O eterno “sonho inglês” que pode levar Moussa Marega do Dragão

    Parece que estamos no verão de 2018 quando Marega forçou a saída do FC Porto para ir jogar no palco que muitos futebolistas sonham: a liga inglesa. Na altura, o avançado maliano, que tinha sido uma das principais figuras do campeonato conquistado pelo FC Porto em 2017/2018, foi colocado a treinar à parte da restante equipa e falhou a conquista da Supertaça. A verdade é que, independentemente de o clube ter perdoado esta atitude de Marega e o ter convencido a continuar, não deixou de ser uma situação que ficou na retina dos adeptos portistas como mais um comportamento que deixou um pouco a desejar.

    Nessa altura até já era da opinião que o FC Porto poderia ter vendido o jogador, pese embora as suas características fulcrais para o futebol de Sérgio Conceição e o seu papel na equipa. Os cofres do dragão poderiam receber uma quantia bem positiva de um jogador que nos anos seguintes poderia não ter o mesmo rendimento, para não falar no “sonho inglês” de Marega.

    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    A verdade é que, nas duas épocas seguintes, o possante avançado africano não desiludiu nos seus números e continuou a ser uma peça fulcral no FC Porto. Mas notou-se claramente uma diferença: os adversários começaram a encontrar forma de o travar e mostraram que Marega já não era uma surpresa nem uma revelação. Todos sabiam as suas características e as bolas nas costas passaram a ter uma grande vigilância. Claro está que nunca foi 100% eficaz porque Marega muitas vezes era imparável ou tinha uma função de atrair defesas para libertar outros jogadores que iriam brilhar na hora da decisão. Era um papel ingrato, digamos.

    Basicamente, a primeira época no Dragão foi de deixar todos de queixo caído (até os adversários), mesmo depois daquilo que tinha feito num Vitória SC que tinha um modelo de jogo que também explorava as suas características. A segunda época significou para Marega uma afirmação a nível europeu ao brilhar na Liga dos Campeões. Isso sim é o que verdadeiramente conta para uma possível transferência.

    Nesta última temporada vimos um Marega mais próximo da primeira versão que vimos no Dragão. Não surpreendeu ninguém, mas acabou por ser o melhor marcador do FC Porto. Esta foi uma época em que o avançado portista também se destacou pelas piores razões. A primeira na qual foi vítima de um dos episódios mais tristes da história do futebol português em Guimarães (todos nos recordamos de Marega a abandonar o relvado do Estádio D. Afonso Henriques para calar os que não são dignos de entrar num estádio de futebol).

    A segunda em que mostrou um comportamento de todo inaceitável para um profissional do desporto rei. Marega não gostou do facto de não ser ele a bater uma grande penalidade, o que é perfeitamente compreensível. Mas não é tolerável um amuo ao ponto de praticamente se “recusar” a jogar o resto de um encontro vital para as aspirações portistas. Era percetível que se a bola chegasse a ele, nem se ia fazer ao lance. Esperemos que o pedido de desculpas tenha sido suficiente…

    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Agora sim, chegamos ao tema principal deste artigo. Estamos no verão de 2020, e começaram a aparecer notícias nos principais órgãos de comunicação social portugueses que davam conta de que Marega se recusava a renovar e tencionava jogar na Premier League. O jogador tem contrato até 2021, mas em janeiro do próximo ano já pode assinar com quem quiser sem dar satisfação ao FC Porto. Aqui vemos uma história a repetir-se de duas maneiras: Marega pode estar a voltar a “forçar” uma saída para Inglaterra, e o FC Porto mostra mais uma vez a sua incapacidade em manter jogadores ou vendê-los na hora H. Creio que aqui a hora H já foi ultrapassada há muito tempo.

    Como é possível o FC Porto não ter tentado negociar Marega mais cedo sabendo que muito provavelmente isto ia acontecer? (sim, todos sabemos que era provável dado este incessante e legítimo desejo do seu melhor marcador).

    São visíveis os problemas financeiros do FC Porto e poderia estar aqui uma boa solução para evitar uma venda desesperada de jovens talentos como Fábio Silva, Diogo Leite e Tomás Esteves.

    Eu sei que todos os jogadores são insubstituíveis e Marega ainda é mais para o FC Porto. Mas há mais futebol para além do avançado maliano, e a prova disso foram os jogos bem sucedidos pelos azuis e brancos quando Marega não pode jogar por diversos motivos nestas ultimas três épocas. É preciso saber reinventar e se a proposta de 15 milhões de euros do Newcastle FC se confirmar, nem se deve pensar duas vezes. Neste momento, todos os clubes interessados no número 11 portista podem jogar com este problema que o FC Porto tem em mãos.

    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    O empresário do avançado maliano já levantou um pouco a ponta do véu e admite afinal que Marega pode renovar. Mesmo assim, se os 15 milhões de euros do Newcastle se mantiverem, eu ponderava muito bem essa hipótese. Poderia ser o melhor para ambas as partes.

    É fulcral no futebol de Sérgio Conceição? Sim, é. Foi essencial nos últimos títulos conquistados? Sim, foi. Mas… deixo aqui a questão: É essencial que não saia a custo zero como tantos outros? Para mim, sim é.

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    João Castro
    João Castrohttp://www.bolanarede.pt
    O João estuda jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social. A sua grande paixão é sem dúvida o jornalismo desportivo, sendo que para ele tudo o que seja um bom jogo de futebol é bem-vindo. Pode-se dizer que esta sua paixão surgiu desde que começou a perceber que o mundo do futebol é muito mais que uma bola a passear na relva.