Balanço final

    Na Taça da Liga, a prova que todos querem mas que ninguém quer, passe o paradoxo: o FC Porto foi eliminado logo na fase de grupos, num grupo onde estavam inseridos, pasme-se, o Moreirense, o Feirense e o Belenenses. Dois pontos e 4.º e último lugar do respetivo grupo foi tudo o que o Porto foi capaz de fazer em dois jogos em casa e um fora. Manifestamente pouco. Embaraçoso, até. No entanto, lá se arranjou maneira de colocar o ónus da culpa nos árbitros.

    Apesar de dois fracassos precoces, o FC Porto começou, em meados de Dezembro, a dar cartas na Liga NOS e encetou uma recuperação quase milagrosa que permitiu um encurtar de distâncias para o rival Benfica de sete pontos para um ponto. Os adeptos estavam felizes e esperançados e esqueciam os fracassos nas provas a eliminar. Foi, de facto, uma recuperação muito meritória, mais à custa da união e da coesão da equipa do que propriamente do bom futebol, mas começava a haver uma maior identificação da massa adepta com aquilo que a equipa ia produzindo dentro das quatro linhas. Contudo, o filme dos últimos três anos voltou a repetir-se. Nos momentos chave, na hora de passar para a frente, a equipa falhou. O clube claudicou. Numa reta final penosa, o FC Porto obteve uma derrota, cinco empates e apenas três vitórias nos derradeiros nove jogos. Exige-se muito mais a um candidato ao título, e a falta de fibra de campeão e de estofo são, para mim, o que de mais preocupante se retira deste Tetracampeonato do SL Benfica. Mais um falhanço. Ainda assim, as armas foram de novo apontadas à arbitragem.

    Tenho, ao longo do artigo, desvalorizado de sobremaneira a arbitragem. Para não correr o risco de ser mal interpretado faço já uma primeira declaração de interesse. Este foi o Campeonato de que tenho memória em que vi o FC Porto ser mais prejudicado por decisões dos juízes das partidas. Isso tem, obviamente, uma enorme relevância nas contas finais e, não existindo o contra factual, nunca saberemos o que sucederia se tal não tivesse ocorrido. O facto de desvalorizar estes acontecimentos advém, então, da ideia que tenho de que, apesar de tudo, o FC Porto teve o título nas mãos e deixou-o escapar por entre os dedos por culpa própria. Não apresentou futebol de campeão durante grande parte do ano e, quando surgiram as oportunidades de se assumir como principal candidato e líder, falhou em toda a linha. E toda a gente no clube é responsável por isto. Jogadores, treinadores e dirigentes. Considero que os adeptos têm parte da culpa do que se passou na receção ao Vitória de Setúbal (pós empate do Benfica na Mata Real), como já aqui havia escrito, mas ilibo-os de qualquer responsabilidade na época do FC Porto porque foram exemplares no apoio à equipa e se uniram em torno do clube como há muito não se via.

    Fonte: FC Porto
    Fonte: FC Porto

    Assim, enormes desafios se colocam a uma SAD que vai esvaziando cada vez mais o capital de confiança junto dos sócios. Uma SAD que, pese embora tudo o que de bom produziu no clube e que o conduziu a anos e anos de glória, tem, num passado mais recente, acumulado sucessivos erros na sua gestão. A escolha de treinadores e jogadores, tal como a gestão financeira, têm sido bastante prejudiciais para o FC Porto e são motivo de enorme preocupação da minha parte.

    A estrutura diretiva do FC Porto é, então, para mim, a principal responsável pelo fracasso do clube, como foi, também, a obreira das páginas mais douradas da sua história. Os resultados financeiros estão no vermelho e o fair-play financeiro da UEFA começa a apertar o clube como nunca antes visto. A escolha de Nuno, como a escolha de Lopetegui há dois anos, é, no mínimo, duvidosa e arriscada. O planeamento tardio da temporada, as contratações e as comissões são outro foco da minha inquietação.

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    Bernardo Lobo Xavier
    Bernardo Lobo Xavierhttp://www.bolanarede.pt
    Fervoroso adepto do futebol que é, desde o berço, a sua grande paixão. Seja no ecrã de um computador a jogar Football Manager, num sintético a jogar com amigos ou, outrora, como praticante federado ou nos fins-de-semana passados no sofá a ver a Sporttv, anda sempre de braço dado com o desporto rei. Adepto e sócio do FC Porto e presença assídua no Estádio do Dragão. Lá fora sofre, desde tenra idade, pelo FC Barcelona. Guarda, ainda, um carinho muito especial pela Académica de Coimbra, clube do seu pai e da sua terra natal. De entre outros gostos destacam-se o fantástico campeonato norte-americano de basquetebol (NBA) e o circuito mundial de ténis, desporto do qual chegou, também, a ser praticante.