro das quatro linhas. A moldura humana era propícia a isso. Afinal, o anterior recorde de 15.032 pessoas num jogo de futebol feminino em Portugal estava em risco de cair. Sinais dos tempos de evolução, mas as bolas desgastadas com que o Sporting aqueceu notavam-se que ainda sofrem com treinos em campos sintéticos. A meio do encontro, foi anunciado que estavam na Luz 27.221 adeptos, número que vai ficar para a história até ser novamente batido.

O Benfica, líder do campeonato, tentava deixar o Sporting, no terceiro lugar, matematicamente fora da luta pelo título. As encarnadas entravam em campo só com vitórias (16) na prova e pretendiam manter esse registo. No entanto, teve que ser a barriga da guarda-redes das águias, Rute Costa, a amortecer uma tentativa perigosa, já bem dentro da área, de Maiara Niehues.

Dez minutos e as encarnadas responderam. Canto na esquerda, Andreia Faria dobra a bola para o centro da área e Jéssica Silva marca, mas beneficiou de uma posição irregular e, por isso, o golo foi anulado.

O lado direito do Sporting era o mais dinâmico, com Ana Borges a colocar-se junto das centrais – Bruna Lourenço e Alicia Correia – para iniciar uma construção a três, Chandra Davidson abria na frente e Maiara, que no processo defensivo vigiava o corredor, ocupava uma posição interior à frente de Andreia Bravo e Joana Martins. Entre estas dinâmicas, Chandra encontrou espaço para rematar e obrigar Rute Costa a uma defesa que deu um belo registo para o Instagram.

Aquilo que fora uma entrada mais impetuosa do Sporting não catapultou as leoas para uma exibição dominadora. O Benfica passou a assumir o controlo, mas sem encontrar rumo para os ataques quando chegava ao último terço do campo. Ao nível da construção, Andreia Norton e Kika Nazareth faziam maravilhas. A mais prejudicada com o bloco baixo do Sporting foi Cloé Lacasse que não teve espaço para saídas em velocidade. 

Quando aparece Jéssica Silva, geralmente, acontecem situações que beneficiam o Benfica. Lance da internacional portuguesa pela direita, cruzamento e Cloé Lacasse cabeceou para Seabert defender em cima da linha. A melhor oportunidade do jogo foi seguida de um golo que efetivamente se concretizou, mas para o Sporting. Maiara rematou cruzado e bateu Rute Costa.

Com a troca de Andreia Faria por Christy Ucheibe, a técnica encarnada, Filipa Patão, perdeu clarividência no meio-campo. Assim, as ações de maior risco das jogadoras da frente não foram acompanhadas por uma rápida capacidade de recuperação de bola como vinha acontecendo até então.

Com o Benfica em desvantagem e em risco de somar a primeira derrota em competições nacionais esta época, voltou a aparecer Cloé Lacasse. Desta vez cara a cara com Seabert, a canadiana rematou contra a guarda-redes a dois minutos dos noventa. As encarnadas continuaram a tentar, mas acabou por ser o Sporting a vencer o rival pela primeira vez esta época ao sexto encontro entre os dois conjuntos sem que o 1-0 tenha qualquer influência na classificação da prova.

A FIGURA

Andreia Norton – A cada demonstração de lhe quererem tirar a bola, lançava uma espécie de feitiço à portadora da intenção.A jogar ao lado de Andreia Faria no meio-campo, deixou invariavelmente as adversárias pelo caminho com dribles ou passes que aclararam os caminhos para o ataque do Benfica.

O FORA DE JOGO

Christy Ucheibe – Na ausência de Pauleta, Andreia Faria foi a escolhida para jogar de início na posição mais recuada do meio-campo. Ao intervalo, Filipa Patão optou por lançar Ucheibe no encontro, fazendo com que a equipa perdesse fluidez na construção devido a alguns erros técnicos e diminuísse a capacidade de reação à perda da bola. Numa posição tão importante nos equilíbrios, a perda capacidade naquela zona do terreno levou o Benfica a ter menos controlo.

BNR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

SL BENFICA

Bola na Rede: Teve um bom duelo com a Ana Borges. Como é que sentiu individualmente neste jogo?

Cloé Lacasse: Não olho para os jogos individualmente, olho para as vitórias e para as derrotas. Claro que queria ter dado mais ao jogo. Queria ter conseguido uma assistência, um golo. Gostava de ter tocado mais na bola. Sabíamos que era um jogo em que teríamos oportunidades nos corredores. É algo que vamos analisar.

Bola na Rede: O Benfica fez trocas no meio-campo ao intervalo e perdeu alguma clarividência na circulação e capacidade de recuperar a bola mais rápido. Essa substituição teve influência no resto do jogo?

Filipa Patão: Foi uma substituição forçada, não foi uma substituição tática, nem por causa da Andreia Faria. A Faria não conseguia continuar no jogo. Acabou por não ser uma decisão técnico-tática, mas uma pela questão da jogadora não conseguir continuar. Sabíamos aquilo que a Christy ia acrescentar. Íamos ter mais físico, mais capacidade no jogo aéreo, de ganharmos a primeira e a segunda bola, mas também podíamos perder um bocadinho mais na relação com bola e na decisão em espaços curtos. Ainda assim, a Christy entrou muito bem. Conseguiu recuperar muitas bolas. É uma jogadora que estava um pouco limitada. São vicissitudes dos jogos. Elas não são super-heroínas. Por vezes, também estão em baixo, também têm que recuperar. Têm que estar no seu melhor, mas nem sempre o conseguem fazer. Faz parte do futebol. Por isso é que é um desporto tão espetacular e tão incerto. Não gosto de olhar para as coisas como se fossem uma desgraça agora. Uma desgraça seria se o Benfica perdesse o campeonato, a Taça de Portugal, a Taça da Liga… isso seria uma desgraça. Mais cedo ou mais tarde íamos perder. O Benfica não ia conseguir ganhar sempre, porque no futebol ninguém ganha sempre.

SPORTING CP

Bola na Rede: A determinado momento, o Sporting teve belos momentos defensivos. Como guarda-redes, como sentiu a equipa nesse aspeto?

Hannah Seabert: A defesa esteve fenomenal. Toda a gente esteve incrível. Demos, literalmente, o nosso corpo, hoje. Fizemos cortes incríveis. Fomos inteligentes na marcação. Tudo. Mostrámos qual é o nosso potencial e do que somos capazes. Há muito talento na nossa linha defensiva. Conseguimos não sofrer golos, o que não é fácil perante 27 mil pessoas no grande estádio do nosso rival. Foi um grande momento em que demonstrámos o talento que temos na nossa equipa.

Bola na Rede: Gostava que nos explicasse um pouco do plano estratégico que trazia para o jogo, nomeadamente, ao nível das trocas posicionais que a Maiara e a Chandra faziam consoante a equipa estivesse a atacar ou a defender. E também queria saber o que motivou a colocação da Diana Silva numa posição mais adiantada no centro do ataque.

Mariana Cabral:  Fizemos um ou outro ajuste que tinha a ver com os espaços que queríamos explorar. O Benfica é uma equipa que pressiona muito alto, que conta muito com a agressividade das suas jogadoras para impedirem que as adversárias cheguem ao seu meio-campo. Fizemos alguns ajustes no lado direito para atacarmos com mais qualidade, especialmente porque sabemos que a marcação do Benfica em três para três atrás, podíamos ter vantagem. Conseguimos tirar essa vantagem. A Maiara ainda é uma jovem, mas esteve muito bem a interpretar aquilo que nós queríamos e a Chandra também (até se ter lesionado).

A troca da Diana Silva com a Capeta teve a ver com o cansaço das jogadoras. A Diana é uma jogadora que gosta de estar mais solta, com a troca pode atacar o espaço.

Francisco Grácio Martins
Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.

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