Balanço final

    Nuno Espírito Santo surge em segundo na lista de réus. Este não tem culpa, é certo, de ter sido o eleito para o cargo mas, tendo sido, exigia-se mais do que apenas portismo. Construiu um processo defensivo sólido mas fracassou no movimento atacante. Insistiu até demasiado tarde na temporada no vício do jogo direto e protegeu cedo demais nos jogos algumas vantagens mínimas que acabaram em empates. Parece-me um bom condutor de homens mas esteve errático na comunicação para o exterior. Já tive a oportunidade de referir que Nuno é um treinador competente mas não estava, ou não está, ainda, preparado para clubes desta dimensão. A sua ideia de jogo é demasiado rudimentar e receosa e a quantidade de empates, muitos dos quais a zero, que o FC Porto obteve esta temporada é exemplo primordial disso mesmo. Não tem, para mim, condições para continuar a ser treinador do FC Porto. Esta opinião vai muito para além da avaliação da competência, prendendo-se com uma análise do contexto atual do clube, não me parecendo que tenha a confiança e a tolerância dos adeptos, facto que pode ser nefasto ao primeiro mau resultado que venha a obter no princípio da próxima época.

    Como quem joga são os jogadores, a estes também tem de ser assacada alguma responsabilidade. O plantel tinha algumas carências evidentes mas era composto por um conjunto de 16 ou 17 jogadores, número que, dado o desenrolar dos acontecimentos (com eliminações precoces nas provas nacionais e com alguns tropeções do Benfica), deveria ter sido mais do que suficiente para chegar ao tão ambicionado título nacional. Houve, é certo, entrega total de todos os jogadores mas nem sempre a competência e, principalmente, o discernimento estiveram presentes. Portanto, também os jogadores têm de ser responsabilizados pelos insucessos do clube.

    Fonte: FC Porto
    Fonte: FC Porto

    Há muito a fazer. A SAD terá de construir um plantel, no mínimo, igualmente competitivo e terá de o fazer desanuviando as contas. Vender caro e comprar barato será uma obrigatoriedade e a massa salarial terá forçosamente de baixar. Jogadores como Casillas e Maxi deverão ter de procurar outras paragens e é fundamental que grande parte dos mais de 30 emprestados deixem o clube de forma definitiva. Um novo treinador terá de ser escolhido e os adeptos dificilmente aceitarão outra aposta de risco. Regressos de emprestados como Ricardo Pereira ou Rafa poderão ser soluções interessantes mas os desafios que serão impostos aos dirigentes para que seja possível recolocar o FC Porto no trilho das vitórias serão colossais e exigirão o máximo rigor e a máxima competência. A próxima época será, muito provavelmente, o maior desafio da presidência de Jorge Nuno Pinto da Costa, que terá de jogar em dois tabuleiros críticos: o do regresso às vitórias e o da sobrevivência e da sustentabilidade financeira da SAD e do clube. Mãos à obra.

    Foto de Capa: FC Porto

     

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    Bernardo Lobo Xavier
    Bernardo Lobo Xavierhttp://www.bolanarede.pt
    Fervoroso adepto do futebol que é, desde o berço, a sua grande paixão. Seja no ecrã de um computador a jogar Football Manager, num sintético a jogar com amigos ou, outrora, como praticante federado ou nos fins-de-semana passados no sofá a ver a Sporttv, anda sempre de braço dado com o desporto rei. Adepto e sócio do FC Porto e presença assídua no Estádio do Dragão. Lá fora sofre, desde tenra idade, pelo FC Barcelona. Guarda, ainda, um carinho muito especial pela Académica de Coimbra, clube do seu pai e da sua terra natal. De entre outros gostos destacam-se o fantástico campeonato norte-americano de basquetebol (NBA) e o circuito mundial de ténis, desporto do qual chegou, também, a ser praticante.