«Infelizmente não partilhei balneário com Sérgio Conceição, mas para quem esteve com o Co Adriaanse…» – Entrevista BnR com Helton Arruda

    «Recordo-me de eu mesmo comemorar com o Alex Sandro ajoelhados, antes de eu correr à frente. A minha preocupação era se levássemos mais tempo, o árbitro poderia cancelar aquela partida ou penalizar-nos»

     

    Bola na Rede: Assim, chamaste a atenção do futebol português e seguiste o teu caminho para a Invicta. Como é que foi todo o processo de passagem do UD Leiria para o FC Porto?

    Helton: Em primeiro lugar, foi com uma tristeza porque eu vim com uma promessa e não cheguei a acordo com o empresário e falei para ele “mais vale eu continuar aqui ou voltar para o Brasil, porque o meu acordo não foi esse. Eu saí de lá para conseguir novos ares, novas oportunidades e ao mesmo tempo dar um conforto à minha família. Mais vale eu voltar e depois arriscar noutro clube”. Depois acabei por ter um telefonema, onde me deram a garantia para eu fazer o meu trabalho e estar tranquilo que em algum momento eu iria para o FC Porto, e assim se sucedeu. Depois foi mesmo a adaptação, conhecer os cantos da casa e fazer por merecer uma oportunidade que eu tive quando eu saí mesmo.

    Bola na Rede: E a verdade é que rapidamente ultrapassaste Vítor Baía na hierarquia dos guarda-redes do FC Porto. Foi mais um sentimento de responsabilidade ou de orgulho?

    Helton: Acho que, em primeiro lugar, temos de nos sentir orgulhosos, e foi o que eu senti. Por ter conquistado a oportunidade. Ninguém nasce titular, eu nasci para trabalhar. Dentro disso, senti-me orgulhoso por conquistar essa oportunidade de trabalhar num dos maiores clubes da europa. Depois com o decorrer do tempo, a ficha vai caindo, e vamos assumindo esse comprometimento e responsabilidade que tem de haver em cada atleta.

    Bola na Rede: Tiveste uma trajetória notável no reino do dragão recheada de títulos. A época em que realizaste mais jogos foi em 2010/2011, onde acumulaste mais de 40 jogos. Lembras-te bem dessa época, sob o comando de André Villas-Boas?

    Helton: Recordo-me muito bem e não tem como não recordar. Existem vários fatores pelos quais eu me recordo muito bem. Um deles que é memorável: o título da Liga Europa, que acontece no dia 18 de maio, onde eu faço anos (risos). Depois, eu como capitão da equipa a representar a nação. Para além disso, a oportunidade que eu não tinha tido em nenhum clube que eu passei, de ter um amigo como treinador. Eu a respeitar um treinador que eu considero como amigo e isso para mim, para além do compromisso como capitão e atleta do clube, eu tinha um compromisso de responsabilidade com o meu amigo. Tudo o que eu pensava e fazia, tinha de analisar as consequências, porque o que eu mais queria é o que eu tenho hoje e já tinha. Manter uma amizade depois do futebol com um treinador que muito me ensinou. Isso para mim foi marcante. Nós tivemos uma empatia que fez com que eu ainda mais pudesse valorizá-lo, e isso para mim não tem preço.

    Bola na Rede: Como é partilhar balneário com Hulk, Falcão, James Rodríguez, Belluschi, Guarín e tantos outros que fizeram história no FC Porto?

    Helton: São grupos. Obviamente não vamos conseguir agradar a todos. Mas posso dizer que 99,9% do grupo hoje são meus amigos.

    Bola na Rede: Também é inevitável não falar do golo do Kelvin em 2012/2013. Foi um momento em que vários adeptos entraram no relvado e é visível o Helton a tentar acalmar os ânimos. São estes momentos que definem o líder de uma equipa?

    Helton: Agradeço por considerar desta forma. Se nós pudermos acalmar, é melhor do que ajudar (risos). Claro que é um momento que não há hipótese. Recordo-me de eu mesmo comemorar com o Alex Sandro ajoelhados, antes de eu correr à frente. A minha preocupação era se levássemos mais tempo, o árbitro poderia cancelar aquela partida ou penalizar-nos. É mesmo um momento que não tem como controlar, vou confessar. E até mesmo para relatares, só vivendo.

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