Sem pressão, a eficácia vai florescendo. Com pressão, vai dando frutos | FC Famalicão 0-3 FC Porto

    A eficácia tem sido questão, pela negativa, desde o início da temporada do FC Porto. Uma conferência de imprensa, pré ou pós-jogo dos dragões, em que o tema não é trazido à colação é mais rara do que um comício do BE ou do PCP em que não é proferida a expressão “grandes grupos económicos”. Na visita a Vila Nova, a questão virou o sentido – como de resto também acontece muito com os partidos referidos. Não é, no entanto, de política que se trata. É de futebol e, em particular, de dois fatores-chave para qualquer vitória nesta modalidade: pressão sobre a construção do adversário e eficácia no último terço.

    Com Eustáquio muito subido no momento de pressão alta – altíssima no início da partida – dos dragões, o FC Porto conseguiu condicionar Zaydou, em particular, e toda a saída do FC Famalicão, em geral. A turma de João Pedro Sousa – que admitiu que o plano de jogo era atrair essa mesma pressão portista pelo lado esquerdo dos dragões para explorar por aí a saída com bola – não conseguiu muito mais, no primeiro tempo, do que lançar bolas para a corrida de Jhonder Cádiz, num futebol muito incaracterístico dos famalicenses.

    Na segunda parte, com mais espaço e com o baixar de pressão dos pupilos de Sérgio Conceição – baixar de zona do terreno e de intensidade -, os homens da casa puderam sair de outra forma, com um futebol apoiado um pouco mais próximo do que lhe é apanágio. Aí entrou a questão mais badalada da época do FC Porto: eficácia. Sem criar muito, o clube portuense conseguiu fazer três golos que exacerbaram o resultado.

    O FC Famalicão, que mesmo com mais espaço para construir não criou ocasiões em volume excecional, não chegou ao golo. E eis que – casos à parte – o FC Porto, de costas tão voltadas com a eficácia, vence por 3-0 uma partida bem mais equilibrada do que o placar faz parecer. O futebol é mesmo uma questão de eficácia. Resta saber se a eficácia ainda é uma questão para os lados das Antas.

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    BnR: Na construção e na ligação pareceu-me ter havido hoje pouco Zaydou – pelo menos, não tanto como o habitual – e Sérgio Conceição falava, há pouco, da forma como o FC Porto, sobretudo através de Eustáquio, condicionou o jogo do francês. Além disso, viu amarelo aos 29 minutos, ficando ainda mais condicionado. Ainda assim, apesar de ter feito quatro substituições antes ainda da expulsão de Zaydou, não o retirou de campo. Pensou em tirar o francês de campo?

    João Pedro Sousa: Vou tentar explicar-lhe o que vai na minha cabeça por norma e o que aconteceu durante o jogo. Eu consigo perceber – e eu concordo -, e numa atitude defensiva tinha tirado o Zaydou. Mas se eu quero um jogo competitivo, se eu quero um jogo agressivo… Exatamente como faz o FC Porto e eu admiro a equipa do FC Porto pela forma como o faz, pressionante, agressivo, um jogo de duelos, o futebol é assim, nas melhores ligas é assim. E nós já falámos várias vezes sobre o número de cartões – e atenção que isto não é criticar as arbitragens, estas minhas palavras eu já as disse publicamente: acho um absurdo o número de amarelos e a facilidade com que se puxa do cartão amarelo e do vermelho. E condiciona o jogo. Condiciona o jogador A, o jogador B, a equipa A, a equipa B e principalmente o espetáculo. E as pessoas pagam para ver, por exemplo, o Zaydou jogar e o Zaydou sai com cartão vermelho. Eu raramente tirei um jogador porque tenho medo que ele facilmente vá para a rua com cartão vermelho. O cartão vermelho é um castigo muito pesado.

    Outras declarações:

    “Para mim era grande penalidade, mas fico mais incomodado com a expulsão do Zaydou”.

    “Não foi um jogo de muita qualidade, mas foi um jogo muito competitivo”.

    “Ambas as equipas conseguiram condicionar a primeira fase de construção do adversário”.

    “Aquilo que planeámos para o jogo não correu bem”.

    “Queríamos atrair a pressão do FC Porto no seu corredor esquerdo, mas não nos posicionámos bem”.

    “Tivemos algumas oportunidades, mas não conseguimos marcar”.

    “Depois da expulsão, acusámos muita fadiga física e mental”.

    “Tentamos ser críticos daquilo que fazemos. Percebe-se claramente que há duas ou três coisas que temos de trabalhar”.

    “Só com o tempo é que vamos melhorar alguns aspetos”.

    BnR: Eustáquio, com a chegada de Alan Varela, parece estar cada vez mais delegado a espaços um pouco mais adiantados, sendo quase, por vezes, um médio interior. Isso tem-lhe permitido surgir mais no último terço a atacar, mas permite-lhe também estar mais presente no último terço a defender e hoje foi, diria, um dos elementos mais importantes no momento de pressão do FC Porto sobre a primeira fase de construção do FC Famalicão. Pergunto-lhe se concorda que o foi e se o impacto de Alan Varela na equipa também se faz sentir por aí?

    Sérgio Conceição: É verdade, hoje o Eustáquio foi muitíssimo importante. No último jogo, em Barcelona, tinha sido o Varela nesse primeiro momento de pressão da equipa, hoje foi o Eustáquio. Estrategicamente, foi preparado dessa forma, porque o FC Famalicão nessa zona tinha o Zaydou, que é um jogador que eu acho que liga muito bem o jogo e tem qualidade no passe longo e depois podiam explorar aquilo que eles tê de forte, na minha opinião, que é a largura e a profundidade dadas no corredor esquerdo pelo Francisco Moura. O Puma era praticamente um segundo avançado e se nós não deixássemos jogar com critério tornava mais facilitada a nossa vida naquilo que era a missão defensiva. Foi precisamente isso que se passou, o Zaydou teve muito pouco influência na dinâmica da equipa.

    Outras declarações:

    “Foi uma resposta positiva da equipa, depois de uma jornada europeia onde fomos competentes, mas não conseguimos pontos”.

    “O FC Famalicão foi sempre uma equipa agressiva, sem bola conseguiu sempre condicionar a nossa saída a partir de trás”.

    “O João Mendes faz parte do grupo profissional do FC Porto, tem feito um trabalho muito bom, como outros jogadores, com o Folha”.

    “Cada jogo tem uma história diferente”.

    “Podíamos ter feito mais um ou outro golo”.

    “O importante é de que forma queremos chegar ofensivamente, dependendo também do adversário”.

    “Não me importo de ganhar meio a zero”.

    “Para pressionarmos na frente é preciso ter coragem e que a nossa linha defensiva esteja bem subida”.

    “Nem sempre saíamos como queríamos, mas fomos sempre inteligentes a sair”.

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.