No futebol, como em muitas outras áreas da vida, a solução mais fácil está mesmo à frente dos nossos olhos, mesmo que não a consigamos ver. Este FC Porto de Paulo Fonseca é talvez um dos exemplos maiores desta teoria. Não é preciso ser um grande entendido em termos táticos para perceber que o Porto mudou o seu sistema de jogo, de um 4-3-3 para um 4-2-3-1. Bom, é certo que a mudança até parece não ser muito significativa, mas na verdade a dinâmica altera-se por completo.
Com o trio de meio campo apenas com Fernando como médio defensivo, e depois Moutinho e Lucho como dois médios interiores, o FC Porto sempre se pautou por uma equipa de tração à frente, de pressão forte, e de uma intensidade que ia correndo de acordo com as exigências do próprio jogo. Saiu Moutinho, o pêndulo do meio campo, mas o que é facto é que não foi só o atual jogador do Mónaco que abandonou o miolo portista: a dinâmica e a agressividade também. Colocando Herrera ou Defour junto a Fernando, o “polvo” perde autonomia; Lucho atua como número 10 que se encosta demasiado a Jackson e que deixa um autêntico buraco nas suas costas. Para uma equipa que saiba jogar em espaço curto e entrelinhas, não há melhor solução para desmontar este Porto. Apesar das falhas individuais que tiraram nas últimas jornadas pontos aos dragões, era no “coração” da equipa que residiam os maiores problemas.
Este sábado, frente ao Sp. Braga, não houve Fernando e Paulo Fonseca juntou Herrera e Defour no duplo pivô defensivo, deixando Lucho entregue à sua própria sorte nas costas de Jackson e dando o meio campo no primeiro tempo à equipa de Jesualdo. Com uma primeira parte desgarrada e triste (como em tantas outras ocasiões), a lesão de Lucho foi a “melhor” coisa que podia ter acontecido ao FC Porto e a Paulo Fonseca. Com Quintero no banco, talvez se pensasse que podia ser a opção para ser lançado logo no início do segundo tempo. No entanto, P. Fonseca deixou-se levar pelas evidências, colocando um verdadeiro “box-to-box” em campo, chamado Carlos Eduardo, e, principalmente, decidindo finalmente inverter o trio do meio campo, voltando à fórmula de anos anteriores, apenas com Defour como médio defensivo.
Quem viu a segunda parte do FC Porto deverá ter duvidado como eu se era a equipa de Paulo Fonseca que estava a jogar no relvado do Dragão. Com arte, inteligência e momentos de verdadeiro bom futebol, os dois golos de Jackson foram só o resultado dos melhores 45 minutos até agora do tricampeão nacional. A solução estava no banco e sobretudo na fórmula mais fácil, que estava à vista de todos, menos de Fonseca.