Domínio Total, Estrela de Campeão… E um Pequeno Gigante

    Sem Fejsa na equipa o SL Benfica apresentou grandes dificuldades ao nível da cobertura. Óliver Torres, Otávio, André Silva e Diogo Jota apareceram frequentemente com espaço entre linhas, semeando o pânico junto da defesa do SL Benfica e causando as principais oportunidades de golo para a formação da cidade Invicta. Fica a sensação de que o jogo poderia ter sido diferente com a participação de Fejsa no mesmo, ficando também claro que este se trata de um elemento aparentemente insubstituível no atual plantel do SL Benfica.

    A lesão de Luisão no início do jogo acabou por não ser benéfica para a equipa do FC Porto na medida em que o seu substituto, Lisandro López, é muito mais competente no controlo da profundidade. Com a presença de Lisandro em jogo a linha defensiva do SL Benfica pôde subir um pouco mais no terreno, já que ambos os defesas centrais tinham velocidade suficiente para perseguir os avançados do FC Porto sempre que a bola lhes era colocada em profundidade. Com Luisão em jogo seriam previsíveis dificuldades adicionais para controlar André Silva e, sobretudo, Diogo Jota, sempre que estes fizessem uso da sua velocidade.

    Rui Vitória esteve bem ao apostar em André Horta para a última meia hora de jogo, na medida em que este permitiu estabilizar o futebol do SL Benfica. É um facto que o clube encarnado nunca se superiorizou ao FC Porto, mas com André Horta em campo foi possível que a equipa crescesse e tornasse o jogo mais equilibrado. Passou a ser evidente um maior critério na circulação e, como tal, uma diminuição do número de perdas de bola.

    Para a história e, acima de tudo, para as contas do campeonato fica um empate no Estádio do Dragão. O FC Porto foi mais competente e teve em Óliver Torres o melhor jogador em campo. O prodígio espanhol tem uma garra e uma determinação tremenda em transição defensiva, quando em posse da bola vê mais do que todos os seus colegas de equipa, e por via de uma capacidade técnica acima da média consegue com um ou dois passes desequilibrar por completo as defesas adversárias. Óliver tem tudo para ser um dos melhores do mundo na posição que ocupa, sendo que para tal precisa apenas de treinadores e contextos competitivos que lhe ofereçam os estímulos necessários para o seu crescimento enquanto futebolista. Para o SL Benfica o embate contra o FC Porto serviu, sobretudo, para reforçar a ideia de que as bolas paradas são uma parte relevante de um encontro de futebol e, como tal, um treino adequado deste tipo de lances pode mesmo valer um empate num jogo em que nada o faria prever.

    Óliver brilhou frente ao SL Benfica Fonte: FC Porto
    Óliver brilhou frente ao SL Benfica
    Fonte: FC Porto

    Nuno Espírito Santo merece nota de destaque pela ousadia com que dispôs a sua equipa em campo e por, desse modo, ter comprovado uma ideia que sempre procurei disseminar: uma equipa não necessita de ter em campo muitos jogadores com características defensivas. Se o processo de transição defensiva for bem trabalhado, uma equipa dita “grande” precisa de jogadores com qualidade técnica para manter a bola em sua posse e ir procurando criar espaços na defesa adversária. O FC Porto foi exemplo disso mesmo; fez lembrar as equipas de Pep Guardiola pela forma destemida como abordou o jogo, e apenas não alcançou a vitória porque ao mérito do canto apontado pelo SL Benfica se juntou a “estrela de campeão” da equipa encarnada.

    Aos adeptos do FC Porto resta agora refletir “a frio” e compreender que, a jogar desta forma, seria altamente improvável que repetindo dez vezes o mesmo jogo o FC Porto não o vencesse na esmagadora maioria delas. Desta feita tal não aconteceu, mas numa equipa mais importante do que o resultado de um jogo isolado é aquilo que esta demonstra em campo, e o FC Porto demonstrou que pode disputar a Liga NOS 2016/17 até à sua reta final: basta para tal que apresente a mesma atitude e as mesmas dinâmicas coletivas com as quais se impôs futebolisticamente ao SL Benfica em pleno Estádio do Dragão.

    Foto de Capa: FC Porto

    Artigo revisto por: Manuela Baptista Coelho

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    Francisco Sampaio
    Francisco Sampaiohttp://www.bolanarede.pt
    Apaixonado por futebol desde a segunda infância, Francisco Sampaio tem no FC Porto, desde esse período, o seu clube do coração. Apesar de, durante os 90 minutos, torcer fervorosamente pelo seu clube, procura manter algum distanciamento na apreciação ao seu desempenho. Autodidata em matérias futebolísticas, tem vindo recentemente a desenvolver um interesse particular pela análise tática do jogo. Na idade adulta descobriu a sua segunda paixão, o ténis, modalidade que pratica de forma amadora desde 2014.                                                                                                                                                 O Francisco escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.